- Deus
é eterno, imutável, imaterial, único, onipotente, soberanamente justo e
bom.
- Criou
o Universo, que
abrange todos os seres animados e inanimados, materiais e imateriais.
- Os
seres materiais constituem o mundo visível ou corpóreo, e os seres
imateriais, o mundo invisível ou espiritual,
isto é, dos Espíritos.
- O mundo espiritual é o mundo normal, primitivo, eterno, preexistente e
sobrevivente a tudo.
- O
mundo corporal é secundário; poderia deixar de existir, ou não ter jamais
existido, sem que por isso se alterasse a essência
do mundo espiritual.
- Os
Espíritos revestem temporariamente um invólucro material
perecível, cuja destruição pela morte lhes restitui a liberdade.
- Entre
as diferentes espécies de seres corpóreo, Deus escolheu a espécie humana para a encarnação dos Espíritos que chegaram a
certo grau de desenvolvimento, dando-lhe superioridade
moral e intelectual sobre as outras.
- A alma é um Espírito
encarnado, sendo o corpo apenas o seu envoltório.
- Há
no homem três coisas:
- 1°,
o corpo ou ser material análogo aos animais e animado
pelo mesmo princípio
vital;
- 2°,
a alma ou ser imaterial,
Espírito encarnado no corpo;
- 3°,
o perispírito que é o laço que prende a alma
ao corpo, princípio intermediário entre a matéria e o Espírito.
- Tem
assim o homem duas naturezas:
pelo corpo, participa da natureza dos animais, cujos instintos lhe são comuns; pela alma,
participa da natureza dos Espíritos.
- O
laço ou perispírito,
que prende ao corpo o Espírito, é uma espécie de envoltório semimaterial.
A morte é a
destruição do invólucro_mais_grosseiro. O Espírito conserva o segundo,
que lhe constitui um corpo etéreo, invisível para nós no estado normal,
porém que pode tornar-se visível e mesmo tangível, como sucede no fenômeno das aparições.
- O Espírito não
é, pois, um ser abstrato, indefinido, só possível de conceber-se pelo pensamento. É um ser real, circunscrito, que, em
certos casos, se torna apreciável pelavista, pelo ouvido e
pelo tato.
- Os
Espíritos pertencem a diferentes
classes e não são iguais, nem em poder, nem em
inteligência, nem em saber, nem em moralidade.
- Os
Espíritos não ocupam perpetuamente a mesma categoria. Todos se melhoram passando pelos diferentes graus da hierarquia
espiritual. Esta melhora se efetua por meio da encarnação,
que é imposta a uns como expiação,
a outros como missão. A
vida material é uma prova que lhes cumpre ocorrer repetidamente, até que hajam atingido a absoluta perfeição moral.
- Deixando
o corpo, a alma
volve ao
mundo dos Espíritos, donde saíra, para passar por
nova existência material, após um lapso de tempo mais ou menos longo,
durante o qual permanece em estado de Espírito
errante.
- Tendo
o Espírito que passar por muitas encarnações,
segue-se que todos nós temos tido muitas
existências e que teremos ainda outras, mais ou menos aperfeiçoadas, quer
na Terra, quer em outros mundos.
- A
encarnação
dos Espíritos se dá sempre na espécie humana; seria erro acreditar-se que a alma
ou Espírito possa encarnar no corpo de um animal. (Ver: Metempsicose)
- As diferentes_existências_corpóreas do Espírito são sempre progressivas e nunca regressivas;
mas, a rapidez do seu progresso depende dos esforços que faça para chegar
à perfeição.
- As
qualidades da alma são
as do Espírito que está encarnado em nós; assim, o homem_de_bem é a encarnação de um bom espírito, o homem perverso a
de um Espírito impuro.
- A
alma possuía sua
individualidade antes de encarnar; conserva-a depois de se haver
separado do corpo.
- Na
sua volta ao mundo dos Espíritos, encontra todos aqueles que conhecera
na Terra, e todas as suas existências
anteriores se lhe desenham na memória, com a lembrança
de todo bem e de todo mal que fez. (Ver: Após a morte)
- O
Espírito encarnado acha-se sob a influência da matéria;
o homem que vence esta influência, pela
elevação e depuração de sua alma,
se aproxima dos bons_Espíritos, em cuja
companhia um dia estará. Aquele que se deixa dominar pelas más paixões,
e põe todas as suas alegrias na
satisfação dos apetites grosseiros, se aproxima dos Espíritos impuros,
dando preponderância à sua natureza
animal.
- Os
Espíritos encarnados habitam os diferentes globos do Universo.
- Os
não encarnados ou errantes não ocupam uma região determinada e circunscrita; estão
por toda parte no espaço e ao nosso lado, vendo-nos e acotovelando-nos de
contínuo. É toda uma população
invisível, a mover-se em torno de nós.
- Os
Espíritos exercem_incessante_ação sobre o mundo moral e
físico. Atuam sobre a matéria
e sobre o pensamento e constituem uma das potências da Natureza,
causa eficiente de uma multidão de fenômenos até então inexplicados
ou mal explicados e que não encontram explicação racional senão no Espiritismo.
- As
relações dos Espíritos com os homens são constantes. Os bons Espíritos
nos atraem para o bem, nos sustentam nas provas da vida e nos ajudam a suportá-las com coragem
e resignação. Os maus tentam nos impelir para o mal.
- As comunicações_dos_Espíritos com os homens são ocultas ou ostensivas. As ocultas se verificam pela influência boa ou má
que exercem sobre nós, à nossa revelia. Cabe
ao nosso juízo discernir as boas das más inspirações. As comunicações
ostensivas se dão por meio da escrita, da
palavra ou de outras manifestações
materiais, quase sempre pelos
médiuns que lhes servem de instrumentos.
