A divergência
de opiniões sobre a natureza
da alma provém da aplicação particular que cada
um dá a esse termo.
- Segundo
uns, a alma é o princípio da vida material
orgânica. Não tem existência própria e
se aniquila com a vida: é o materialismo puro.
- Pensam
outros que a alma é o princípio_da_inteligência, agente universal do qual cada
ser absorve uma certa porção. Segundo esses, não haveria em todo o Universo senão uma só alma
a distribuir centelhas pelos diversos seres inteligentes durante a vida
destes, voltando cada centelha, mortos os
seres, à fonte comum, a se confundir com o todo, como os
regatos e os rios voltam ao mar, donde saíram. Essa opinião difere da
precedente em que, nesta hipótese, não há
em nós somente matéria, subsistindo alguma coisa após_a_morte. Mas é quase como se nada subsistisse, porquanto,
destituídos de individualidade, não mais teríamos
consciência de nós mesmos. Dentro desta opinião, a alma
universal seria Deus, e cada ser um
fragmento da divindade. Simples variante do panteísmo.
- Segundo
outros, finalmente, a alma é um ser moral,
distinto, independente da matéria
e que conserva sua individualidade após a morte. Esta acepção é, sem
contradita, a mais geral, porque, debaixo de
um nome ou de outro, a ideia desse ser_que_sobrevive_ao_corpo
se encontra, no estado de crença instintiva, não derivada de ensino, entre
todos os povos, qualquer que seja o grau de
civilização de cada um. Essa doutrina, segundo a qual a alma
é causa e
não efeito,
é a dos espiritualistas.
[9a
- Introdução II página 14] ____Espíritos, que podemos considerar adiantados, ainda não conseguiram sondar a
natureza da alma. Como poderíamos nós fazê-lo? É, portanto, perder
tempo querer perscrutar o principio das coisas que, como foi dito em O Livro dos
Espíritos (ns. 17 e 49), está nos segredos de Deus. Pretender esquadrinhar,
com o auxílio do Espiritismo, o que escapa à alçada da humanidade, é
desviá-lo do seu verdadeiro objetivo. ____Aplique
o homem o Espiritismo em aperfeiçoar-se_moralmente, eis o essencial. O mais
não passa de curiosidade estéril e muitas vezes orgulhosa, cuja satisfação
não o faria adiantar um passo. O único meio de nos adiantarmos consiste em nos
tornarmos melhores . [17b - página 71 item 51] |