Continuação das experiências concernentes a levitação direta sobre a balança CAPÍTULO VII, do livro "MECÂNICA PSÍQUICA", 2ª Edição - 1975, de W. J. Crawford
LAKE - Livraria Allan Kardec Editor
____As experiências de levitação realizadas sobre a plataforma da balança, não sendo decisivas, a reação oblíqua tendo determinado a torsão e fricção do mecanismo, pensei em empregar uma balança dinâmica (dinamômetro). Com esse instrumento, somente a componente vertical da reação poderia ser acusada, e ele não seria suficientemente sensível para ser afetado por pequenas componentes horizontais, admitindo que estas existissem. Exp. 44. — Levitação sem reação sobre a balança. ____A balança era do tipo quadrante, com prato côncavo, empregada nos lares para pesar mercadorias. Sua força era de 6 quilogramas 350 e sua altura de 33 cms. Foi colocada no chão sob a mesa_(nº1) e tão exatamente no centro quanto possível. Havia uma distância pelo menos de 35 cms. entre a balança e a parte inferior da mesa e naturalmente, nenhuma parte do instrumento achava-se em contacto com o móvel.
____Tendo pedido aos operadores que erguessem imediatamente a mesa acima da balança, coloquei meu dedo sobre o fiel e esperei. Ao cabo de um momento, a mesa teve alguns movimentos bruscos em cada extremidade, ergueu-se alguns centímetros e caiu; prosseguiu então a levitação, para não durar senão poucos instantes, como da primeira vez. Durante todo esse tempo, não houve pressão alguma sobre a balança porquanto o fiel ficou no zero. Os operadores haviam obedecido, não sem esforço.
____Conclusões:A mesa pode ser suspensa sem que haja reação sobre a balança, mas a operação parece complicada e não muito em conformidade com o método usual.
____Refletindo, pensei que os operadores serviam-se da parte inferior da mesa, fora do círculo projetado pela prateleira. À minha pergunta, responderam afirmativamente, por meio de raps. Exp. 45. — Pesquisa da reação vertical. ____Pedimos aos operadores não levar em consideração a balança e concluir normalmente a levitação. Um pedaço de pano escuro foi colocado sobre o prato. O fiel, que eu seguia com o dedo, fez a volta completa do quadrante a uma velocidade mais ou menos uniforme, e parou no fim de 3 ou 4 segundos. A mesa elevou-se no ar quase logo depois, balançando-se ligeiramente de diante para trás; depois caiu, enquanto o fiel voltava ao zero, prendendo meu dedo entre ela e o mostrador. A pressão, na base de seu curso, era de 6 kg. 580. Não creio que a reação tenha excedido de muito esse peso, porquanto a mesa pareceu lançar-se ao ar quase imediatamente após a revolução total do fiel. A levitação, aqui, foi sensivelmente mais fácil. Dizem os operadores ser esse seu método normal. O esforço não parecia maior que para a levitação comum, sem aparelho sob a mesa; a única diferença, pelo que me foi possível julgar, era uma estabilidade menor: durante a suspensão, havia uma espécie de oscilação insólita. Provinha sem dúvida, por ser a mesa sustentada por uma superfície sensivelmente igual àquela do prato, quando, comumente, a força sustentadora aplicava-se mais uniformemente sob a mesa. Se a balança estava mais ou menos no centro da mesa, a levitação era invariavelmente boa e a velocidade do fiel ao redor do mostrador, constante. A tal ponto era essa a regra que tive tempo de exclamar: “vai se realizar a levitação” muito antes que esta se realizasse. Repito que quando o fiel parava, a mesa lançava-se inteiramente no ar.Aqui, o fato importante, é que a energia psíquica necessária à levitação não é fornecida instantaneamente: é-lhe necessário um tempo apreciável (cerca de 3 ou 4 segundos para o caso que tratamos) para atingir o seu máximo.
exp. 46. — Reação no caso de uma levitação parcial.____A mesa, erguida nos dois pés, agitava-se no ar com movimentos bruscos e rápidos e o fiel da balança seguia todos os seus movimentos. O máximo atingido foi mais ou menos de 3 kg. 200, variação de oscilação de 1kg. 350.
____Outra vez, a mesma levitação parcial, com movimentos bruscos, não afetou em nada a balança, o que parece indicar que a força_psíquica agia fora da projeção do prato.
