GUIA.HEU
20 Anos
William Jackson Crawford
página acima: Biografias
-
Crianças e Adolescentes
DESAPARECIDOS

(? - 30/7/1920)

____O Professor W. J. Crawford que foi catedrático de Engenharia Mecânica na Queen’s University, em Belfast, conduziu longos e meticulosos estudos sobre o ectoplasma. Ele escreveu três livros clássicos:

  • The Reality of Psychic Phenomena (1916),
  • Experiments in Psychic Science (1919)
  • e The Psychic Strutures in the Galigher Circle (1921).

____Ele descobriu que, durante a materialização, o peso do médium baixava de 73kgs para 30kgs. Noutros casos descritos na literatura da especialidade, descobriu-se que o médium sofria perdas de peso de 7kgs a 18kgs (Meek 1987:69).
____O professor Crawford descobriu que todas as manifestações_físicas dos seus médiums – levitação_de_mesas, movimentação de objectos, etc., eram conseguidos através da construção ectoplásmica de varões, escoras e cachorros. No seu livro Psychic Strutures ele apresenta fotografias do ectoplasma a ser utilizado para levantar mesas. Na sua opinião abalizada de professor de engenharia mecânica:

  • … todos os resultados mecânicos, sem excepção, seguiam a lei da mecânica de uma viga fixada no corpo do médium, de um lado, e projectando-se para o meio da sala de sessões (Butler 1947:78).
http://www.victorzammit.com/book/portuguese/ch1120.htm
(Link desativado)

____O ectoplasma é a mais protéica das substâncias e pode manifestar-se de muitas maneiras e com propriedades variadas. Isso foi demonstrado pelo Doutor W. J. Crawford, Professor de Engenharia Mecânica na Queen’s University, de Belfast. Dirigiu uma importante série de experiências de 1914 a 1920, com a médium Kathleen Goligher. Fêz o seu relato em três livros, que são:

  • “lhe Reality of Psychic Phenomena” (1917), - download (em inglês): A realidade dos fenômenos psíquicos
  • “Experiments in Psychical Science”, em 1919
  • e “lhe Psychic Structures at Lhe Goligher Circle” em 1921.

Do livro "HISTÓRIA DO ESPIRITISMO" de ARTHUR CONAN DOYLE - Capítulo 18

Crawford explica a levitação de objetos pela teoria da alavanca psíquica. O médium, segundo essa teoria, expele de si um pseudópode ectoplasmático, isto é, uma porção de ectoplasma, em forma de barra (pseudópode quer dizer falso pé, falso membro) que, deixando a organização mediúnica, vai colher, com sua extremidade livre, o objeto a ser levitado, soerguendo-o. Uma prova que esta explicação é válida reside no fato de que, durante a levitação de um objeto qualquer, o peso do médium fica aumentado do peso desse objeto. Por exemplo: se o médium pesar 60 quilos e fizer levitar uma cadeira que pese, digamos, seis quilos, enquanto durar a levitação ele estará pesando 66 quilos. Além disso, a alavanca psíquica foi por diversas vezes fotografada. Mas Bozzano, em Pensamento e Vontade (F.E.B.), contesta a explicação de Crawford, lembrando que o ectoplasma, por ser profundamente influenciável pelo pensamento, ainda que inconscientemente formulado, como ocorre nos fenômenos de ideoplastia, talvez estivesse apenas se amoldando ao que Crawford esperava que ocorresse. É assunto para se discutir. Mas, a estar certa a teoria de Crawford, na levitação do corpo do médium este liberaria uma porção de ectoplasma que, apoiando-se no chão, rigidamente, levantaria o médium, fazendo as funções da vara com que os desportistas saltam obstáculos.

http://sites.google.com/site/sylvioouriquefragoso/enigmas

____E entre as coisas que o Sr. Pincher ignora, podemos incluir esta:

  • não é a ciência que gera superstições, mas a incapacidade da ciência é que transforma em superstições muitas coisas reais, que podiam ser explicadas. Essa incapacidade, por sua vez, decorre em grande parte do dogmatismo científico de que o Sr. Pincher é um exemplo. Uma das coisas que mais se apontavam contra a realidade dos fatos espíritas, no século XIX, era o chamado “absurdo” dos fenômenos de levitação. Como se poderia admitir a levitação, se ela contrariava a lei da gravidade:
    • Entretanto, o Professor Crawford, da Universidade de Belfast, catedrático de mecânica, incumbiu-se de investigar os fatos e chegou a descrever a própria mecânica da levitação. Sua teoria da alavanca fluídica, experimentalmente comprovada, figura no “Traité de Metapsichique”, de Richet. Provou Crawford que a levitação não contrariava nenhuma lei científica.

