"O
maior destruidor da paz no Mundo hoje, é o aborto. Ninguém tem o direito
de tirar a vida; nem a mãe, nem o pai, nem a conferência, ou o Governo."
Madre Tereza de Calcutá
(Mensagem à Conferência na ONU). ____O
termo aborto que, cientificamente, indica o produto do abortamento, foi popularmente
usado como sinônimo deste, confundindose, assim, a ação com o resultado
dela, o ato de abortar com seu cadáver, o aborto. Apesar da ressalva, usaremos
indistintamente neste trabalho, dado a consagração do termo, uma ou outra
denominação com a mesma finalidade. ____Assim,
aborto ou abortamento seria a expulsão do concepto, antes da sua viabilidade,
esteja ele representado pelo ovo, pelo embrião ou pelo feto; a expulsão do
feto viável, antes de alcançado o termo, denominase parto prematuro. É ,
pois, a interrupção da gravidez antes da prematuriedade – abortamento;
durante – parto prematuro; completada – parto a termo; ultrapassada –
parto serotino. ____Pode
ser o aborto, sob o ponto de vista médico, espontâneo ou provocado, e a diferença está na intenção, pois que
este último é devido à interferência intencional da
gestante, do médico ou de qualquer outra pessoa, visando ao extermínio do
concepto. Neste trabalho, por
motivos óbvios, só nos referiremos ao aborto provocado. Incidência
____Segundo
dados da Organização Mundial de Saúde (OMS), feitos por estimativa e,
antes de serem publicados, já foram divulgados pela Rede Nacional Feminista de Saúde e Direitos Reprodutivos
("Dossiê Aborto Inseguro") através do jornal O Globo,
é na América do Sul onde ocorre o maior número de abortos clandestinos no mundo, vindo em segundo a América Central
e, em terceiro, a África. O Brasil é o campeão
mundial, pois aqui são consumados 1,4 milhão de abortos clandestinos por
ano, mais do que todos os outros países da América do Sul reunidos. Meninas e jovens de até 19 anos fazem 48% das
interrupções legais da gravidez, segundo a nossa
rede pública. Dados do Fundo das Nações Unidas para a População (FUNUAP)
mostram que em conseqüência de complicações deles, morrem por ano nos
países da América Latina (inclusive no Brasil) seis mil mulheres, consistindo
na terceira causa de morte materna,
depois das hemorragias e da hipertensão. Relatório do
Instituto Allan Gutmacher (Folha de S. Paulo: 14399) mostra que a maior incidência por percentagem de abortos
(36%) acontece nos países desenvolvidos, graças
à permissão da lei, sendo deles também a maior taxa de gravidez não
planejada (49%), mas englobam
apenas 28 milhões de mulheres grávidas por ano. Os países
subdesenvolvidos apresentam planejamento melhor (36% dos nascimentos não
são previstos) e menos abortos (20%), entretanto representam 182 milhões de grávidas. No Brasil, segundo o mesmo
Instituto, a cada 1.000 adolescentes grávidas, 32
recorrem ao aborto. Somente a República Dominicana (onde também é proibido) e
EUA (onde é legalizado), têm taxas maiores: 36.
____Conclui
ainda o relatório que nos EUA, como é crescente o número de mulheres que
praticam o aborto, existe uma preocupação do Congresso, que prevê crescimento
populacional negativo na próxima década,
falta de mãodeobra e colapso de
sistema previdenciário em vinte anos. Outro dado importante é que 63% das mulheres norteamericanas chegam aos 18
anos já tendo praticado sexo. Só na Dinamarca (72%)
e na Islândia (71%) o percentual é maior. O próprio Instituto reconhece que parte das mulheres só fazem sexo por
saberem que não terão filhos (seja
porque usam métodos contraceptivos, seja pela prática do aborto). Equivale dizer que, naqueles países onde o aborto
foi legalizado, ganhando o nome, dado por
eles, de "aborto seguro", o número de abortamentos vem aumentando
assustadoramente e
não menos assustadora foi a diminuição do número de gravidezes programadas, denotando ambos, o aumento da
"irresponsabilidade segura".
AS
CONSEQÜÊNCIAS
O
aborto é um crime hediondo que produz uma série de conseqüências
espirituais, perispirituais,
físicas, psicológicas e legais.[3]
- Conseqüências
espirituais e perispirituais: estão relacionadas ao crime, com
repercussões para o criminoso e a vítima. PARA
O CRIMINOSO: Em trabalho
publicado na Revista Internacional de Espiritismo [x], referimonos à programação genética
reencarnatória [4], já que "não existindo o acaso, tudo na
reencarnação acontece sob a
égide de Deus, o Senhor da Vida. Sendo esta programada, os
Espíritos Superiores atuariam como construtores ou geneticistas, no fluxo
da vida, selecionando o óvulo e o espermatozóide que originarão o ovo;
sempre que possível participa
nesta seleção genética o Espírito reencarnante, sendo o grau de comando dos Espíritos Superiores inversamente
proporcional ao estágio evolutivo do Espírito. Estabelecemse,
outrossim, fortíssimos compromissos entre os pais e o Espírito reencarnante
e viceversa. Colaboram os Espíritos_simpáticos e tentam interferir negativamente
os Espíritos inimigos, de acordo com as possibilidades das sintonias".