____Nesta série fiz as seguintes constatações:
- 1º) Durante duas ótimas levitações, o fiel parou em 5 kg. 450, em lugar de seguir seu curso. Isto provinha sem dúvida do fato de não se realizar totalmente a reação sobre o estrado da balança.
- 2º) Estando a mesa bem erguida nos dois pés, o fiel marcou uma pressão de 3 quilos 180.
- 3º) Sofrendo a levitação algum obstáculo, como seja se a mesa não se elevasse, ou se elevasse muito ligeiramente, o fiel marcava 3 kg. 200 ou 3 kg. 650, voltando depois bruscamente a zero. Tentavam então os operadores a levitacão total e geralmente a conseguiam.
- 4º) Consegui um dia que a mesa descesse suavemente e que a força_psíquica não fosse suprimida de um só golpe, como era hábito. O fiel levou 6 segundos para voltar ao zero.
- 5º) Estando a mesa em levitação e marcando o fiel 6 quilos 600, coloquei minha mão e parte do meu braço sobre a prateleira. Nada senti, e tanto a levitação como a reação, não foram afetadas.
- 6º) Segurei a borda do prato, e a senti descer durante a levitação e subir quando a ação psíquica cessava.
Exp. 47. — Reação sobre uma balança mais forte. ____Nas experiências anteriores, a força da balança sendo muito pequena para a pressão máxima durante a levitação, usei uma balança do mesmo tipo mas de força dupla. Verifiquei a exatidão de todos os resultados obtidos durante as exp. 45 e 46 (à exceção da exp. 46, 1º). No entanto houve um erro importante. Quando se efetuava a levitação presente, o fiel não marcou alguns quilos acima de 6 kg. 350, como acreditei, mas chegou ao seu ponto extremo, tendo lugar então a levitação. Fiquei muito surpreso, pois estava quase certo de que a reação vertical não excedia de muito 6 quilos 350.
____Conclusão: A reação vertical para a mesa cujo peso é de 4 quilos e 700, ultrapassa 12 quilos 650, de pouco, provavelmente.
____Pareceu-me notar uma pressão contra a balança durante a levitação, pressão essa vinda do lado do médium. Fiz então a seguinte experiência, para certificar-me se era horizontal tanto quanto vertical. Exp. 48. — Competente horizontal da reação. ____A balança foi colocada sobre um carro de rodas, o qual foi preso a uma balança romana de molas, cuja capacidade era de 9 quilos, fixa por sua outra extremidade a um prego enterrado no assoalho, aos pés do médium. Podia assim registrar, perto de 50 grs., a tração horizontal exercida sobre a balança.
____Coloquei um dedo da mão direita sobre a agulha da balança romana (R) e um dedo da mão esquerda sobre a agulha da outra balança (B). Pedi em seguida aos operadores que erguessem a mesa; a agulha de B foi, como de hábito, ao ponto extremo, e a de R marcou cerca de 1 quilo 800, a média de meia dúzia de levitações.
____Constataremos, pelo que se segue, que a força horizontal que faz pressão contra B não é independente. A mesa foi fortemente agitada no ar, durante a levitação; R marcou todas as vezes, um acréscimo de peso de meio a um quilo, para readquirir o valor médio de 1 quilo 800. Exp. 49. — Medida exata da componente horizontaL ____Dispus meu aparelho como anteriormente. A balança registrava até 12 quilos 600 e a balança romana 9 quilos. Constatei, para minha completa satisfação, que as forças horizontal e vertical, são componentes de uma única força. Senti, por duas ou três vezes, com o dedo, o perfeito sincronismo das duas agulhas. Se houvesse alguma dificuldade na levitação e uma agulha se imobilizasse, aconteceria o mesmo com a outra. Tendo lugar a levitação, tinha lugar o movimento simultaneamente.
____A força que emana do médium e que preme, quando a mesa é erguida, é de 2 quilos 300, perto de 100 grs. (Essa cifra foi obtida seguindo a giz o curso da agulha). ____Na exp. 48, eu havia obtido 1 quilo 800, mas a balança empregada não era tão exata; além disso, as balanças, ainda que diferindo pouco, não tinham a mesma altura; enfim, pode haver razões para que a componente horizontal da reação varie ligeiramente determinados dias; nesse caso, o dispositivo é o mesmo. Exp. 50. — Medida exata da componente vertical. ____Com a mesa de 4 quilos 700, utilizei-me de uma balança, para pesar os grandes fardos. Sua força era de 25 quilos. Tinha um prato retangular, de aço, medindo 14 x 22 e sua altura total, descarregada, era de 34 cms. As experiências finais com esse instrumento, foram realizadas conjuntamente com aquelas destinadas a avaliar a componente horizontal da reação.