Do livro de J. Herculano Pires – "Os 3 Caminhos de Hécate", página 13

____O Dr. William J. Crawford foi muito discutido. Freqüentemente por pura ignorância da especialidade da Parapsicologia. Realizou, porém, experiências incontestáveis. Com a senhorita Goligher, que no seu desconhecimento se considerava médium, Crawford comprovou a força mecânica da telergia.
____Construíra um aparelho, simples: Um quadro de papelão de 7x8 centímetros, fixo, e afastado de uma prancha por duas delicadas molas de relógio. Qualquer pressão sobre o papelão faria ceder as molas, estabelecendo-se o contato dos dois pólos elétricos, fixos um no papelão e outro na prancha. O contato fecharia o circuito, fazendo soar uma campainha.
____“Eu passava o aparelho aqui e ali diante da ` médium´ com o papelão paralelo a seu corpo e perpendicular a qualquer linha de força que dela emanasse”. Durante sessões em que a Srta. Goligher realizava à distância movimentos de uma mesa (= telecinesía), quando Crawford interpunha o aparelho entre a psíquica e a mesa, a campainha soava e a mesa se imobilizava.

http://www.clap.org.br/artigos/fenomenos/f_telergia5.asp
(Link desativado)

Dr. Crawford, investigador do fenômenos das batidas, conclui que as mesmas são causadas pela projeção, pelo médium, de um longo fio de uma substância diferente de qualquer matéria até então conhecida. Tal substância foi cuidadosamente examinada em 1903 (ver adiante) pelo eminente fisiologista francês Dr._Charles_Richet (1850-1935, Nobel de medicina em 1913), que a chamou de ectoplasma.
____Estes fios são invisíveis aos nossos olhos e parcialmente visíveis na placa fotográfica e conduzem energia de tal maneira, que há perigo quando o médium de efeitos físicos não trabalha pela sua moralização, perigos que são: enfraquecimento da vontade, tentativa de recuperar as energias pôr meio do álcool, tentativa de fraudar quando as forças aumentam e influência prejudicial de espíritos_zombeteiros que cercam os grupos que se reúnem mais pôr curiosidade do que pôr interesse sério.
____Muitas fotos de materializações foram tiradas. Nas mais diversas experiências com ectoplasma ficou comprovado que: quando tocado, ou iluminado por luz inadequada, ele se recolhe rapidamente, com raríssimas exceções. Se agarrado e apertado, o médium gritará. Com o consentimento do médium foi cortada uma pequena porção. Dissolveu-se na caixa em que foi colocado, como se fosse neve, deixando umidade e algumas células que foram examinadas e classificadas como epiteliais da membrana mucosa.
____Em algumas materializações as formas tinham inicialmente duas dimensões. Algumas faces materializadas talvez representem pensamentos do médium. O ectoplasma pode ser branco, preto ou cinza, sendo mais freqüente o primeiro. Tudo indica que o ectoplasma ‚ a parte exteriorizada do próprio médium.
____Um trabalho que assume destaque nesta área é o do prof. J. W. Crawford, catedrático de Mecânica Aplicada da Universidade de Belfast (Irlanda). Suas deduções e reflexões estão relatadas na obra "A Realidade dos Fenômenos Psíquicos". Crawford deixou numerosas fotografias e descrições detalhadas da formação do ectoplasma e das atividades do mesmo para produzir levitações, movimentos a distância e golpes (raps).
http://www.visaoespirita.tv/mural_historia.php
(Link desativado)


INTRODUÇÃO do livro "MECÂNICA PSÍQUICA", 2ª Edição - 1975, de W. J. Crawford
LAKE - Livraria Allan Kardec Editora