O produto deste magnífico
trabalho de coorporificação da espiritualidade é o ovo,
que originará os 75 trilhões de células do corpo físico [3], indo servir
de roupagem ao Espírito
reencarnante, como veículo possuidor de todas as dimensões necessárias e suficientes, colocadas a seu
serviço para executar sua proposta reencarnatória e
conduzilo à evolução espiritual. O
aborto não é uma solução, é um adiamento doloroso, uma porta aberta de entrada no crime e no mal, e um
rompimento de compromissos estabelecidos pelo Espírito,
ora delituoso, com Deus, com o reencarnante e em última análise consigo mesmo.
Quem
quer que venha praticar esse delito ou com ele colaborar predispõese a alterações significativas do centro_genésico, em seu perispírito, com conseqüências atuais
e posteriores, na esfera patológica de seus órgãos sexuais e também, por
vezes, dos centros_de_força (chacras) coronário,
cardíaco e esplênico
com todas as repercussões
pertinentes. Nós estamos preparando hoje a reencarnação de amanhã; um aborto provocado agora se
refletirá no chacra_genésico,
e será mais além o aborto
espontâneo, pois a paternidade e a maternidade não valorizados hoje, o
serão com certeza amanhã,
noutra encarnação, mas agora por um processo educativo, que
passa pela dor e pelo sofrimento redentor. Em igual patamar, como
conseqüência, estão a
prenhez tubária, a placenta prévia, o descolamento prematuro de placenta, a esterilidade, a impotência, entre
outras causas que atingem a esfera do aparelho
reprodutor masculino e feminino. PARA
A VÍTIMA: O único caso em
que é aceito o aborto, pela Doutrina Espírita, é quando existe risco
insuplantável para a vida da mãe [x] . Em todos os demais casos
considerase ser este
compromisso inquebrantável, sob o ponto de vista moral e portanto
consciencial espiritual, quer
na prova dolorosa do estupro, quer nos fetos acárdicos e anencéfalos,
ou qualquer argumento, como o direito de escolha da mulher e sua plasticidade,
falta de recursos financeiros, etc. A luta entre o "devo mas não posso
e o posso mas não devo"
nada mais é do que "todas as coisas me são lícitas, mas nem
todas me convêm" (Paulo, I Coríntios, 6:12). A
reação da vítima, o Espírito reencarnante, varia, de acordo com seu grau
evolutivo, da decepção, quando
aproveita a reencarnação
malograda para sua purificação, à
obsessão, e dadas as circunstâncias, é mais provável que reaja da
segunda forma, sintonizandose
às vezes com verdadeiras falanges de Espíritos obsessores: "(...)
ódio aos que se recusaram a recebêlos num novo berço e, quando não lhes infernizam a existência terrena,
em longos processos obsessivos, aguardam, sequiosos
de vingança, que façam o trespasse, para então tirarem a forra,
castigandoos sem dó nem piedade." [5]
- Conseqüências
físicasConseqüências
físicas imediatas: Consideremos aqui as de ocorrência médica, que
acontecem nesta encarnação. Estimase
que a morte da gestante ocorra em 20% dos casos de abortamento provocado
na clandestinidade e além disso descrevemse: perfurações do útero com cureta, sondas, velas, etc.; anemia
aguda, decorrente de hemorragias provocadas por
estas últimas, por abortamento incompleto (restos ovulares) e demais
traumatismos da vagina, do
útero e das trompas; infecções, inclusive tétano, abscessos, septicemias,
gangrenas gasosas; esterilidade secundária; lesões intestinais,
complicações hepáticas e
renais pelo uso de substâncias tóxicas."[2] Assim,
o aborto, quando não determina a morte, pode imprimir marcas indeléveis no corpo físico e, como vimos,
também no corpo perispiritual.
- Conseqüências
psicológicas Não
podemos fugir da nossa consciência, nem pretextar ignorância das Leis Morais pois elas estão aí
impressas"[6], e quando se pratica este tipo de crime, despertase o
sentimento de culpa, o arrependimento
e às vezes o remorso, a nos perseguir
por
toda vida física e extrafísica. O arrependimento é a antesala da
reabilitação, e quando
dinâmico, canalizado para ações construtivas, pode levar, via reforma íntima e trabalho regenerador, e não
raro espelhado na adoção, a minimização de nossas
faltas. O remorso é a lamentação interior inoperante, completamente
estático, que como um ácido
corrói o recipiente onde é guardado, provocando a viciação mental,
a mente em desarmonia, que é porta aberta aos processos obsessivos."[x]
- Conseqüências
legais Não nos
estenderemos sobre o tema, lembrando que "nem tudo que é legal é moral e nem tudo que é moral é
legalizado"[7] . O aborto
é um crime, e se não é admissível que morram mulheres jovens, menos admissível ainda é que se assassinem
covardemente os mais jovens ainda e mais
indefesos, praticandoo. O assunto é tratado nos artigos 124 a 128 do
Código Penal, determinando
penas que vão de 1 a 10 anos.
