____Se
o médium, do ponto de
vista da execução, não passa de um instrumento, exerce, todavia, influência
muito grande, sob o aspecto moral. Pois que, para se comunicar, o
Espírito desencarnado se identifica com o Espírito do médium, esta
identificação não se pode verificar, senão havendo, entre um e outro, simpatia
e, se assim é lícito dizer-se, afinidade.____A
alma exerce sobre o Espírito
livre uma espécie de atração, ou de repulsão, conforme o grau da semelhança
existente entre eles. Ora, os bons têm afinidade com os bons e os maus com os
maus, donde se segue que as qualidades
morais do médium exercem influência capital sobre a natureza
dos Espíritos que por ele se comunicam. ____Se
o médium é vicioso, em torno dele se vêm grupar os Espíritos
inferiores, sempre prontos a tomar o lugar aos bons Espíritos
evocados. ____As
qualidades que, de preferência, atraem os bons Espíritos são:
____Os
defeitos que os afastam são:
[17b - página 287 item 227] ____Todas
as imperfeições morais são outras tantas portas abertas ao acesso dos maus
Espíritos. A que, porém, eles exploram com mais habilidade é o orgulho,
porque é a que a criatura menos confessa a si mesma. ____O orgulho tem perdido muitos médiuns dotados das mais belas faculdades e
que, se não fora essa imperfeição, teriam podido tornar-se instrumentos
notáveis e muito úteis, ao passo que, presas de Espíritos mentirosos, suas
faculdades, depois de se haverem pervertido, aniquilaram-se e mais de um se viu
humilhado por amaríssimas decepções. ____O orgulho, nos médiuns, traduz-se por sinais inequívocos, a cujo respeito
tanto mais necessário é se insista, quanto constitui uma das causas mais
fortes de suspeição, no tocante à veracidade de suas comunicações.
- Começa
por uma confiança cega nessas mesmas comunicações e na infalibilidade do
Espírito que lhas dá.
- Daí
um certo desdém por tudo o que não venha deles: é que julgam ter o
privilégio da verdade.
- O
prestígio dos grandes nomes, com que se adornam os Espíritos tidos por
seus protetores, os deslumbra e, como neles o amor próprio sofreria, se
houvessem de confessar que são ludibriados, repelem todo e qualquer
conselho; evitam-nos mesmo, afastando-se de seus amigos e de quem quer que
lhes possa abrir os olhos.
- Se
condescendem em escutá-los, nenhum apreço lhes dão às opiniões,
porquanto duvidar do Espírito que os assiste fora quase uma
profanação.
- Aborrecem-se
com a menor contradita, com uma simples observação crítica e vão às
vezes ao ponto de tomar ódio às próprias pessoas que lhes têm prestado
serviço.
- Por
favorecerem a esse insulamento a que os arrastam os Espíritos que não
querem contraditores, esses mesmos Espíritos se comprazem em lhes conservar
as ilusões, para o que os fazem considerar coisas sublimes as mais polpudas
absurdidades. Assim, confiança absoluta na superioridade do que obtém,
desprezo pelo que deles não venha, irrefletida importância dada aos
grandes nomes, recusa de todo conselho, suspeição sobre qualquer crítica,
afastamento dos que podem emitir opiniões desinteressadas, crédito em suas
aptidões, apesar de inexperientes: tais as características dos médiuns orgulhosos.
____Devemos
também convir em que, muitas vezes, o orgulho é despertado no médium
pelos que o cercam. Se ele tem faculdades um pouco transcendentes, é procurado
e gabado e entra a julgar-se indispensável. Logo toma ares de importância e
desdém, quando presta a alguém o seu concurso. Mais de uma vez tivemos motivo
de deplorar elogios que dispensamos a alguns médiuns, com o intuito de os
animar. [17b - página 288 item 228] ____A
par disto, ponhamos em evidência o quadro do médium verdadeiramente bom,
daquele em que se pode confiar. Supor-lhe-emos, antes de tudo, uma grandíssima
facilidade de execução, que permita se comuniquem livremente os Espíritos,
sem encontrarem qualquer obstáculo material. Isto posto, o que mais importa
considerar é de que natureza são os espíritos que habitualmente o assistem,
para o que não nos devemos ater aos nomes, porém, à linguagem. Jamais deverá
ele perder de vista que a simpatia, que lhe dispensam os bons Espíritos,
estará na razão direta de seus esforços por afastar os maus. Persuadido de
que a sua faculdade é um dom que só lhe foi outorgado para o bem, de nenhum
modo procura prevalecer-se dela, nem apresentá-la como demonstração de
mérito seu. Aceita as boas comunicações, que lhe são transmitidas, como uma
graça, de que lhe cumpre tornar-se cada vez mais digno, pela sua bondade,
pela sua benevolência e pela sua modéstia.
- O
primeiro se orgulha de suas relações com os Espíritos
superiores;
- este
outro se humilha, por se considerar sempre abaixo desse favor.
[17b - página 289 item 229]
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