- O Espírito evocado vem espontaneamente, ou constrangido?
R -Obedece
à vontade de Deus, isto é, à lei geral que rege o Universo. Todavia,
a palavra constrangido não se ajusta ao caso, porquanto o Espírito
julga da utilidade de vir, ou deixar de vir. Ainda aí exerce o livre-arbítrio. O
Espírito superior vem sempre que chamado com um fim
útil; não se nega a responder, senão a pessoas pouco sérias e que
tratam destas coisas por divertimento.
- Pode o Espírito evocado negar-se a atender ao chamado que lhe é dirigido?
R -Perfeitamente; onde estaria o seu livre-arbítrio, se
assim não fosse? Pensais que todos os seres do Universo estão às
vossas ordens? Vós mesmos vos considerais obrigados a responder a todos
os que vos pronunciam os nomes? Quando digo que o Espírito pode
recusar-se, refiro-me ao pedido do evocador, visto que um Espírito
inferior pode ser constrangido a vir, por um Espírito superior.
- Haverá, para o evocador, meio de constranger um Espírito a vir, a seu
mau grado?
R -Nenhum, desde que o Espírito lhe seja igual, ou
superior, em moralidade. Digo em moralidade e não em
inteligência,
porque, então, nenhuma autoridade tem o evocador sobre ele. Se lhe é
inferior, o evocador pode consegui-lo, desde que seja para bem do
Espírito, porque, nesse caso, outros Espíritos o secundarão.
- Que se deve pensar dos Espíritos que marcam encontros em lugares
lúgubres e a horas indevidas?
R - esses Espíritos se divertem à
custa dos que lhes dão ouvidos. É sempre inútil e não raro perigoso
ceder a tais sugestões:
- inútil, porque nada absolutamente se ganha em
ser mistificado;
- perigoso, não pelo mal que possam fazer os Espíritos,
mas pela influência que isso pode ter sobre cérebros fracos.
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- Para os Espíritos, a evocação é coisa agradável ou penosa? Eles
vêm de boa-vontade, quando chamados?
R -Isso depende do caráter
deles e do motivo com que são chamados. Quando é louvável o objetivo
e quando o meio lhes é simpático, a evocação constitui para eles coisa
agradável e mesmo atraente; os Espíritos se sentem sempre ditosos com
a afeição que se lhes demonstre. Alguns há para os quais representa
grande felicidade se comunicarem com os homens e que sofrem com o
abandono em que são deixados. Mas,como já disse, isto igualmente
depende dos caracteres deles. Entre os Espíritos, também há misantropos, que não gostam de ser incomodados e cujas respostas se
ressentem do mau humor em que vivem, sobretudo quando chamados por
pessoas que lhes são indiferentes, pelas quais não se interessam. Um
Espírito nenhum motivo tem, muitas vezes, para atender ao chamado de um
desconhecido, que lhe é indiferente e que quase sempre tem a
inspirá-lo a curiosidade. Se vem, suas aparições, em geral, são
curtas, a menos que a evocação vise a um fim sério e
instrutivo.
NOTA. Há pessoas que só evocam seus parentes para
lhes perguntar as coisas mais vulgares da vida material, por exemplo:
um, para saber se alugará ou venderá sua casa; outro, para saber que
lucro tirará da sua mercadoria, o lugar em que há dinheiro escondido,
se tal negócio será ou não vantajoso. Nossos parentes de
além-túmulo por nós só se interessam em virtude da afeição que
lhes consagremos. |
- Alguma diferença há entre os bons e os maus Espíritos, pelo que toca
à solicitude com que atendam ao nosso chamado?
R -Uma bem grande
há: os maus Espíritos não vêm de boa-vontade, senão quando contam
dominar e enganar; experimentam viva contrariedade, quando forçados a
vir, para confessarem suas faltas, e outra coisa não procuram senão
ir-se embora, como um colegial a quem se chama para repreendê-lo. Podem
a isso ser constrangidos por Espíritos superiores, como castigo e para
instrução dos encamados. A evocação é penosa para os bons
Espíritos, quando são chamados inutilmente, para futilidades. Então,
ou não vêm, ou se retiram logo.