Conclusão:____"O
primeiro dos direitos naturais do homem é o direito de viver. O primeiro dever é defender e proteger o seu primeiro
direito: a vida."[8] ____O
aborto é um crime nefando, porque praticado contra um inocente indefeso; o produto da concepção está vivo, e tem o
direito divino de continuar vivendo e de nascer.
Transgridese assim o 5o Mandamento: "Não Matarás". ____Errar
é humano; assumir o erro, é divino. ____O
Espiritismo não aceita a legalização do aborto, nem com ela compactua, porque legalizálo é legalizar o crime e
a irresponsabilidade. O "aborto seguro" com que
acenam, dizendose defensores da vida da mulher, mesmo se verdadeira, não passa de uma proposta para o crime, em que
saem em desvantagem as vítimas, os inocentes
e indefesos conceptos e aparentemente premiada a irresponsabilidade, excetuandose
desta os casos de estupro, no qual também não justificamos o delito, pois
mesmo aí existe um compromisso cármico a ser cumprido. ____"Lembraivos
de que a cada pai e a cada mãe perguntará Deus:[9] ____–
Que fizestes do filho confiado à vossa guarda?" ____E
quem praticou o aborto responderá: ____–
Eu matei meu próprio filho... ____Quem
assim dirá, embora reconhecendo a grave falta em que incorreu, não deve
cultuar o remorso ou consumirse no sentimento corroente da culpa, que levariam
à estagnação, mas dinamizarse e
orientar sua energia no trabalho regenerador, agora
sim, na defesa da vida, praticando a caridade, dedicandose ao próximo e
servindo com amor, que alcançariam
sua plenitude na dádiva espelhada da adoção, na certeza
de que com esses procedimentos encontrará a justiça indulgente e a
misericórdia do Criador.
____"Não
é na culpa corrosiva nem no remorso
paralisante, mas sim no arrependimento dinâmico que nos remete à ação e ao
amor, afastandonos do vale da dor e do
sofrimento, que encontraremos o caminho da libertação."[10]
FERNANDO
A. MOREIRA
Referências
Bibliográficas: [1]
FURLAN, Laércio. Respeito ao embrião e ao feto – Diga não ao Aborto. Mundo
Espírita. jan. 98, p. 2.
[2]
REZENDE, Jorge. Ed. GuanabaraKoogan, 1963, p. 667.
[3]
MOTA JR., Eliseu Florentino. Aborto sob a luz do Espiritismo. Matão (SP): Casa
Ed. O Clarim, 1995, p. 97 e 121.
[4]
MOREIRA, Fernando Augusto. Reencarnação e Genética, Revista Internacional de
Espiritismo, março 2000, p. 6.
[5]
CALLIGARIS, Rodolfo. As Leis Morais. 8. ed., Rio de Janeiro: FEB, 1991, p. 77.
[6]
KARDEC, Allan. O Livro dos Espíritos, 80. ed., Rio de Janeiro: FEB, 1987, perg.
358, 359 e 621.
[7]
CARVALHO, Alamar Régis. O Aborto e suas conseqüências, SEDA – Salvador,
(BA): 31799)
[8]
KARDEC, Allan. Revista Espírita. Aborto; direito ou crime?; extraído do site www.cvdee.org.br
, em 241199.
[9]
KARDEC, Allan. O Evangelho segundo o Espiritismo, 116. ed., Rio de Janeiro: FEB,
1987, p. 240.
[10]
GANDRES, Doris Madeira. Tesouro maior, Revista Internacional do Espiritismo, jan
1999, p. 220.
[11]
XAVIER, Francisco Cândido. Pelo Espírito André Luiz. Missionários da Luz.
34. ed., Rio de Janeiro: FEB, 2000,
p. 187 a 189 e 208.
[12]
KÜHL, Eurípides. Genética e Espiritismo, Rio de Janeiro: FEB, 2. ed., 1996,
p. 40.
[13]
MIRANDA, Hermínio C. Nossos Filhos são Espíritos. Publ. Lachâtre, 1995, p.
47.
[14]
SOARES, José Luis. Biologia. Ed. Scipione, 1997, p. 195.
[15]
DENIS, Léon. O Problema do Ser, do Destino e da Dor, 23. ed. FEB, 2000, p. 193.
[16]
ROCHA, Alberto de Souza. Além da matéria densa. Ed. Correio Fraterno, 1997, p.
153. Reencarnação em foco. Casa
Editora O Clarim, 1991, p. 105.
[17]
LIMA, Inaldo Lacerda. Reformador, jun. 1987, p. 169.
[18]
SANTA MARIA, José Serpa de. Direito de Viver. Reformador, jun. 1992, p. 168. *
As referências assinaladas com [x] correspondem às de números [1] a [18],
pertencentes ao artigo
Reencarnação e Genética (ver referência 1), em que se baseou o texto deste
artigo. Revista
REFORMADOR Julho de 2001 |