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Levitação - Análise dos resultados
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Continuação das experiências: Propriedades físicas das estruturas

CAPÍTULO XVII, do livro "MECÂNICA PSÍQUICA", 2ª Edição - 1975, de W. J. Crawford
LAKE - Livraria Allan Kardec Editora

____As experiências_que_acabo_de_descrever completam minhas pesquisas sobre a parte_mecânica_dos_fenômenos produzidos no círculo_Goligher. Sobre elas baseio minha crença, com exceção das vagas teorias que até agora têm tentado explicar as levitações sem contato, os movimentos dos corpos sobre o assoalho, os raps, os choques, e assim por diante. Espero chegar a demonstrar que esses fenômenos são casos especiais de uma categoria mais geral, esses que se produzem por contato, quando, por exemplo, as mãos dos assistentes estão sobre a mesa e provocam toda sorte de movimentos violentos, não atribuidos à pressão muscular.
____Primeiramente consideremos os fenômenos_da_levitação. Os resultados de minhas experiências comprovaram a teoria segundo a qual um raio rígido ou alavanca sai do corpo do médium. Demonstrei que enquanto o corpo suspenso não pesava mais de 4 a 5 quilos, o momento da força era insuficiente para sacudir o médium sobre sua cadeira (exp. 1 e 2). Tenho portanto o direito de dizer, provisoriamente, que:

  • 1º — A teoria da alavanca é correta por um método de levitação.
    Mas o fato de que a mesa pode suportar uma forte pressão sem voltar ao solo indica ser empregado outro método. Em lugar de uma alavanca encaixada, os operadores constroem uma alavanca comum que transporta a parte mais forte da reação mecânica sobre o solo, protegendo o médium. A interessante experiência nº 2 parece mostrar os dois processos postos em prática consecutivamente. Por conseguinte:


    Fig. 8 — As duas formas de alavanca.

    • 2º — Quando os corpos suspensos são de um peso consideravel, o mecanismo empregado é uma alavanca comum.
      A alavanca encaixada, sendo de mecanismo mais simples, mais facilmente construída, mais econômica, é empregada o mais freqüentemente possível. Devemos lembrar que a energia_psíquica utilizavel é estritamente limitada e que, por conseguinte, quanto mais gasta um fenômeno, menos fenômenos existem.
    • 3º — A alavanca encaixada é empregada para os corpos leves ou para pequenas forças, a alavanca comum para os corpos pesados ou para grandes forças.

      • Na levitação dos corpos pesados, uma experiência incompleta da primeira série parecia demonstrar que o peso do médium aumentava.
      • Mas um certo número de experiências, conduzidas com o máximo cuidado, demonstraram que ao contrário, o peso do médium diminui. Essa diminuição é igual à reação sobre o solo menos o peso da mesa suspensa (exp. 6, 7 e 8).
        Quando a mesa está em pé ou deitada e que a pedido torna-se mais pesada, as exp._10,_11_e_12 demonstram claramente que o peso do médium é diminuído, e que essa redução é sensivelmente igual ao aumento temporário de peso da mesa.
        Muitos correspondentes perguntaram-me: Porque o médium e a cadeira sobre a qual está sentado não são arrastados sobre o assoalho ou derrubados, quando impelimos a mesa, horizontalmente, em sua direção? As exp. 13, 14 e 15 são a resposta:
        • 4º — Um simples braço de alavanca liga a mesa ao médium, sem tocar o solo, quando a pressão aplicada à mesa é leve.
        • 5º — Uma alavanca liga a mesa ao assoalho e daí ao corpo do médium quando a pressão aplicada é suficiente para arrastar o médium e sua cadeira sobre o assoalho.

____Existe um ponto importante nesse mecanismo que devo salientar. Se o braço da alavanca que liga a mesa ao solo é suficientemente curto e se sua apreensão é suficientemente forte, toda a reação estende-se mais ou menos totalmente sobre o solo. Por conseguinte, o outro braço da alavanca não necessita ser tão forte. Na realidade, poderia não existir. É o caso de uma espécie de fenômenos mais adiantados que aqueles produzidos no círculo_Goligher. Se as pressões mecânicas e as reações podem ser desprendidas do médium e transmitidas ao solo conservando uma simples conexão com o médium, está claro que a estrutura psíquica pode ser construída a uma distância considerável deste último. Mas nos fenômenos produzidos com Mlle Goligher, o interesse principal reside na força desenvolvida. As estruturas devem ser muito fortes e rígidas e exigir muita energia_psíquica por unidade de comprimento, se assim devo dizer. É necessário que sejam continuamente alimentadas em profusão, o que as obriga a permanecer bastante próximas ao médium.
____Para que os fenômenos sejam produzidos longe do médium, as duas seguintes condições são necessárias:

    • 1º o médium não deve suportar nenhuma reação mecânica
    • 2º as forças em jogo devem ser relativamente fracas.