____Não é necessário esperar que a ciência psíquica tenha saído do período empírico onde ainda se encontra, para se atribuir a W. J. Crawford um lugar proeminente entre os seus codificadores. É surpreendente notar que num pais, onde há quarenta anos não existe interêsse senão pelas manifestações intelectuais da mediunidade, sejam as manifestações_físicas aquelas que o sábio estudou com predileção exclusiva. Ligava-se êle, assim, diretamente a Crookes, e negava as tradições estabelecidas pela Sociedade de Pequisas Psíquicas, iniciando sua famosa enquête sôbre a telepatia. Dentre as razões que isto determinaram, está em primeiro lugar a independência de espírito dêsse pesquisador, que nao segue escola alguma, que conhece apenas os trabalhos de seus predecessores, (êle cita somente os de Schrenck-Notzing) e que parece avêsso a tôda investigação teórica. Primeiramente, Crawford foi professor de mecânica do Instituto Técnico e da Universidade de Belfast; ensinava êle, não a mecânica racional, que, por suas afinidades com a matemática pura, permite grandes evasões para fora do mundo sensível, mas a mecânica aplicada, isto é, um conjunto de leis práticas, de fórmulas semelhantes e numéricas, necessárias aos engenheiros para medir em suas construções a resistência dos materiais. Não fiquenos surpresos ao encontrar na lista de suas obras, um Tratado Elementar de Estática Gráfica e Cálculos Termodinâmicos sôbre a Entropia e a Temperatura. Crawford é o homem dos cálculos e dos diagramas, que exprinem realidades materiais.
____Finalmente, terceira razão, seu médium, Mlle. Goligher, era um médium_de_fenômenos_físicos. Bem sei que os médiuns são um pouco o que dêles se faz e que nesta misteriosa comunhão do subconsciente, que é a essência da metapsíquica, o médium esposa a personalidade intelectual e afetiva de seu operador. Não há dúvida de que devemos aceitar, até segunda ordem, a diferença entre a mediunidade intelectual e a física; é cômoda e corresponde aos fatos. A descoberta acidental de um médium notável explica, em conclusão, porque Crawford constitui uma singularidade num pais onde todo movimento_à_distância é suspeito e onde tão injustamente são tratadas as pessoas que os produzem.
____Onde estava a metapsíquica objetiva, antes de Crawford? No comêço da segunda metade do século XIX, não existia senão uma teoria científica para explicar o movimento das mesas_giratórias. Grande foi a emoção, quando o Conde Gasparin demonstrou, em 1854, por meio de uma leve camada de farinha, que uma mesa podia mover-se sem o contacto das mãos. Apesar do apoio do professor Thury, de Genebra, negou-se o movimento sem contacto, o qual entrava nas alegações extravagantes e charlatanescas do magnetismo_animal (1). Foram os inglêses que reabilitaram as experiências e as ideias de Gasparin.

____A força psíquica de Crookes, suscetível de ser transmitida aos corpos materiais através da água e do ar, outra coisa não é senão...

  • O fluido de Gasparin
  • e a força ectênica de Thury. Constitui uma das modalidades do ectoplasma, com a qual Richet e Morselli estabeleceram a teoria, após experiências com Eusápia Paladino.

____Depois de Crookes, tentou-se medir essa forca, capaz de agir mecanicamente à distância, de deslocar objetos, de erguer mesas e mantê-las no ar sem apoio visível. Foram então empregados balanças e dinamômetros. Juntaram-se alguns registadores, impelidos por movimentos semelhantes aos dos relógios, de forma a tornar o fenômeno tão objetivo quanto possível. Os sábios italianos haviam já constatado que Eusápia podia, sem tocá-la, tornar mais pesada ou mais leve uma mesa, da qual um dos ângulos estivesse suspenso a uma balanca. Nas experiências realizadas no Instituto Psicológico em Paris, em 1906, Eusápia, completamente atada, conseguiu provocar a levitacão de uma mesa, cujos pés, presos em prismas de madeira, pousavam em contactos elétricos.

  • Viu-se pela primeira vez que, colocando-se o médium sôbre a balança, durante a levitação seu pêso aumenta, mais ou menos tanto quanto o pêso da mesa:
    • resultado importante queCrawford verificou centenas de vêzes e que é o ponto de partida de seus estudos.