Podeis dizer que, em
princípio, os Espíritos, quaisquer que eles sejam, não gostam,
exatamente como vós, de servir de distração a curiosos, freqüentemente, outro fim não tendes, evocando um Espírito, senão
ver o que ele vos dirá ou interrogá-lo sobre particularidades de sua
vida, que ele não deseja dar-vos a conhecer, porque nenhum motivo tem
para vos fazer confidências. Julgais que ele se vá colocar na berlinda,
somente para vos dar prazer? Desenganai-vos; o que ele não faria em
vida não fará tampouco como Espírito.
NOTA. A experiência, com
efeito, prova que a evocação é sempre agradável aos Espíritos,
quando feita com fim sério e útil.
- Os bons vêm prazerosamente
instruir-nos;
- Os que sofrem encontram alivio na simpatia que se lhes
demonstra;
- Os que conhecemos ficam satisfeitos com o se saberem
lembrados,
- Os levianos gostam de ser evocados pelas pessoas frívolas,
porque isso lhes proporciona ensejo de se divertirem à custa delas;
sentem-se pouco à vontade com pessoas graves.
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- Quando um Espírito se apresenta por si mesmo, pode-se estar certo da
sua identidade?
R -De maneira alguma, porquanto os Espíritos_enganadores empregam amiúde esse meio, para melhor mistificarem.
- A evocação feita em nome de Deus é uma garantia contra a
imiscuência
dos maus Espíritos?
R -O nome de Deus não constitui freio para
todos os Espíritos, mas contém muitos deles; por esse meio, sempre
afastareis alguns e muitos mais afastareis, se ela for feita do fundo do
coração e não como fórmula banal.
(Ver: Como afastar os maus espíritos)
- Poder-se-á evocar nominativamente muitos Espíritos ao mesmo tempo?
R -Não há nisso dificuldade alguma e, se tivésseis três ou quatro
mãos para escrever, três ou quatro Espíritos vos responderiam ao mesmo
tempo; é o que ocorre se se dispõe de muitos médiuns.
- Quando muitos Espíritos são evocados simultaneamente, não havendo
mais de um médium, qual o que responde?
R -Um deles responde por
todos e exprime o pensamento coletivo.
- Poderia o mesmo Espírito comunicar-se, simultaneamente, durante uma
sessão, por dois médiuns diferentes?
R - tão facilmente quanto,
entre vós, os que ditam várias cartas ao mesmo tempo.
NOTA.
Vimos um Espírito responder, servindo-se de dois médiuns ao mesmo
tempo, às perguntas que lhe eram dirigidas, por um em francês, por
outro em inglês, sendo idênticas as respostas quanto ao sentido;
algumas até eram a tradução literal de outras. Dois Espíritos,
evocados simultaneamente por dois médiuns, podem travar entre si uma
conversação. Sem que este modo de comunicação lhes seja necessário,
pois que reciprocamente um lê os pensamentos do outro, eles se prestam
a isso, algumas vezes, para nossa instrução. Se são Espíritos_inferiores, como ainda estão imbuídos das paixões terrenas e das
ideias corpóreas, pode acontecer que disputem e se apostrofem com
palavras pesadas e até que atirem
os lápis, as cestas, as pranchetas, etc., um contra o outro. |
- Pode o Espírito, simultaneamente evocado em muitos pontos, responder ao
mesmo tempo às perguntas que lhe são dirigidas?
R -Pode, se for um
Espírito elevado.
- Para responder, ao
mesmo tempo, às perguntas que lhe são dirigidas, o Espírito se divide ou tem o
dom da ubiqüidade?
R -O Sol é um só e, no entanto, irradia ao seu
derredor, levando longe seus raios,sem se dividir. Do mesmo modo, os
Espíritos. O pensamento do Espírito é como uma centelha que projeta
longe a sua claridade e pode ser vista de todos os pontos do horizonte.
Quanto mais puro é o Espírito tanto mais o seu pensamento se irradia e
se estende, como a luz. Os Espíritos inferiores são muito materiais;
não podem responder senão
a uma única pessoa de cada vez, nem vir a um lugar, se são chamados em
outro.
Um Espírito superior, chamado ao mesmo tempo em pontos
diferentes, responderá a ambas as evocações, se forem ambas sérias e
fervorosas. No caso contrário, dá preferência à mais séria.