____Parece que, às vezes, fenômenos pondo em jogo grandes forças, têm lugar a uma grande distância do médium, mas nesse caso, creio que sempre acharemos que duram pouco e se produzem a longos intervalos; enquanto que no círculo Goligher os fenômenos muito poderosos são freqüentemente de longa duração.
____O leitor pode agora compreender a diferença essencial entre os fenômenos_de_materialização e aqueles que estudei.

    • Na materializações, a estrutura psíquica é concentrada no espaço, apoia-se no solo (o peso do corpo materializado), e um longo cordão não rígido liga-a ao médium.
    • Nas levitações, ao contrário, a estrutura ocupa um espaço relativamente grande e a reação estende-se ao médium. Entretanto, em casos especiais, estende-se sobre o solo; nesse caso a estrutu ra é ligada ao médium por um liame frouxo. Tal é o caso da exp. 18. Em resumo:
        • 6º — A estrutura psíquica exterior ao médium é comumente ligada a este por um cordão, ao longo do qual não é exercida senão uma força muito fraca ou mesmo nula.
          Tem a estrutura psíquica um peso? Esta questão é difícil de ser resolvida experimentalmente. Nunca se pode saber se as alterações de peso do médium resultam somente dos esforços exercidos pela estrutura ou do pêso de uma parte da própria estrutura. Por exemplo, o médium acha-se sentado sobre a báscula A. Os operadores são solicitados a fazer pressão sobre uma outra báscula B (a um metro de distância) com a estrutura S. Vemos que o aumento de peso sobre B é praticamente igual à diminuição constatada em A. Encontramos-nos agora na seguinte alternativa: S é imponderável ou é pesada. Se S é imponderável, a pressão exercida em B é devida simplesmente a um esforço mecânico. Se S é pesada, essa pressão é em parte devida a seu peso. Em ambos os casos, o resultado é o mesmo e a experiência não oferece meio algum de fazer a diferença.
          ____Mesmo que eu peça aos operadores que coloquem a extremidade de S em B sem exercer pressão, não posso estar seguro de que a medida obtida será realmente devida ao peso da estrutura, pois os operadores podem desenvolver certa força sem meu conhecimento. Por outro lado, se a báscula B não revela nenhuma pressão, não posso estar seguro de que a estrutura aí descanse realmente.
          ____O leitor deve se lembrar de que essas estruturas são praticamente invisíveis, mesmo numa boa luz vermelha; se a mão penetra em uma delas, não dá senão uma desagradável sensação de frio e aliás um tal contato geralmente destrói a estrutura. Essa dificuldade torna evidente a impossibilidade de medir o peso por um método que põe em jogo a pressão psíquica. Poder-se-ia medir deslocamento do centro de gravidade do médium desde que os operadores projetem uma de suas hastes. Mas esse método seria bastante delicado.
          ____Se o leitor se quer transportar às experiências 19 a 23, achará todavia que os extraordinários resultados obtidos atingem o âmago da questão.
          ____Qual a espécie de matéria extraída do corpo do médium para construir as estruturas psíquicas pesadas? Tocamos agora o grande problema estabelecido pelos fenômenos psíquicos. Sua solução adiantará enormemente nosso conhecimento sobre o assunto. Essa matéria (se matéroa existe) não corresponde à que nos é cientificamente familiar. Ainda que o número de experiências por mim realizadas seja absolutamente insuficientes para me permitir formular uma lei absoluta, e que sejam necessárias muitas gerações, tenho o direito de indicar os pontos que me surpreenderam pela sua importância. O que mais se admirou, é a impalpabilidade dessa matéria, entretanto pesada. O processo pelo qual é expulsa do corpo do médium é um mistério. Tudo que sabemos, é que é expulsa de forma intermitente e não contínua, e que a dificuldade em extraí-la aumenta com a quantidade extraída.

          • 7º — Para construir as estruturas psíquicas e produzir os fenômenos, parece que a matéria é impelida para fora do corpo do médium.
          • 8º — Essa matéria parece ser pesada, elevando-se às vezes seu peso até 23 quilos.
          • 9º — Existe sob uma forma desconhecida à ciência.
          • 10º — Até determinado peso, essa matéria é extraída regularmente do corpo do médium, tornando-se depois difícil a extração que se produz de forma intermitente.