____O liame “fluídico” entre o médium e os objetos deslocados era quase sempre invisível; mas, com Eusápia, viam-se mãos mais ou menos nebulosas pegar êsses objetos e transportá-los no espaço. A teoria da telecinesia, isto é, ação à distância, foi pouco a pouco elaborada. Colocada frente a uma meta a alcançar, o médium cria os instrumentos necessários. Com o ectoplasma que êle tem o poder de emitir e que recebe de sua própria substância, modela os membros avulsos, os quais são como um prolongamento dos seus. As impressões de seus membros poderiam ser obtidas com argila. Se sua imaginação não é muito primitiva, muito antropomórfica, ou simplesmente por economia, limita-se a fabricar barras, pinças, fios, em poucas palavras, instrumentos reduzidos à sua forma mecânica essencial. As belas experiências de Ochorowicz e de Sckrenck-Notzing com Stanislawa Tomczyk, confirmam em todos os pontos estas conclusões. Comparando essas experiências àquelas em que o ectoplasma modela figuras, o problema das materializações apresentava-se sob um duplo aspeto complementar: as criações artísticas e as criações utilitárias, as quais são devidas, segundo os espíritos, à intervenção de espíritos desencarnados, ou segundo os animistas, à colaboração mais ou menos inconsciente do médium ou de seu operador. Tal era a situação da ciência no momento em que Crawford começou suas pesquisas. No entanto. não é certo que tenha obtido todos êstes resultados.

* * *

____A contribuição que o sábio inglês trouxe à metapsíquica objetiva, pode levar a três direções principais:

____Como já foi dito, começou por estabelecer que, numa levitação total, o pêso da mesa passa integralmente para o médium (2). Somente uma pequena parte da reação (3%) é sofrida pelos presentes. Omitindo esses 8% que são, aliás, erros de experiência, vê-se que o médium forma um todo com a mesa, como se a sustentasse com as mãos. Por conseguinte, não é necessário ser muito entendido em mecânica para imaginar que, neste caso, o médium está prêso a mesa por um liame rígido, não obstante invisível: é o

cantilever, o “levier encantré” de Crawford. Não seria de admirar que, depois disto, dedicasse tantas sessões a averiguar se havia um ponto de apoio no solo. Neste caso, com efeito, a reação não seria transportada integralmente para a balança; poderíamos mesmo constatar uma dimunuição no pêso do médium. Foi realmente o que aconteceu, mas Crawford ficou muito tempo confuso pelas reações parasíticas que se processavam na balança. Não o sensuremos por sua falta de intuição. Desconfiava das ideias preconcebidas e ficava apegado à experiência. Ora, as condições difíceis em que trabalhava, com luz vermelha, sem ajuda de um assistente, como também fenômenos de caráter tão complexo, não eram propícios a um esclarecimento rápido do problema. A estas dificuldades; acrescentava-se a natureza da própria alavanca, que não é uma substância inerte, mas uma substância viva, capaz de exercer esforços autônomos, fora de qualquer previsão lógica. Devemos portanto admirar a sua paciência, que lhe permitiu encontrar solução.

  • Quando os corpos eram leves, erguia-os o médium com sua alavanca ao comprido;
  • quando eram muito pesados e que o esfôrço o fazia soçobrar, dava-lhe a curvatura necessária para que tivesse um ponto de apoio ao solo.
M=Médium - T=Table (mesa)
Alavanca de ectoplasma para erguer objeto leve. Alavanca de ectoplasma para erguer objeto pesados, com apoio no solo.
[113 - página 150] - W. J. Crawford