____A balança foi colocada sobre o carro e debaixo da mesa. A altura total era de 39 cms. Sentei-me fora do círculo e requeri a levitação; esta se fêz ao cabo de um instante. Mas, tendo entrado no círculo, não consegui obtê-la, malgrado os esforços dos operadores, atestados pelos deslocamentos da agulha ao redor do mostrador. Tendo-os consultado, retirei a balança do carro e coloquei-a no chão, o que diminuiu a altura de mais ou menos 5 cms. Realizou-se a levitação quase no mesmo instante.
____Resultado: A pressão vertical sobre o prato é de 13 quilos 600, de 500 grs. e mesmo perto de 250 grs.
____O leitor pensa talvez que esse resultado, ao qual atribuo uma grande importância, foi obtido facilmente: é um engano: foi difícil, devido às dimensões da balança e exigiu muita paciência e precisão por parte dos operadores. Foi-nos necessário cerca de quatro horas para obtê-lo e verificá-lo repetidas vezes. Exp. 51. — Relação entre a altura do prato e a reação vertical. ____Concebi um dispositivo que permitisse medir, a diferentes alturas, a pressão vertical sob a mesa em levitação. Ao prato da balança forte, atarrachei uma haste chata de ferro onde corria em ângulo direito uma haste sustentando uma chapa retangular horizontal em madeira mole, de 30 x 2 cms. Essa haste, vertical, podia ser fixa de 4 em 4 cms.
____A balança estava solidamente atarrachada ao assoalho, sob a mesa, a fim de impedir qualquer movimento durante a reação sobre a chapa. Estando esta última fixa a alturas varias acima do solo, apoiei fortemente meu dedo sobre a agulha da balança e lia assim suas indicações, pelo tacto. Para cada altura, eu provocava três levitações.
____Eis as observações:
- Peso da mesa: 4 quilos 700.
- Tara do aparelho: 3 quilos 750.
- Reação vertical durante a levitação:
- a 3 cms., 0 (zero) quilos
- a 7 cms., 250 gr
- a 11 cms., 1 quilo 350
- a 15 cms., 10 quilos 5ó0.
____Durante uma das últimas experiências, a uma altura de 19 cms., a pressão psíquica produziu-se evidentemente um pouco fora do centro da chapa, porquanto as duas tarrachas que a mantinham foram arrancadas. Substitui então por madeira dura a madeira mole e as tarrachas por parafusos de 6 mm. O dispositivo pesava 4 quilos 100. Exp. 52. — Relação entre a altura do tabuleiro e a reação vertical. ____Antes de iniciar essa experiência, algumas semanas depois da exp. 51, eu havia mandado retirar da mesa_nº1 as duas barras transversais dos pés, para mostrar que não eram essenciais à levitação. O peso da mesa não ia além de 4 quilos 550.
Altura do tabuleiro |
Reação vertical durante a levitação |
Exp. A |
Exp. B |
2 cms. ½................................. 7 cms. ½.................................
12 cms. ½.................................
17 cms. ½.................................
22 cms. ½.................................
27 cms. ½................................. |
____0 kg.
____0 kg. 350
10 kg.
12 kg.
15 kg. 650
16 kg. 550 |
0 kg.
____0 kg. 350
11 kg. 800
14 kg. 050
15 kg.
17 kg. |
____Fiz duas séries de experiências, recomeçando duas ou três vezes a levitação a cada altura. Insisto aqui sobre um ponto que me parece essencial para elucidar o mistério da força_psíquica: a maior altura, a pressão vertical sobre o tabuleiro não se estabilizava desde que tivesse lugar a levitação, como poderíamos esperar. Ao contrário, ela não cessava de aumentar alguns segundos após a levitação. O acréscimo era de 2 a 8 quilos 500. Anotei os valores finais.