____Perguntamos se á subtração de 23 quilos de matéria do corpo do médium não deveria reduzir visivelmente seu volume. Não constateí nenhuma alteração em Mlle Goligher.(1) Vi as fotografias do médium italiano Carancini durante sua própria levitação e seu corpo parecia curiosamente translúcido embora seu volume não parecesse alterado. O corpo do médium pode portanto não alterar de volume mas sua densidade deve decrescer durante a realização de poderosos fenômenos telecinéticos.
____O médium, dissemos, jamais sente pressão mecânica sobre alguma parte do corpo. No entanto, suporta toda a reação. Como pode um organismo rígido cuja extensão é de 60 a 90 cms. saia de seu corpo e sustente um peso de 15 a 18 quilos em sua extremidade sem prejuízo? Se a ligação tivesse lugar em alguma parte mole, como o estômago, a carne seria dilacerada por tal pressão.
____Apresento a seguinte explicação: A estrutura psíquica, ao entrar no corpo do médium, é composta de uma matéria desconhecida. Denominemo-la matéria X. Essa matéria pode transmitir por si mesma os esforços diretos e comuns, mas não pode transmiti-los à matéria comum. Para isso, deve se converter primeiramente em outra espécie de matéria a que chamaremos de matéria Y (seria esta última aquela visível nas sessões de materialização, em outras palavras, o que os estudiosos chamam de matéria “materializada”). A matéria X poderia por conseguinte transformar-se em matéria Y (como a água em gelo) e transmitir a esta última os esforços recebidos. Por sua vez, a matéria Y poderia agir sobre objetos comuns.
____Eis, de forma imperfeita, em que consistiria a estrutura psíquica: uma extremidade livre (a qual agarra-se à mesa) em matéria Y; o corpo em matéria X, até sua penetração no médium; a base, em matéria Y, no interior do médium.
____No lugar onde a estrutura penetra no corpo do médium, nenhum esforço é transmitido a sua carne, pois temos a matéria X em contacto com a matéria comum. O esforço é distribuído dentro do corpo à medida que a matéria X se difunde e se transforma em matéria Y. Depois disso, não saberia dizer se essa matéria X decorre da quarta dimensão ou se é uma forma material a qual dominaremos um dia.
____Ainda que não tenha prova direta de que a sensibilidade táctil do médium diminui durante as experiências, parece-me ser esse o caso. O médium nunca está em transe, mas não ousaria afirmar que sua consciência esteja perfeitamente normal. Detesta que se lhe fale, principalmente no início das sessões. Se seu estado é normal, isso escapa às pessoas que não o conhecem como eu. (2)
____Consideremos agora os estranhos resultados obtidos quando o médium toca a mesa com sua mão, seu pé, ou com objetos vários (exp._29,_30_e_31). Devemos pensar que a mesa recai porque houve alguma coisa de essencial na levitação que aí não pode permanecer quando o médium pousa sua mão e que reflui para o seu corpo. As experiências parecem indicar que as propriedades dessa “ substância” são as seguintes:

  • 1º é tênue e invisível;
  • 2º tem particular relação com o médium, visto que outras pessoas que não se acham em contacto com ele não podem provocar a queda da mesa
  • essa substância penetra no médium mais facilmente através sua mão nua
  • 4º existem corpos que a conduzem mais lentamente que outros e até mesmo que não a conduzem de todo
  • 5º o ar não é bom condutor
  • 6º das pessoas que fizeram a experiência, parece que somente eu a conduzi, assim mesmo muito lentamente
  • 7º ela é essencial aos fenômenos de levitação.

