A fatalidade existe unicamente pela escolha_que_o_Espírito_fez, ao encarnar,
desta ou daquela prova para sofrer.
Escolhendo-a, institui para si uma espécie de destino, que é a
conseqüência
mesma da posição em que vem a achar-se colocado. Falo das provas físicas,
pois, pelo que toca às provas morais e às
tentações, o Espírito, conservando o livre-arbítrio
quanto ao bem_e_ao_mal, é sempre senhor de ceder ou de
resistir. Ao vê-lo fraquejar, um_bom_Espírito
pode vir-lhe em auxílio, mas não pode influir sobre ele de maneira a
dominar-lhe a vontade. Um Espírito_mau, isto
é, inferior, mostrando-lhe, exagerando aos seus olhos um
perigo físico, o poderá abalar e amedrontar. Nem por isso, entretanto, a
vontade do Espírito encarnado deixa de se
conservar livre de quaisquer peias (embaraço, impedimento, obstáculo).
[9a - página 390 questã 851 ]
Há
pessoas que parecem perseguidas por uma fatalidade,
independente da maneira por que procedem. São, talvez, provas
que lhe caiba sofrer e que elas escolheram. Porém, ainda aqui lançais
à conta do destino o que
as mais das vezes é apenas conseqüência de vossas próprias faltas. Trata de
ter pura a consciência em meio dos males que te afligem e já bastante
consolado te sentirás. ____As
ideias exatas ou falsas que fazemos das coisas nos levam a ser bem ou mal
sucedidos, de acordo com o nosso caráter e a nossa posição social. Achamos
mais simples e menos humilhante para o nosso amor-próprio atribuir antes à
sorte ou ao destino os insucessos que experimentamos, do que à nossa própria
falta. É certo que para isso contribui algumas vezes a influência_dos_Espíritos, mas também o é que podemos sempre forrar-nos a essa
influência, repelindo as ideias que eles nos sugerem, quando más. [9a - página 390 questão 852]
A fatalidade, como vulgarmente é entendida, supõe a
decisão prévia e irrevogável de todos os
sucessos da vida, qualquer que seja a importância deles.
Se tal fosse a ordem
das coisas, o homem seria qual máquina sem vontade. De que lhe serviria a inteligência, desde que houvesse de estar
invariavelmente dominado, em todos os seus atos, pela
força do destino?
- Semelhante doutrina, se verdadeira, conteria a destruição
de toda liberdade moral; já não haveria para o
homem responsabilidade, nem, por conseguinte, bem,
nem mal, crimes ou virtudes.
- Não seria possível que Deus, soberanamente justo,
castigasse suas criaturas por faltas cujo cometimento
não dependera delas, nem que as recompensasse
por virtudes de que nenhum mérito teriam.
- Demais, tal lei seria a negação da do progresso, porquanto o homem, tudo esperando da
sorte, nada tentaria para melhorar a sua
posição, visto que não conseguiria ser mais nem menos.
____Contudo,
a fatalidade não é uma palavra vã. Existe na
posição que o homem ocupa na Terra e nas
funções que aí desempenha, em conseqüência do gênero de vida que seu Espírito escolheu como:
____Ele sofre fatalmente todas as vicissitudes dessa existência e todas as tendências boas
ou más, que lhe são inerentes. Aí, porém,
acaba a fatalidade,
pois da sua vontade depende ceder ou não a essas tendências. Os pormenores
dos acontecimentos, esses ficam subordinados às circunstâncias que ele próprio cria pelos seus atos,
sendo que nessas circunstâncias podem os Espíritos influir pelos pensamentos que
sugiram. Há fatalidade,
portanto, nos acontecimentos que se apresentam, por serem estes conseqüência
da escolha que o Espírito fez da sua existência de homem. Pode deixar de haver fatalidade no resultado de tais acontecimentos, visto ser possível ao homem, pela sua prudência, modificar-lhes o curso.
- Nunca
há fatalidade nos
atos da vida moral.
- No
que concerne à morte é
que o homem se acha submetido, em absoluto, à inexorável
lei da fatalidade,
por isso que não pode escapar à sentença que lhe marca o termo da
existência, nem ao gênero de morte que haja de cortar a esta o fio.
[9a - página 399 questão 872] |