____Com exceção do suicídio,
todos os casos de desencarnação são determinados
previamente pelas forças espirituais que orientam a atividade
do homem sobre a Terra.
____Esclarecendo-vos quanto a essa exceção, devemos considerar que, se o
homem é escravo das condições externas da sua vida no orbe,
é livre no mundo íntimo, razão por que, trazendo no seu mapa_de_provas a tentação de desertar da vida_expiatória e retificadora, contrai um débito penoso aquele
que se arruína, desmantelando as próprias energias.
____A educação e a iluminação_do_íntimo constituem o amor ao santuário
de Deus em nossa alma. Quem as realiza em si, na profundeza da liberdade_interior, pode modificar o determinismo das condições materiais
de sua
existência, alçando-a para a luz e para o bem. Os que eliminam, contudo,
as suas energias próprias, atentam contra a luz divina que palpita em si
mesmos. Dai o complexo de suas dividas dolorosas.
____E existem ainda os suicídios lentos e gradativos, provocados pela ambição
ou pela inércia, pelo abuso ou pela inconsideração, tão
perigosos para a vida da alma, quanto os que se observam, de modo
espetacular, entre as lutas do mundo.
____Essa a razão pela qual tantas vezes se batem os instrutores dos
encarnados, pela necessidade permanente de oração e de vigilância, a fim de que os seus amigos não fracassem nas tentações.
[41a - página 91] - EMMANUEL - 1940 |
____Algumas pessoas só escapam de um perigo mortal para cair em outro. Parece que não podem escapar da morte.
De fatalidade,
no verdadeiro sentido da palavra, só o instante da morte o é. Chegado esse momento, de uma forma ou doutra, a ele não podeis
furtar-vos.
____Assim, qualquer
que seja o perigo que nos ameace, se a hora da morte ainda não chegou, não morreremos.
Tens disso milhares de exemplos. Quando, porém, soe a hora da
tua partida, nada poderá impedir que partas. Deus sabe de antemão de que
gênero será a morte do homem e muitas vezes seu Espírito também o sabe, por lhe ter sido isso
revelado, quando escolheu tal ou
qual existência.
[9a - página 391
questão 853] Do
fato de ser infalível a hora da morte, não poder-se-á deduzir que
sejam inúteis as precauções para evitá-la, visto que as precauções que
tomais vos são sugeridas com o fito de evitardes a morte que vos ameaça. São
um dos meios empregados para que ela não se dê.
[9a - página 391 questão 854]
____- Se a hora
da morte não hauver chegado, poderá o homem perecer sob os perigos que o ameacem?
____-
Nos
aspectos externos da vida, e desde que o Espírito_encarnado proceda de conformidade com os ditames da consciência
retilínea e do coração bem-intencionado, sem a imponderação dos
precipitados e sem o egoísmo dos ambiciosos, toda e qualquer defesa do homem
reside em Deus.
[41a - página 96] - EMMANUEL - 1940 Senhor marquês de Saint-Paul
Morto em 1860, evocado a pedido de sua irmã, membro da Sociedade, em 16 de maio de 1861.
- 1. Evocação.
- 2. A senhora vossa irmã pediu-me para vos evocar, embora ela seja médium, mas não está ainda bastante formada para estar bem segura de si mesma.
- R. Tratarei de responder o melhor possível.
- 3. Ela deseja primeiro saber se sois felizes.
- R. Estou errante, e esse estado transitório não nunca traz nem a felicidade, nem o castigo absolutos.
- 4. Demorastes muito tempo para vos reconhecer?
- R. Permaneci muito tempo na perturbação, e dela não saí senão para bendizer a piedade daqueles que não me esqueceram e oraram por mim.
- 5. Podeis apreciar a duração dessa perturbação?
- 6. Quais foram aqueles de vossos parentes que reconhecestes primeiramente?
- R. Reconheci minha mãe e meu pai, que ambos me receberam ao despertar; iniciaram-me na vida nova.
- 7. De onde vem que, no fim de vossa doença, parecíeis conversar com aqueles que havíeis amado sobre a Terra?
- R. Porque tive, antes de morrer, a revelação do mundo que iria habitar.
- Fui vidente antes de morrer,
- e meus olhos foram velados na passagem da separação_definitiva_do_corpo, porque os laços carnais estavam ainda muito vigorosos.
- Nota. Esse fenômeno do desligamento antecipado da alma é muito freqüente; antes de morrer muitas pessoas entrevêem o mundo dos Espíritos; sem dúvida, é para abrandar, pela esperança, os pesares por deixar a vida. Mas o Espírito acrescenta que seus olhos foram velados durante a separação; com efeito, é o que sempre ocorre; nesse momento, o Espírito, perdendo a consciência de si mesmo, jamais é testemunha do último suspiro de seu corpo, e a separação se opera sem que ele disso desconfie. As próprias convulsões da agonia são um efeito puramente físico, do qual o Espírito não sente quase nunca a sensação; dizemos quase, porque pode ocorrer que essas últimas dores lhe sejam infligidas como castigo.
- 8. Como ocorre que as vossas lembranças de infância parecem vos retornar de preferência?
- R. Porque o começo está mais próximo do fim do que não o é do meio da vida.
- 9. Como o entendeis?
- R. Quer dizer que os agonizantes se lembram e vêem, como numa miragem de consolação, os jovens e puros anos.
- Nota. Provavelmente, é por um motivo providencial semelhante que os velhos, à medida que se aproximam do termo da vida, algumas vezes, têm uma lembrança tão precisa dos menores detalhes de seus primeiros anos.
- 10. Por que, falando de vosso corpo, faláveis sempre na terceira pessoa?
- R. Porque eu era vidente, eu vos disse, e sentia nitidamente as diferenças que existem entre o físico e o moral; essas diferenças, ligadas entre si pelo fluido da vida, se tomam muito marcantes aos olhos dos agonizantes clarividentes.
- Nota. Está aí uma particularidade que a morte desse senhor apresentou. Nos últimos, momentos, ele dizia sempre: Ele tem sede, é necessário dar-lhe de beber; ele tem frio, é necessário aquecê-lo; ele sofre em tal lugar, etc. E quando se lhe dizia: Mas sois vós que tendes sede, ele respondia: Não, é ele. Aqui se desenham perfeitamente as duas existências; o eu pensante está no Espírito e não no corpo; o Espírito, já em parte desligado, considera o seu corpo como uma individualidade que não era ele, propriamente falando; era, pois, ao seu corpo que era necessário dar de beber, e não a ele Espírito.
- 11. O que dissestes de vosso estado errante, e a duração de vossa perturbação, levariam a crer que não sois muito feliz, e, entretanto as vossas qualidades deveriam fazer supor o contrário. Há, aliás, Espíritos errantes que são muito felizes, como os há muito infelizes.
- R. Estou num estado transitório; as virtudes_humanas adquirem aqui o seu verdadeiro valor. Sem dúvida, meu estado é mil vezes preferível ao da encarnação terrestre, mas sempre levei em mim as aspirações do verdadeiro bem e do verdadeiro belo, e minha alma não estará satisfeita senão quando voar aos pés de seu criador.
[37 - página 187] -Allan Kardec - Junho/1861
http://www.espirito.org.br/portal/codificacao/re/1861/06d-conversas.html
(Link desativado)
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