____A alavanca encaixada, transformava-se na simples alavanca de Galiteu, aquela que em mecânica se chama atualmente alavanca de primeiro gênero, estando o ponto de apoio entre a força e a resistência. A teoria dos raps, é uma conseqüência da teoria sôbre a alavanca. Desde que os “ operadores” invisíveis, dos quais falaremos mais tarde, criam hastes para erguer a mesa, criam igualmente outro modêlo para produzir ruidos vários, desde o choque do martelo até à fricção da lixa na madeira. A extremidade destas hastes ou estruturas materializa-se mais ou menos para êsse fim. Chegamos assim, naturalmente, à teoria do ectoplasma, rigorosamente calcado em fatos. Essa teoria é mais ou menos semelhante à teoria das “duas diástases". A hipótese sôbre as substâncias_psíquicas_X_e_Y, não têm outra finalidade senão explicar a saida e entrada do ectoplasma num corpo: é uma hipótese de trabalho. Mais contestável é a afirmação de que seja o médium aquele que fornece a matéria e os assistentes a energia. Na ciência moderna não existe diferença de natureza entre matéria e energia e em parte alguma esta verdade aparece tão claramente quanto na metapsíquica. As outras experiências relativas ao pêso do ectoplasma, às impressões deixadas na argila e ao método sobre colorantes, são perfeitamente convincentes. Seria de admirar se um resultado que à priori constituiria uma conjetura de fraude — a trama das meias do médium marcadas na argila — venha a ser, ao contrário, a mais brilhante prova da existência do ectoplasma e de sua origem. Os últimos trabalhos de Crawford coroam sua obra.
____Não somente essa obra não contradiz em nada os resultados já obtidos, como as confirma. Todas as experiências realizadas com Eusápia Paladino, StanislawaTomczyk, Willy S., Eva C., sobre as reações mecânicas, como sobre a procedência e os aspectos do ectoplasma, são confirmadas e aperfeiçoadas, e hoje, podemos dizer que a telecinesia é uma das divisões mais sólidas da ciência psíquica. Deixemos de lado a questâo da “ voz_direta” que o autor estudou a título de curiosidade, com outro médium, sem no entanto garantir a autenticidade dos fenômenos que se passavam em completa obscuridade. êle não responde senão pelas experiências feitas com os Goligher, por estar seguro de sua honestidade e, acima de tudo, do rigor de seus métodos. Seria necessário ler, em sua forma original, esses três livros, para apreciar a probidade e a minúcia desse pesquisador. Ah! Não é místico, o bravo Crawford! é, isto sim, o homem mais positivo, mais matter-of-fact que podemos encontrar nesse país pragmático. Não vai além do testemunho de seus sentidos e, se crê em outro mundo, nada se percebe que ele o possa imaginar edificado em plano diverso do nosso. Assim, quando equilibra uma balança, quando faz a leitura de um termômetro, ou estuda com uma lente as meias do médium, podemos estar seguros daquilo que anotou em seu carnet. Não se satisfaz unicamente com uma experiência, faz duas, três, e só se detém quando se sente seguro de seu resultado. Segue lentamente, pesadamente mesmo, com um desprêzo bem inglês pelo progresso lógico do pensamento, mas com uma tenacidade que, através de vários atalhos, o leva a outras fronteiras. No entanto, longe está de considerar seu médium um mecanismo, e compreende perfeitamente a necessidade da pesquisa psíquica.

  • “Em um laboratório de mecânica, diz êle, empregamos, por exemplo, a força de determinada quantidade de libras a uma determinada parte de determinada máquina e podemos sempre esperar o mesmo resultado. No domínio psíquico, não acontece necessariamente que uma causa fundamental produza sempre o mesmo resultado. Nossos instrumentos, no trabalho científico, obedecem freqüentemente a tudo, menos a nós, e os fatores desconhecidos são predominantes.”