NOTA. É o que sucede com um homem que, sem mudar de lugar, pode
transmitir seu pensamento por meio de sinais perceptíveis de diferentes
lados. Numa sessão da Sociedade Parisiense de Estudos Espíritas, em a
qual fora discutida a questão da ubiqüidade, um Espírito ditou
espontaneamente a comunicação seguinte: "Inquiríeis esta noite
qual a hierarquia dos Espíritos, no tocante à ubiqüidade.
Comparai-vos a um aeróstato que se eleva pouco a pouco nos
ares. Enquanto ele rasteja na terra, só os que estão dentro de um
pequeno círculo o podem perceber; à medida que se eleva, o círculo se
lhe alarga e, em chegando a certa altura, se torna visível a uma
infinidade de pessoas. É o que se dá conosco; um mau Espírito, que
ainda se acha preso à Terra, permanece num círculo restrito, entre as
pessoas que o vêem. Suba ele na graça, melhore-se e poderá conversar
com muitas pessoas. Quando se haja tornado Espírito superior, pode
irradiar como a luz do Sol, mostrar-se a muitas pessoas e em muitos
lugares ao mesmo tempo." - CHANNING. |
- Podem ser evocados os puros_Espíritos, os que hão terminado a série
de suas encarnações?
R -Podem, mas muito raramente atenderão.
Eles só se comunicam com os de coração puro e sincero e não com os
orgulhosos e egoístas. Por isso mesmo, é preciso desconfiar dos
Espíritos inferiores que alardeiam essa qualidade, para se darem
importância aos vossos olhos.
- Como é que os Espíritos dos homens mais ilustres acodem tão
facilmente e tão familiarmente ao chamado dos homens mais obscuros?
R -Os homens julgam por si os Espíritos, o que é um erro. Após a
morte do corpo,as categorias terrenas deixam de existir. Só a bondade
estabelece distinção entre eles e os que são bons vão a toda parte
onde haja um bem a fazer-se.
- Quanto tempo deve decorrer, depois da morte, para que se possa evocar um
Espírito?
R -Podeis fazê-lo no instante mesmo da morte; mas, como
nesse momento o Espírito ainda está em perturbação, só muito
imperfeitamente responde.
NOTA. Sendo variável o tempo que dura a
perturbação, não pode haver prazo fixo para fazer-se a evocação.
Entretanto, é raro que, ao cabo de oito dias, o Espírito já não
tenha conhecimento do seu estado, para poder responder. Algumas vezes,
isso lhe é possível dois ou três dias depois da morte, em todos os
casos se pode experimentar com prudência. ( Ver: Comunicação após a morte) |
- A evocação, no momento da morte, é mais penosa para o Espírito do
que algum tempo depois?
R -Algumas vezes. É como se vos arrancassem
ao sono, antes que estivésseis completamente acordados. Alguns há,
todavia, que de nenhum modo se contrariam com isso e aos quais a
evocação ato ajuda a sair da perturbação.
- Como pode o Espírito de uma criança, que morreu em tenra idade,
responder com conhecimento de causa, se, quando viva, ainda não tinha
consciência de si mesma?
R -A alma da criança é um Espírito
ainda envolto nas faixas da matéria; porém, desprendido desta, goza de
suas faculdades de Espírito, porquanto os Espíritos não têm idade, o
que prova que o da criança já viveu. Entretanto, até que se ache
completamente desligado da matéria, pode conservar, na linguagem,
traços do caráter da criança.
NOTA. A influência corpórea,
que se faz sentir, por mais ou menos tempo, sobre o Espírito da
criança, igualmente é notada, às vezes, no Espírito dos que morreram
em estado de loucura. O Espírito, em si mesmo, não é louco; sabe-se,
porém, que certos Espíritos julgam, durante algum tempo, que ainda
pertencem a este mundo. Não é, pois, de admirar que, no louco, o
Espírito ainda se ressinta dos entraves que, durante a vida, se opunham
à livre manifestação de seus pensamentos, até que se encontre
completamente desprendido da matéria, Este efeito varia, conforme as
causas da
loucura, porquanto há loucos que, logo depois da morte, recobram toda a
sua lucidez. |
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