- Os
Espíritos que nos induzem em erro procedem sempre cientes do que
fazem?
R -Não; há Espíritos
bons, mas ignorantes e que podem
enganar-se de boa-fé. Desde que tenham consciência da sua
ignorância, convém nisso e só dizem o que sabem.
- O
Espírito que dá uma comunicação falsa sempre o faz com
intenção maléfica?
R -Não; se é um Espírito_leviano, diverte-se em
mistificar, sem outro intuito.
- Podendo
alguns Espíritos enganar pela linguagem de que usam, segue-se que
também podem, aos olhos de um médium
vidente, tomar uma falsa
aparência?
R -Isso se dá, porém, mais dificilmente. Todavia, só se
verifica com um fim que os próprios Espíritos maus desconhecem.
Eles então servem de instrumentos para uma lição ... O médium
vidente pode ver Espíritos levianos e mentirosos, como outros os
ouvem, ou escrevem sob a influência deles. Podem os Espíritos
levianos aproveitar-se dessa disposição, para o enganar, por meio
de falsas aparências; isso depende das qualidades do Espírito do
próprio médium.
- Para
não ser enganado, basta que alguém esteja animado de boas
intenções? E os homens sérios, que não mesclam de vã
curiosidade seus estudos, também se acham sujeitos a ser enganados?
R - evidentemente, menos do que os outros; mas, o homem tem
sempre alguns pontos fracos que atraem os Espíritos zombeteiros.
Ele se julga forte e muitas vezes não o é. Deve, pois, desconfiar
sempre da fraqueza que nasce do orgulho e dos preconceitos. Ninguém
leva bastante em conta estas duas causas de queda, de que se
aproveitam os Espíritos que, lisonjeando as manias, têm a certeza
do bom êxito.
- Não
podem também os Espíritos enganadores contrafazer
o pensamento?
R -Contrafazem o pensamento, como os cenógrafos contrafazem
a Natureza.
- Parece
assim fácil sempre descobrir-se a fraude por meio de um estudo
atento?
R -Não o duvides. Os Espíritos só enganam os que se
deixam enganar.
Mas, é preciso ter olhos de mercador de diamantes,
para distinguir a pedra verdadeira da falsa. Aquele que não
sabe distinguir a pedra fina da falsa deve se dirigir ao lapidário.
- Há
pessoas que se deixam seduzir por uma linguagem enfática, que
apreciam mais as palavras do que as ideias, que mesmo tomam ideias
falsas e vulgares por sublimes. Como podem essas pessoas, que não
estão aptas a julgar as obras dos homens, julgar as dos Espíritos?
R -Quando essas pessoas são bastante modestas para
reconhecer a sua incapacidade, não se fiam de si mesmas; quando por orgulho se julgam mais capazes do que o são, trazem consigo a pena
da vaidade tola que alimentam. Os
Espíritos enganadores sabem
perfeitamente a quem se dirigem. Há pessoas simples e pouco
instruídas mais difíceis de enganar do que outras, que têm finura
e saber. Lisonjeando-lhes as paixões, fazem eles do homem o que
querem.
- Haverá
fórmulas eficazes para expulsar os
Espíritos enganadores?
R -Fórmula é matéria; muito mais vale um bom pensamento
dirigido a Deus.
[17b - página 338 item 268]
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