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“Revelações transcendentais” referentes às impressões experimentadas, no momento da entrada no mundo espiritual, pelas personalidades dos mortos que se comunicam. Esse grupo de narrações, com efeito, se refere aos episódios iniciais da existência extraterrestre, sobre os quais se exercem plenamente as conseqüências da “ lei_de_afinidade” (lei físico-psíquica, irresistível em seu poder fatal de atração dos semelhantes), pela qual cada Espírito desencarnado é levado necessariamente a gravitar para o estado espiritual que corresponde ao grau de sua evolução psíquica, alcançado em conseqüência da passagem pela existência na carne, o que não pode deixar de determinar diferenças sensíveis nas descrições que nos chegam dos mortos acerca da entrada deles no mundo espiritual. Ver-se-á que alguns desacordos, entre as diversas “Revelações transcendentais”, se dão unicamente nos detalhes secundários, quer sejam pessoais, quer dependam do meio, nunca no que concerne às condições correspondentes, de ordem geral.
Antes da apresentação dos relatos, cumpre-me fazer uma declaração, destinada a prevenir uma pergunta que os meus leitores poderiam formular. Refere-se a esta circunstância: todos os fatos, que citarei, de defuntos que narram sua entrada no meio espiritual são tirados de coleções de “revelações transcendentais” publicadas na Inglaterra e nos Estados Unidos. “Por que? – perguntar-me-ão os leitores – esse exclusivismo puramente anglo-saxônio?” Responderei que por uma só razão, absolutamente peremptória: não há na França, na Alemanha, na Itália, na Espanha, em Portugal, coleções de “revelações transcendentais” sob a forma de tratados, ou de narrativas continuadas, orgânicas, divididas em capítulos, ditadas por uma só personalidade_mediúnica e confirmadas por provas excelentes de identidade dos defuntos que se comunicaram. Nas poucas coleções que hão aparecido em as nações acima citadas – coleções constituídas de curtas mensagens – obtidas pelo sistema dos interrogatórios dirigidos a uma multidão de “Espíritos”, não se encontram episódios concernentes à crise_da_morte , se excetuarmos o conhecido livro de Allan_Kardec "O Céu e o Inferno", em o qual se podem ler três ou quatro episódios desta espécie. Mas, se bem se encontrem neles algumas concordâncias fundamentais com as narrações dos outros Espíritos que se comunicam, esses episódios são de natureza muito vaga e geral, para poderem ser tomados em consideração, numa obra de análise comparada. Em tais condições, é claro que, se os povos anglo-saxônios são os únicos que, até hoje, hão mostrado saber apreciar o grande valor teórico e prático das “revelações transcendentais”, como são os únicos que a isso se consagraram, empregando métodos racionais, não me restava outra coisa senão tomar o material necessário onde o encontrava. E tanto mais razão havia para assim proceder, propondo-me a escrever toda uma série de monografias relativamente às concordâncias e aos desacordos que os processos de análise comparada fazem ressaltar das coleções de “revelações transcendentais”, quanto é certo que não podia deixar de principiar pelo princípio, isto é, pelo que os mortos têm a dizer acerca da crise da morte. Citarei alguns episódios tomados às obras dos primeiros pesquisadores, a fim de fazer ressaltar que, desde o começo do movimento espírita, se obtiveram mensagens mediúnicas em que a existência e o meio_espirituais são descritos em termos idênticos aos das que se obtêm presentemente, se bem a mentalidade dos médiuns fosse então dominada pelas concepções tradicionais referentes ao paraíso e ao inferno e, por conseguinte, pouco preparada para receber mensagens de defuntos, afirmando que omeio espiritualé o meio terrestre espiritualizado.
[106 - páginas 20 / 23] - Gênova, 9 de janeiro de 1862 - 24 de junho de 1943 - Ernesto Bozzano
Relato do Espírito Dimas
Nosso dirigente percebeu-me o propósito e falou, bem humorado: [40 - página 239] |
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