____Para estarmos certos de que não esquecemos esses fatores estranhos, não nos podemos julgar com o direito de descuidar o mínimo detalhe na descrição dos fenômenos, sob pretexto de que esse detalhe seja insignificante. Igualmente Crawford nada nos deixou faltar. Seus livros são a cópia, apenas redigida, de seus carnets de laboratório. Relata tôdas as operações realizadas. Assim, coloca o fonógrafo em cima da mesa (acrescentando que essa mesa foi mais tarde, transferida de lugar). Coloca papel por baixo da mesa para amortecer as vibrações. Introduz o rolo no aparelho. Vira a chave a gás da lanterna, etc. Além dos gestos, grande número de medidas úteis ou inúteis são consignadas. É necessário saber que determinada caixa de pilhas tem 9 cms de comprimento, 9 cms de largura e 20 cms de altura, que determinada vareta de vidro, com a qual tentará a condutibilidade da força_psíquica, tem 35 cms de comprimento e 8 mms de diâmetro. Quem sabe se esses números nos podem ser úteis? Crawford não teme repetir-se. Despreza a elegância da forma, desde que essa forma não prejudique a compreensão da matéria. Enfim, nunca assume um tom categórico e as palavras voltam a cada instante, sob sua pena. Para que os franceses não tenham seus ouvidos molestados, devíamos atenuar o que considerarmos imperfeições, mesmo na linguagem científica. Sem dúvida, nada omitimos de essencial; respeitamos, acima de tudo, esse estilo escrupuloso e esse acento de bonomia realista que é, algumas vezes, bem saboroso.
____Já no primeiro capítulo de sua obra, Crawford aborda claramente a questão de fraude. Enumera as razões de ordem moral e técnica, as quais, após seis anos de trabalho (de 1914 a 1920), o levam a repelir tal hipótese. É necessário meditar, mormente agora, que vem de aparecer um pequeno livro atribuido a Fournier d’Albe, o qual insinua que os membros do círculo Goligher, com exceção do esperimentador, eram uma família de trapaceiros (*). Encarregado pelo executor testamentário de Crawford de prosseguir com as experiências deste último, organizou em Belfast 20 sessões, de 16 de maio a 29 de agosto de 1921. Ao cabo de três meses, interrompeu-as e escreveu a Mlle Goligher que as esperiências “não forneceram nenhuma prova definida em favor da origem psíquica dos inúmeros fenômenos” aos quais havia testemunhado e que “por conseguinte, esses fenômenos não tinham nenhum valor científico”. Em sua exposição, declara ter dado crédito à sua sinceridade durante as seis primeiras sessões. Constatou levitações, raps, transporte_de_objetos, pressão em botões elétricos, etc. Uma bola de tênis e uma rolha foram roubadas de um cesto; um botão de porcelana foi retirado de uma garrafa contendo mercúrio, o que afasta a hipótese de que a garrafa tivesse caído. Durante a sexta sessão, uma fotografia_do_ectoplasma foi tirada por simples contacto e sombra sobre papel-bromo. Essa fotografia provocou suspeitas em Fournier d’álbe por revelar a estrutura de uma musseline. Suas dúvidas se agravaram, quando não conseguiu dos “ operadores” novos clichés, para compará-los àqueles do tecido. Posteriormente, fez outras constatações, as quais lhe pareceram suspeitas; mas o que determinou sua convicção, foi distinguir, ou crêr distinguir, à fraca claridade da lanterna vermelha, o pé do médium erguendo um pequeno tamborete. Teve a impressdo de que, nesse momento, o Sr. Morrison tentava disfarçar o embuste.
____Seria necessário não conhecer a psicologia da suspeita, para não adivinhar que, a partir desse momento, todos os fenômenos lhe pareceram falsos... Seria também necessário ignorar a psicologia da mediunidade para não saber que uma tal suspeita, cada vez mais hostil, agravando-se mais e mais, paralizaria o médium. Foi justamente o que aconteceu, e as sessões foram suspensas. Mlle Goligher declarou não tomar parte mais em sessões antes de um ano por necessitar de repouso. Fournier d´Albe, embora tarde, percebe todos os sinais da fraude: luz escassa junto ao solo, hábito de cantar hinos para dissimular os preparativos culposos, junção das mãos para transmitir mensagens, ordem invariávei dos assistentes para melhor simular a invariabilidade dos fenômenos, auxilio dos “operadores” para se oporem a qualguer pergunta importuna, enfim o fato de que “todos os membros do círculo são operários com mãos hábeis”. Pesando bem todos êsses detalhes, concluimos que seu valor é mínimo e que não podem, de maneira alguma, ser elevados à altura de prova. Fournier d’Albe tenta, sem reflexão, destruir em vinte sessões, tão pouco metódicas quanto possível, um trabalho que custou ao honesto Crawford anos de experiências hábeis e contra—provas severas. o ectoplasma em forma de tecido, sabemos que foi constatado em diversos médiuns, particularmente em Eva, a quem, coisa estranha, Fournier d’Albe não contesta a autenticidade das materializações. Quanto ao movimento dos pés ou mãos, já não sabemos que os médiuns os fazem sempre involuntariamente, quando realizam acões a distância? Crawford havia justamente observado isso.

  • “No circulo Goligher, diz êle, acontecem coisas que podem parecer fraudulentas a um observador superficial; por exemplo, acontece que o corpo do médium, ou partes de seu corpo, executam movimentos espasmódicos quando violentos raps se produzem. São simplesmente reações, mas aquele que procura a fraude, imediatamente as atribui ao embuste. . . A semelhança acidental entre os fenômenos verídicos e os fenômenos simulados é bastante desconcertante para aquêie que a experimenta pela primeira vez. Devido a essa semelhança, obras cheias de promessa no domínio psíquico foram interrompidas”.

____Além da autoridade de Crawford, os testemunhos dos visitantes do circulo Goligher são unânimes em afastar a ideia de fraude.

