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Diálogo entre um visitante e Allan Kardec, numa pequena conferência espírita, em Paris - 1859

____Visitante - São os fatos positivos que os incrédulos querem ver, que eles pedem e, na maioria das vezes, não se pode lhes fornecer. Se todo mundo pudesse testemunhar esses fatos, a dúvida não seria mais permitida. Como ocorre, pois, que tanta gente nada tenha podido ver, malgrado sua boa vontade? Se os contesta dizendo faltar-lhes fé, a isso respondem, com razão, que não podem ter uma fé antecipada, e que se quer que eles creiam é preciso dar-lhes os meios de crerem.

____Allan_Kardec - A razão é bem simples. Eles querem os fatos sob seu comando e os Espíritos não obedecem a ele; é preciso esperar sua boa vontade. Não basta, pois, dizer: mostre-me tal fato e eu crerei; é preciso ter vontade e perseverança, deixar os fatos se produzirem espontaneamente, sem pretender forçá-los ou dirigi-los. Aquele que desejais, talvez seja precisamente o que não obtereis; mas se apresentarão outros, e aquele que quereis virá no momento em que menos esperais. Aos olhos do observador atento e assíduo, os fatos se somam e se corroboram uns aos outros, mas aquele que crê bastar virar uma manivela para mover a máquina, se engana extraordinariamente. Que faz o naturalista que quer estudar os costumes de um animal? Leva-o a fazer tal ou tal coisa para ter todo o tempo de observação à sua vontade? Não, porque sabe bem que não será obedecido; eleespreita apreende quando ocorrem. O simples bom-senso mostra que, por mais forte razão, deve ocorrer o mesmo com os Espíritos, que são inteligências com independência bem diversa da dos animais.

____É um erro crer que a fé seja necessária; mas a boa fé é outra coisa. Ora, há cépticos que negam até a evidência, e que os prodígios não poderiam convencer. Quantos há que, depois de terem visto, não persistemmenos em explicar os fatos à sua maneira, dizendo que isso não provanada! Essas pessoas não servem senão para levar a perturbação às reuniões, sem proveito para elas mesmas; é por isso que as repelimos e não queremos perder tempo com elas. Ocorre mesmo que ficariam bem irritadas de serem forçadas a crer, porque seu amor próprio sofreria em concordar que estavam enganadas. Que responder a essas pessoas que não vêem por toda parte senão a ilusão e o charlatanismo? Nada; é preciso deixá-las tranqüilas e dizer, tanto como querem, que elas nada viram, e mesmo que não se pôde ou não se quis fazê-las ver.

____Ao lado desses cépticos endurecidos, há aqueles que querem ver à sua maneira; que tendo formado uma opinião, querem com ela tudo relacionar: eles não compreendem que os fenômenos não possam obedecer à sua vontade; eles não sabem, ou não querem, se colocar nas condições necessárias. Aquele que quer observar de boa-fé deve - não digo crer sob palavra, mas se despojar de toda ideia preconcebida - não querer comparar coisas incompatíveis. Deve esperar, continuar, observar com uma paciência infatigável; esta condição mesma está a favor dos adeptos, uma vez que ela prova que sua convicção não se formou levianamente. Tendes essa paciência? Não, dizeis, eu não tenho tempo. Então não vos ocupeis com os fenômenos, nem deles faleis; ninguém a isso vos obriga." class="style_Verdana12pxC">[78 - Os incrédulos não podem ver para se convencerem]

____Visitante - Os Espíritos devem ter interesse em fazer prosélitos. Por quenão consentem, mais do que o fazem, nos meios para convencer certaspessoas, cuja opinião seria de uma grande influência?

____Allan Kardec - É que, aparentemente, no momento, eles não têm interesse emconvencer certas pessoas, cuja importância não medem como elasmesmas o fazem. É pouco lisonjeiro, eu convenho, mas nós nãocomandamos suas opiniões, pois os Espíritos têm um modo de julgar ascoisas que não é sempre o nosso. Eles vêem, pensam e agem segundooutros elementos; enquanto nossa visão está circunscrita pela matéria,limitada pelo círculo estreito no meio do qual nos encontramos, elesabarcam o conjunto. O tempo, que nos parece tão longo, para eles é uminstante, assim como a distância, que não é senão um passo; certosdetalhes, que nos parecem de uma importância extrema, para eles sãopueris; em compensação, acham importantes, coisas das quais nãocompreendemos a importância. Para compreendê-los, é preciso seelevar pelo pensamento acima do nosso horizonte material e moral, enos colocar em sua posição; não cabe a eles descerem até nós, mascabe a nós nos elevarmos até eles, e é a isso que nos conduz o estudo ea observação.

____Os Espíritos apreciam os observadores assíduos e conscienciosos, para os quais multiplicam as fontes de luz; o que os afasta não é a dúvidaque nasce da ignorância, mas a fatuidade desses pretensosobservadores que, nada tendo observado, pretendem colocá-los naberlinda e maliá-los como a marionetes; é sobretudo o sentimentode hostilidade e de difamação que carregam consigo e que está em seu pensamento, se não está em suas palavras. Para estes, os Espíritosnada fazem e se inquietam muito pouco com aquilo que eles possamfalar ou pensar, porque sua vez chegará. Por isso eu disse que onecessário não é a fé, mas a boa-fé.

[78 - Boa ou má vontade dos Espíritos para convencerem]

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