Pessoas
existem que nunca logram bom êxito em coisa alguma, que parecem perseguidas por um mau gênio em todos os seus empreendimentos. Isto pode ser visto como uma fatalidade, se lhe quiseres dar esse nome, mas que
decorre do gênero da existência escolhida. É
que essas pessoas quiseram ser provadas por uma vida de decepções, a fim de
exercitarem a paciência e a resignação. Entretanto, não creias seja
absoluta
essa fatalidade. Resulta muitas vezes do caminho
falso que tais pessoas tomam, em discordância
com suas inteligências e aptidões.
Sempre
confundis duas coisas muito distintas:
A fatalidade, que por algumas vezes há, só existe com relação àqueles sucessos materiais, cuja causa reside fora de vós e que independem da vossa vontade. Quanto aos da vida moral esses emanam sempre do próprio homem que, por conseguinte, tem sempre a liberdade de escolher. No tocante, pois, a esses atos, nunca há fatalidade.
Os acidentes são coisas muito insignificantes que
vos podeis prevenir deles e fazer que os eviteis algumas vezes, dirigindo o
vosso pensamento, pois nos desagradam os sofrimentos materiais. Isso, porém,
nenhuma importância tem na vida que escolhestes. A fatalidade, verdadeiramente, só existe quanto ao momento em que deveis aparecer e desaparecer deste mundo.Haverá fatos que forçosamente devam dar-se e que os Espíritos não possam conjurar, embora o queiram. Mas que tu viste e pressentiste quando, no estado de Espírito, fizeste a tua escolha.Não creias, entretanto, que tudo o que sucede esteja escrito, como costumam dizer. Um acontecimento qualquer pode ser a conseqüência de um ato que praticaste por tua livre vontade, de tal sorte que, se não o houvesses praticado, o acontecimento não seria dado.Imagina que queimas o dedo. Isso nada mais é senão resultado da tua imprudência e efeito da matéria. Só as grandes dores, os fatos importantes e capazes de influir no moral, Deus os prevê, porque são úteis à tua depuração e à tua instrução.
O
homem pode, pela sua vontade e por seus atos, fazer que se não dêem
acontecimentos
que deveriam verificar-se e reciprocamente. Se essa aparente mudança na ordem dos fatos tiver cabimento na seqüência
da
vida que ele escolheu. Acresce que, para fazer o bem, como lhe cumpre, pois que
isso constitui
o objetivo único da vida, facultado lhe é impedir o mal, sobretudo aquele que
possa
concorrer para a produção de um mal maior.
O
fato de ser a vida posta em perigo constitui um aviso que tu mesmo desejaste, a
fim de te desviares do mal e te tornares melhor. Se escapas desse perigo, quando
ainda sob a impressão do risco que correste, de te melhorares, conforme seja
mais ou menos forte sobre ti a influência dos Espíritos bons. Sobrevindo o mau Espírito (digo mau,
subentendendo o mal que ainda existe nele), entras a pensar que do mesmo modo
escaparás a outros perigos e deixas que de novo tuas paixões se desencadeiem. Por meio dos perigos que correis, Deus vos lembra a vossa
fraqueza e a fragilidade da vossa existência. Se examinardes a causa e a
natureza do perigo, verificareis que, quase sempre, suas conseqüências teriam
sido a punição de uma falta cometida ou da negligência no cumprimento de um
dever. Deus, por essa forma, exorta o Espírito a cair em si e a se emendar.
O Espírito sabe que o gênero de vida que escolheu o expõe mais a morrer desta do que daquela maneira. Sabe igualmente quais a lutas que terá de sustentar para evitá-lo e que, se Deus o permitir, não sucumbirá.
Muito
amiúde tem o homem o pressentimento do seu fim, como pode ter o de que ainda
não morrerá. Esse pressentimento
lhe vem dos Espíritos seus protetores, que assim o advertem para que esteja
pronto a partir, ou lhe fortalecem a coragem nos momentos em que mais dela
necessita. Pode vir-lhe também da intuição que tem da existência que escolheu, ou da missão que aceitou e que sabe ter que cumprir.
Os que pressentem a morte a temem geralmente menos do que os outros. Quem teme a morte é o homem, não o Espírito. Aquele que a pressente pensa mais como Espírito do que como homem. Compreende ser ela a sua libertação e espera-a. |
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