- Os
Espíritos se manifestam espontaneamente ou mediante evocação.
- Podem
evocar-se todos os Espíritos: os que animaram homens obscuros, como os das personagens mais ilustres, seja qual for a
época em que tenham vivido; os de nossos parentes,
amigos, ou inimigos, e obter-se deles, por comunicações escritas ou
verbais, conselhos, informações sobre a
situação em que se encontram no Além, sobre o que pensam
a nosso respeito, assim como as revelações que lhes sejam permitidas
fazer-nos.
- Os
Espíritos são atraídos na razão da simpatia que lhes inspire a natureza
moral do meio que os evoca. Os Espíritos
superiores se comprazem nas reuniões sérias, onde predominam
o amor do bem e o desejo sincero, por parte dos que as compõem, de se instruírem e melhorarem. A presença deles afasta
os Espíritos inferiores que, inversamente,
encontram livre acesso e podem obrar com toda a liberdade entre pessoas frívolas ou impelidas unicamente pela curiosidade
e onde quer que existam maus instintos. Longe
de se obterem bons conselhos, ou informações úteis, deles só se devem
esperar futilidades, mentiras, gracejos de
mau gosto, ou mistificações, pois que muitas vezes tomam
nomes venerados, a fim de melhor induzirem ao erro.
- Distinguir
os bons dos maus Espíritos é extremamente fácil. Os Espíritos superiores
usam constantemente de linguagem digna, nobre, repassada da mais alta moralidade,
sem qualquer paixão inferior; a mais pura sabedoria lhes transparece dos
conselhos, que objetivam sempre o nosso melhoramento e o bem da Humanidade.
A dos Espíritos inferiores, ao contrário,
é inconseqüente, amiúde trivial e até grosseira. Se, por
vezes, dizem alguma coisa boa e verdadeira, muito mais vezes dizem
falsidades e absurdos, por malícia ou
ignorância. Zombam da credulidade dos homens e se divertem à custa
dos que os interrogam, lisonjeando-lhes a vaidade, alimentando-lhes os
desejos com falazes esperanças. Em resumo,
as comunicações sérias, na mais ampla
acepção do termo, só são dadas nos centros sérios, onde intima
comunhão de pensamentos,
tendo em vista o bem.
- A
moral dos Espíritos superiores se resume, como a do Cristo, nesta máxima evangélica: Fazer aos outros o que quereríamos
que os outros nos fizessem, isto é, fazer o bem
e não o mal. Neste princípio encontra o homem uma regra universal de
proceder, mesmo para as suas menores
ações.
- Ensinam-nos
que o egoísmo, o orgulho, a sensualidade são paixões
que nos aproximam da natureza_animal, prendendo-nos à matéria;
que o homem que, já neste mundo, se desliga
da matéria,
desprezando as futilidades mundanas e amando_o_próximo, se
avizinha da natureza_espiritual; que cada um deve tornar-se útil, de acordo com as faculdades e os meios que Deus lhe pôs nas mãos
para experimentá-lo; que o Forte e o Poderoso
devem amparo e proteção ao Fraco, porquanto transgride a Lei de Deus
aquele que abusa da força e do poder para
oprimir o seu semelhante. Ensinam, finalmente, que, no mundo
dos Espíritos, nada podendo estar oculto, o hipócrita será desmascarado e
patenteadas todas as suas torpezas, que a presença
inevitável, e de todos os instantes, daqueles
para com quem houvermos procedido mal constitui um dos castigos que nos estão reservados; que ao estado de inferioridade e
superioridade dos Espíritos correspondem
penas e gozos desconhecidos na Terra. Mas,
ensinam também não haver faltas irremissíveis, que a expiação não possa apagar. Meio de consegui-lo
encontra o homem nas diferentes_existências que lhe permitem
avançar, conforme os seus desejos e esforços, na senda do progresso,
para a perfeição, que é o seu destino final.
[9a - páginas 23 /27 Introdução VI ]
____No Espiritismo, a questão dos Espíritos é secundária e consecutiva; não constitui o ponto de partida. Este
precisamente o erro em que caem muitos adeptos e que, amiúde, os leva a
insucesso com certas pessoas. Não sendo os Espíritos senão as almas dos homens, o verdadeiro ponto de partida é a existência da alma.
- Ora,
como pode o materialista admitir que, fora do mundo material, vivam seres, estando crente de que, em
si próprio, tudo é matéria?
- Como
pode crer que, exteriormente à sua pessoa, há Espíritos, quando não
acredita ter um dentro de si?
____Será
inútil acumular-lhe diante dos olhos as provas mais palpáveis.
Contestá-las-á todas, porque não admite o princípio.
____Falar-lhe
dos Espíritos, antes que esteja convencido de ter uma alma, é começar por
onde se deve acabar, porquanto não lhe será possível aceitar a conclusão,
sem que admita as premissas. Antes, pois, de tentarmos convencer um incrédulo, mesmo por meio dos fatos, cumpre nos certifiquemos de sua opinião
relativamente à alma, isto é, cumpre verifiquemos se ele crê na existência
da alma, na sua sobrevivência_ao_corpo, na sua individualidade após a morte.
Se a resposta for negativa, falar-lhe dos Espíritos seria perder tempo. Eis aí
a regra. Não dizemos que não comporte exceções. Neste caso, porém, haverá
provavelmente outra causa que o toma menos refratário.
[17b - página 40 item 19] |