  • Os ruídos produzidos, dizem êles, excediam aqueles que poderiam ser feitos por todos os assistentes reunidos.
  • Quanto às levitações, algumas atingiam, com uma mesa sobrecarregada, a altura dos ombros de um homem e prolongavam-se por vários minutos, malgrado os esforços feitos para empurrar a mesa para o solo. Teria alguém pernas suficientemente sólidas para realizar, sob o olhar vigilante dos censores, tais esforços? Posteriormente, inventou Crawford uma mesa de dois pés, tendo ao centro um fundo bem fino, que necessitaria ser tocada por longo tempo, para ser mantida em equilíbrio na ponta do dedo do pé.

____O eminente físico e psíquico, Sir William Barret, atesta a autenticidade dos fenômenos. Achando-se a mesa colada ao chão, tentou inutilmente levantá-la, certificando-se também de que nenhuma pressão normal interviria; pouco depois, a mesa levantou-se por si, retomando seu lugar, sem que pés e mãos dos assistentes se houvessem movido. Enfim, Fournier d’Albe nada esclareceu sôbre as distâncias em que tiveram lugar as experiências, apesar dos insistentes convites de Schrenck-Notzing. Não fêz a menor tentativa para verificar as experiências realizadas na balança, onde a fraude é impossível de ser concebida. Portanto, podemos admitir o que diz o grande sábio bávaro:

  • “Se alguma coisa pudesse fortalecer minha convicção em relação às pesquisas do Dr. Crawford, seria o livro do Dr. Fourni d’Albe”.

____As reflexões emitidas no decorrer de suas pesquisas, provam que Crawford nunca deu crédito às opiniões dos médiuns e que, no íntimo, era bastante cético. Não dando crédito senão ao testemunho de suas percepções, tinha certo desprêzo pelos fenômenos intelectuais.

  • “Não me sai do pensamentos dizia êle, que fenômenos tais como a palavra_no_estado_de_ transe, a clarividência, a audição, a escrita_automática_com_prancheta e ouijá, não deva seus resultados, em grande parte, ao médium. Dificilmente compreendemos como o espírito do médium possa erguer uma mesa que está colocada a uma distância de alguns pés e que pesa 50 libras, mas é fácil compreender como seu espírito, em estado de subconsciência, possa ser responsável pelas inépcias declamadas durante o transe, ou nove sôbre dez do que se diz em lucidez”.

____O autor não confiava nas visões das pessoas sensíveis. Ainda que cite um caso curioso, declara irônicamente que...

“esperar de nossa clarividência uma informação qualquer sôbre os processos psíquicos do círculo Goligher, seria o mesmo que se apoiar num bastão quebrado”.

____Quanto às afirmativas daqueles que diziam ter visto os “operadores” erguerem a mesa com as mãos durante suas erperiências, ria-se:

  • “Isso simplificaria muito, disse êle, o problema da levitação!”

____No entanto, êle crê na existência desses operadores_invisíveis. Em uma palavra, é espírita. No prefácio de primeiro volume, (3) declara formalmente estar “pessoalmente convencido de que os operadores invisíveis são os espíritos de sêres humanos que passaram para o Além”. Dois anos mais tarde, repete no segundo volume:

  • “Intimamente, estou plenamente convencido de que os operadores são homens desencarnados. Não me ocupo senão, com métodos pelos quais os fenômenos são produzidos e pouco me interessa que os operadores sejam o que dizem ser ou elementos disfarçados do subconsciente do médium. É -me suficiente saber que são inteligências produzindo fenômenos. No entanto, vi e ouvi bastante no circulo Goligher e em outros círculos, para me convencer de que o homem não morre verdadeiramente na morte física mas que passa a um outro estado de existência...&ldquo

____Portanto, a convicção de Crawford não, é uma crença religiosa, mas uma hipótese científica que considera justificada pela experiência e que em nada afeta o rigor de sua observação. Sente-se que adotaria a hipótese materialista, sem esfôrço. Rejubilando-se com o interêsse crescente do público pelas manifestações psíquicas, Crawford não se irritava em demasia com a atitude dos jornais que acreditavam lutar contra a superstição, combatendo a nova ciência.

  • “A julgar pelos artigos hostis que, vez ou outra, aparecem na imprensa, uma pessoa mal informada poderia concluir que os fenômenos psíquicos e, em geral, as questões psíquicas, são simples embustes e aquêles que delas se ocupam, farçantes ou iludidos. A atitude superior de grande parte da imprensa é muito divertida...” Aos pesquisadores, dizia: “Limitai vossa atenção a um pequeno ramo do assunto, pois é tão vasto, que homem algum pode abraçá-lo integralmente. Não percais tempo em verificar a realidade dos fenômenos. Quando estiverdes convictos de que os fenômenos são autênticos, não tenteis convencer todo mundo: é impossível...”

