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Outrora, as vítimas da loucura eram conduzidas a poços de víboras, a fim de que a aborrível comoção
operasse a transformação súbita da mente desequilibrada; é que, desde
remota antiguidade, compreendeu o homem, intuitivamente,
que a maioria dos casos de alienação mental decorrem da ausência
voluntária ou involuntária da alma à realidade.
E, em nosso campo de observação mais clara, podemos adir que todo desequilíbrio promana do afastamento da Lei. [25 - página 103]
Impossível é pretender a cura dos loucos à força de processos exclusivamente objetivos.
Os fisiologistas farão sempre muito, tentando retificar a disfunção das células; no entanto, é mister intervir nas origens das perturbações. O caso de Marcelo é tão somente um dos múltiplos aspectos do «fenômeno epileptóide», para empregarmos a terminologia dos médicos encarnados. Esse desequilíbrio perispiritual assinala-se, todavia, por gradação demasiado complexa. A confirmação da teoria dos reflexos condicionados não se aplica exclusivamente a ele. Temos milhões de pessoas irascíveis que, pelo hábito de se encolerizarem facilmente, viciam os centros nervosos fundamentais pelos excessos da mente sem disciplina, convertendo-se em portadores do «pequeno mal», em dementes precoces, em neurastênicos de tipos diversos ou em doentes de franjas epilépticas, que andam por aí, submetidos à hipoglicemia insulínica ou ao metrazol; enquanto isso, o serem educados mentalmente, para a correção das próprias atitudes internas no ramerrão da vida, lhes seria tratamento mais eficiente e adequado, pois regenerativo e substancial.
Ao topar com irmãos nossos sob o domínio das lesões perispiríticas, conseqüências vivas dos seus atos, exarados pela Justiça Universal, é indispensável, para assisti-los com êxito, remontar à origem das perturbações que os molestam; isto se fará não a golpes verbalísticos de psicanálise, mas socorrendo-os com a força da fraternidade e do amor, a fim de que logrem a imprescindível compreensão com que se modifiquem, reajustando as próprias forças ... [25 - página 119]
O desequilíbrio mental é sempre uma provação
difícil e dolorosa. Essa realidade, contudo, podendo representar o resgate de uma dívida do pretérito escabroso e desconhecido pode, igualmente, constituir uma resultante da imprevidência de hoje, no presente que passa, fazendo necessária, acima de todas as exortações, aquela que recomenda a oração e a vigilância. [41a - página 44]
A cegueira do espírito é fruto da espessa ignorância em manifestações primárias
ou do obnubilamento da razão nos estados de aviltamento do ser.Nosso interesse, no socorro à mente desequilibrada, é analisar este último aspecto da sombra que pesa sobre as almas; assim sendo, faz-se mister saberes alguma coisa da loucura no âmbito da civilização. Para isto, convém estudarmos, mais detidamente, o cérebro do homem encarnado e o do homem desencarnado em posição desarmônica, por situarmos aí o órgão de manifestação da atividade espiritual. [25 - página 42]
Quase podemos afirmar que noventa em cem dos
casos de loucura, excetuados aqueles que se
originam da incursão microbiana sobre a matéria cinzenta, começam nas conseqüências das faltas graves que
praticamos, com a impaciência ou com a tristeza, isto é, por
intermédio de atitudes mentais que imprimem deploráveis reflexos ao caminho daqueles que as acolhem e
alimentam. Instaladas essas forças desequilibrantes no campo íntimo, inicia-se a desintegração da harmonia mental; esta por vezes perdura, não só numa existência, mas em várias delas, até que o interessado se disponha, com fidelidade, a valer-se das bênçãos divinas que o aljofram, para restabelecer a tranqüilidade e a capacidade de renovação que lhe são inerentes à individualidade, em abençoado serviço evolutivo. Pela rebeldia, a alma responsável pode encaminhar-se para muitos crimes, a cujos resultados nefastos se cativa indefinidamente; e, pelo desânimo, é propensa a cair nos despenhadeiros da inércia, com fatal atraso nas edificações que lhe cabe providenciar. [25 - página 213]
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