____As seguintes observações são unicamente indicativas e podem ser úteis a outros pesquisadores.
____Essa coisa misteriosa que parece estar sobre ou dentro da mesa, certamente não é eletricidade. Em primeiro lugar porque sua velocidade de descarga é muito pequena, e depois porque nunca se produziu coisa alguma durante as sessões que lembrasse os efeitos da eletricidade. Deve ser uma forma de energia ligada a pequenas partículas de matéria. Provavelmente, essas partículas acham-se acumuladas no interior e na superfície da mesa e sua energia é utilizada pelos operadores. Devem ter também alguma relação com o sistema nervoso do médium.
____As estruturas psíquicas em geral parecem sair da parte inferior das pernas do médium e as partículas de energia voltam a ele por suas próprias mãos. Talvez exista uma espécie de pressão psíquica positiva em suas pernas e pés e uma espécie de pressão psíquica negativa em seus braços e mãos, de maneira que as partículas tendam a voltar para o seu corpo. Para me servir de uma analogia com a eletricidade, o potencial psíquico é mais elevado nas proximidades de seus tornozelos que de suas mãos.
____Em resumo, haveria dois processos na produção dos fenômenos telecinéticos: a projeção pelos operadores das hastes, braços, estruturas psíquicas as quais são materiais e voltam ao corpo do médium ao fim da sessão e o fornecimento de determinada espécie de energia que dá capacidade às alavancas de erguer a mesa. Essa energia parece também estar associada à matéria mas não com a espécie de matéria das estruturas, pois a matéria associada à energia é sempre perdida. É também em muito menor quantidade que a outra. Acredito ser a função do médium fornecer a matéria, e dos assistentes fornecer a energia. É portanto indispensável ter um circulo bastante numeroso.
____Nas experiências anteriores, a energia presa à madeira da mesa foi fornecida pelos assistentes, tendo-se associado depois ao organismo do médium. É o que os espíritas designam sob o vago nome de “ magnetismo;” parece ter particular afinidade para com a madeira, isto é, não se dissipa quando a madeira está carregada.
____Já vimos (exp._66) que cada sessão acarreta uma perda permanente de pêso para os membros_do_círculo. Essas experiências parecem demonstrar serem os assistentes e não o médium os que mais perdem. Por exemplo, em duas sessões comuns de levitação onde as mãos dos assistentes estavam constantemente em contacto com a mesa, o médium certa vez perdeu 220 grs. uma outra vez 170 grs., Mlle A., 220 grs. e 350., Senhora B. 220 grs. E 55 grs., Senhora C., 450 grs. e 55 grs.
____Como experiência de controle, pesei três amigos e ao cabo de uma hora e um quarto, após uma partida de cartas, os repesei; naturalmente, não constatei nenhuma alteração.
____Inútil dizer que todas as precauções haviam sido tomadas para evitar erros.
____Numa fotografia com magnético de Mlle Goligher, tirada durante uma sessão, distinguem-se vestígios de uma substância escura saindo de cada um de seus dedos que descançavam sobre seus joelhos. Dir-se-ia serem prolongamentos de seus dedos que descem de sua blusa para seus tornozelos. É um fato também bastante conhecido, nas sessões de mesa, que no início, sai da extremidade dos dedos dos assistentes uma substância gasosa da qual se sente a projeção enquanto os dedos se tornam totalmente frios. Também o abuso das experiências psíquicas parece prejudicial à saúde de muitas pessoas. Dirse-ia que perdem a energia vital ou nervosa, a qual não recuperam senão muito tempo depois.
____As experiências_26,_27_e_28 parecem demonstrar que a extremidade da estrutura é má condutora de eletricidade. Mas por outro lado, as experiências 80, 81 e 82 da primeira série, demonstram que ela descarrega um eletroscópio. Isto parecia provar que a matéria Y é má condutora, como o é a peIe humana, mas que se tocar um objeto carregado de alta potência, descarrega-o como o faria a mão.

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(1) Mais tarde, o autor achou, ao contrário, que havia uma diminuição de volume. Durante a emissão da substância_psíquica, colocou sua mão abaixo dos rins e sobre as cadeiras do médium, e sentiu que a carne amolecia e enfraquecia. Com a devolução da substância, a carne recuperava seu volume e sua consistência. Fazendo o médium sentar-se e estender as pernas, Crawford cingiu suas coxas com um cordão cujas extremidades ligou a um dinamômetro suspenso no teto. Pediu então aos operadores que extraíssem a substância e a colocassem no chão. A tensão a qual era de 1 quilo 800, baixou gradualmente a 450 grs. O médium, que ignorava a razão desta experiência, ficou imóvel. Quando a substância foi devolvida, voltou a tensão, sempre gradualmente, a 1 quilo 800. A experiência foi recomeçada sete ou oito vezes com o mesmo resultado. No momento da reabsorção, sentia-se como se pequenas bolas inchassem a parte superior das coxas. No decurso do fenômeno, os seios estavam túrgidos.

____(2) No decorrer de experiênclas mais recentes, um, médico examinou Mlle G. Durante a realização dos fenômenos. Durante a levitação, o pulso subil de 72 a 110 e mesmo a 126. A respiração e a temperatura permaneceram normais. A palma da mão tornou-se úmida mas não fria. Somente os clarões fotográficos afetaram muito o médium.

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