____Segundo Leihnitz, a força é
a essência de todos os seres, seja alma ou matéria. O Universo inteiro,
corpos e almas, é formado de mônadas
ou últimas_divisões_dos_átomos,
homogêneas em essência, mas pelo Criador dotados de certas faculdades,
desenvolvidas em graus infinitamente diversos. Assim, as alterações
que a mônada sofre, são unicamente as evoluções graduais e
sucessivas
de suas próprias faculdades íntimas. Compondo-se cada mônada de corpo e
alma, mas sendo em si mesma de uma essência simples e indestrutível, o mundo_material, mesmo em sua parte inorgânica, é por toda a parte
animado. Desse modo, a matéria é apenas uma expressão da força, e a
força é o modo de agir de tudo o que existe e a única coisa
persistente. As formas materiais não têm estabilidade. Um organismo é
uma forma temporária donde continuamente emanam partículas. Ele se
assemelha à chama de uma lâmpada, incessantemente alimentada e
incessantemente consumida. Só é persistente aquilo que se esconde sob
todas as existências fenomenais. A matéria, como a conhecemos, é incapaz de agir por si mesma; é preciso que se atue sobre ela; mas essa
energia intima e capaz de produzir todas as formas é hoje a mesma que foi
ontem. Á matéria passa indiferentemente de um a outro molde, não
retendo caráter algum de individualidade. Só o Espírito pode agir, e a
matéria é a resultante desse ato.
(Ver:
Passe) ____Assim, no sistema de Leibnitz, o substancial não pertence aos órgãos,
mas aos seus elementos originais. A matéria, no sentido vulgar, isto é, uma coisa sem alma, não
existe. A morte não existe; e aquilo a que
damos esse nome nao é mais que a perda sofrida pela alma de parte das mônadas,
que constituem o mecanismo de seu corpo_terreno, dos elementos vividos que
voltam a uma condição semelhante àquela em que se achavam, antes de
entrarem no cenário do mundo. Assim, a imortalidade_do_indivíduo é
certa. Prestando um corpo à mônada, Leibnitz afasta-se da
concepção
tradicional da corporeidade. O corpo da mônada não é um corpo no sentido
ordinário da palavra, mas uma força. Desse modo, nada realmente morre:
tudo existe e sòmente se transforma. Deus não o Deus dos mortos, mas
dos
vivos. Ele é a Mônada Primitiva, a Primitiva Substância; todas as
outras mônadas são fulgurações d’Ele. ____Serão imortais as almas_dos_animais
ínfimos? Sim; elas têm sensações e
memória. Cada alma é uma mônada, pois o poder que cada uma possui, de
agir sobre si mesma, prova a sua substancialidade, e todas as substâncias
são mônadas. Aquilo que se nos apresenta como um corpo, é real e
substancialmente um agregado de muitas mônadas; a materialidade, pela
qual elas se exprimem, sendo apenas um fenômeno transitório, é sòmente
por causa da confusão de nossas percepções sensoriais que essa
pluralidade se nos mostra como um todo contínuo. As plantas e os minerais
são, como tais, mônadas adormecidas com ideias inconscientes; nas
plantas, essas ideias são as conformadoras forças vitais.
____"Fico
atônito, diz Leibnitz, pensando na natureza_da_alma_humana, de cujos poderes e capacidades não temos uma concepção precisa." Há muita
coisa no Espiritismo que se harmoniza com as
suas vistas. A ideia fundamental do seu sistema filosófico, e que a
concepeção espiritual ou teólogo-teleológica do mundo não deveria excluir a concepção
físico-mecânica, porém estar unida a esta. Assim,
ele parece ter prevenido a pretensão da pseudo-ciéncia, representada por
Haeckel, Huxley, Clifford e outros, de encontrarem na matéria e no mecanismo uma
explicação de todos os fenômenos mentais. Ele diz
que os fenômenos especiais podem e devem ser explicados mecânicamente,
mas que não devemos perder de vista os fins que a Providência pode
cumprir empregando esses meios mecânicos; que mesmo os princípios da Física
e da Mecânica estão sujeitos à direção de uma Inteligência suprema, e
só podem ser explicados, quando não se põe de lado essa inteligência.
[97 - página 31] - 1880 - Epes
Sargent |