____Em resumo, as tres séries de experiências, ainda que não apresentem resultados idênticos para as diferentes alturas, apresentam no entanto uma média sensivelmente igual. Todas demonstram:
- 1º) Que até 5 ou 7 cms. não há reação sobre o assoalho (confirmando a exp. 38).
- 2º) Que a 7 cms. 1/2 há uma ligeira reação.
- 3º) Que a reação aumenta repentinamente (de 10 ou 11 quilos entre 2 cms. 1/2 e 7 cms. 1/2).
- 4º) Que, após esse aumento, a pressão diminui muito à medida que aumenta a altura.
Exp. 53 — Reação vertical durante a levitação de um tamborete. ____Coloquei a prancha de desenho, coberta por um pedaço de tapete escuro, sobre a balança de 25 kgs e o tamborete_(mesa_nº_4) sobre essa prancha. Pedi então a levitação.Foi uma das mais difíceis da série. Os operadores recomeçaram pelo menos uma dúzia de vezes. A agulha ia até cerca de 9 quilos, mas no momento em que se ia realizar a levitação, o tamborete caia de pernas para o ar e era necessário pô-lo a prumo novamente. Alguma coisa tentava passar por baixo, sem resultado, em conseqüência do pouco espaço disponível e altura do estratado. Eu estava a ponto de renunciar à experiência, malgrado o desejo dos operadores, que me diziam por meio de raps, que tivesse paciência, quando finalmente o tamborete subiu a 20 cms. no ar e aí ficou imóvel de 8 a 10 segundos. Duas dessas levitações marcaram 10 quilos 900 para a pressão vertical sobre a balança, e duas outras 11 quilos 100. Sendo o peso da prancha juntamente com o tapete de 2 quilos 500, a pressão média era de 8 quilos 500, ou seja 6 a 8 vezes o peso do tamborete.
____A fim de me certificar que esse valor não era fictício, segurei a beira da prancha, erguendo-a um pouto no decorrer das tentativas infrutíferas às quais acima me referi. Pelos meus cálculos, a pressão estava mais ou menos de acordo com a indicação da balança. Exp. 54.— Medida da reação vertical por registro elétrico. ____Coloquei a agulha da balança e um cursor móvel sobre o mostrador, no circuito de uma pulha de campainha. Tendo fixo o cursor em 9 quilos e operando com a mesa_nº1, constatei:
- 1º que a campainha se fazia ouvir um ou dois segundos antes da levitação
- 2º que ela ressoava sem cessar durante a levitação
- 3º que a altura da levitacão não tinha nenhuma influência sobre a campainha.
Exp. 55. — Reacão vertical, estando o médium sentado sobre a balança. ____Equilibrei exatamente o peso do médium, da cadeira e da prancha de desenho (ou seja 62 quilos 100) e deixei o fiel parado contra o buttoir. Coloquei em seguida a balança sob a mesa (ver exp. 44) e pedi a levitação. Conservava meu dedo sobre a agulha. Infelizmente essa experiência ficou incompleta e nunca mais tive ocasião de refazê-la. O resultado, mais ou menos exato de uma forma geral, não o é quanto às cifras. A agulha permaneceu contra o buttoir durante a levitacão. Pedi aos operadores que deixassem cair a mesa bruscamente, o que fizeram, e a agulha voltou a zero. Quatro segundos depois, houve um deslocamento do fiel. Enquanto a mesa estava em levitação, havia então reação vertical sobre a balança e, também, sem dúvida, alteração de peso no médium. A lentidão do movimento, não tem, creio eu, nenhuma importância; é devida unicamente à inércia das partes motrizes da báscula. (Ver: Medida dos componentes da reação) Exp. 56. — Estalos na superfície da mesa durante a levitação. ____Durante uma das experiências mencionadas neste capítulo, ouvi como se fossem estalos na madeirada superfície inferior da mesa, no momento mesmo da levitação; as fibras pareciam distender-se e separar-se uma das outras. Ouvi esse ruído singular somente duas vezes. Exp. 57. — Ruído sob a mesa no início da levitação. ____Ouvi um ruído surdo sob a mesa, no centro, como se fosse impelida uma coluna de substância mole. Chamei a atenção dos assistentes, e percebi o mesmo ruído leve na levitação seguinte. Os operadores pareciam ouvir-me e recomeçar para mim. Foram estas as únicas vezes em que percebi esse ruído, devido talvez à ação um pouco mais brusca da força elevatória. |