____Sendo um pesquisador íntegro, repetimos que suas ambições eram somente científicas. Escrevia:

  • “Desejo trabalhar na descoberta das leis psíquicas, a fim de que não mais haja mistério no futuro. Quando deixar de haver mistério, não mais haverá mercadores de mistério”.

____Talvez o bom Crawford estivesse um pouco enganado e a humanidade não faça questão de se ver livre da preocupação do sobrenatural. Todavia, esse entusiasmo ingênuo não poderá desagradar aos homens de ciência que ainda não crêem na metafísica; deve inspirar-lhes confiança na obra do professor de mecânica de Belfast. Entretanto, a calúnia o seguiu além-túmulo. Na verdade, Crawford suicidou-se no dia 30 de julho de 1920, durante um acesso de febre cerebral, devida ao esgotamento profissional e às condições criadas pela guerra. Insinuou-se, então, que foi um ato de desespero causado pela descoberta de fraude nas experiências feitas com o circulo Goliglter e conseqüente desmoronamento de sua obra. Ora, numa carta dirigida a David Gow, diretor da revista Light, quatro dias antes de sua morte, dizia:

  • “Estou muito deprimido mentalmente. E há algumas semanas atrás sentia-me tão bem!... N ão são os trabalhos psíquicos: faço-os com grande prazer... Sou-lhe reconhecido por dizer que esta obra não morrerá. Eu a fiz conscienciosamente demais, para que nela se encontrem lacunas e erros materiais”.

____Essa obra não morrerá. A essa conclusão chegara o leitor de boa fé, quando a tiver lido.

RENÉ SUDRE

Julho de 1922.

______________________
____

(1) - Para detalhes mais amplos sôbre a história dêsse período tão, interessante, deve-se ler o livro: Introdução à Ciência Psíquica, de nossa autoria.
(2)- êste fato foi rigosamente verificado nas recentes experiências de Schrenck-Notzing e Grunewald, com os aparelhes registradores dêste último.
(3) - Malgrado essa declaração, o prefácio é insignificante, assim como a do segundo volume e não julgamos útil reproduzi-lo.

PRIMEIRO CAPÍTULO do livro "MECÂNICA PSÍQUICA", 2ª Edição - 1975, de W. J. Crawford
LAKE - Livraria Allan Kardec Editora

"COMPOSIÇÃO DO CíRCULO"
(Ver: Experiências complementares)

____O círculo que, pela sua cooperação voluntária, me permitiu realizar as experiências aqui consignadas, é composto de sete membros:

  • O Sr. Morrison,
  • Sra. Morrison,
  • Srta. Mlle Katheleen Goligher,
  • Srta. Mlle Lily Goligher,
  • Srta. Mlle Ana Goligher,
  • O Sr. Goligher
  • e o jovem Samuel Goligher, enfim, uma família composta de pai, quatro filhas, um filho e um genro.

____São todos médiuns em diferentes graus e produzem fenômenos tais como:

____A Srta. Kathleen Goligher, a mais môça, é o mais notável entre todos. Nesta jovem, nascida no dia 27 de junho de 1898, a mediunidade é provavelmente hereditária, pois as tradições de famllia registam faculdades psíquicas do lado materno. Essa mediunidade foi descoberta acidentalmente, coisa aliás muito freqüente. Há mais ou menos três anos, os Goligher tentaram obter fenômenos psíquicos e formaram o círculo, da forma habitual. Os raps se fizeram ouvir quase que imediatamente e por eliminação, os dons de Kathleen se revelaram. A religião da família é o espiritualismo (*) e não praticam outro culto. A vida doméstica de seus membros é simples, sua união perfeita; são, sob todos os aspectos, dignos de serem os instrumentos dos extraordinários fenômenos obtidos. A maior parte das sessões dedicadas às minhas experiências, tiveram lugar na água-furtada da casa onde moram os pais da médium. Realizaram-se também, ocasionalmente, em minha casa e em casa de amigos. Não importava onde, os fenômenos se produziam alguns minutos após a formação do círculo.

(*) Nos paises anglo-saxões é assim chamado o espiritismo.

*