- Pode evocar-se o
Espírito de uma pessoa viva?
R -Sim, inclusive, o Espírito de um vivo
também pode, em seus momentos de liberdade, se apresentar sem ser
evocado; isto depende da simpatia que tenha pelas pessoas com quem se
comunica. Mas, é necessário que o estado do corpo permita que no
momento da evocação o Espírito se
desprenda. Com tanto mais
facilidade vem o Espírito encarnado, quanto mais elevado for em
categoria o mundo onde ele está, porque menos materiais são lá os
corpos.
- Em que estado se acha o corpo da pessoa cujo Espírito é evocado?
R -Dorme, ou cochila; é quando o Espírito está livre.
Poderia o corpo despertar enquanto o Espírito está ausente? R -Não; o Espírito é forçado a reentrar na sua habitação. Se,
no momento, ele estiver confabulando convosco, deixa-vos e às vezes
diz por que motivo.
- Como, estando ausente do corpo, o Espírito é avisado da necessidade
da sua presença?
R -O Espírito jamais está completamente
separado do corpo vivo em que habita; qualquer que seja a distância a
que se transporte, a ele se conserva ligado por um laço_fluídico que
serve para chamá-lo, quando se torne preciso. Esse laço só a morte
o rompe.
NOTA. Esse laço fluídico há sido muitas vezes
percebido por médiuns
videntes. É uma espécie de cauda
fosforescente que se perde no Espaço e na direção do corpo. Alguns
Espíritos hão dito que por aí é que reconhecem os que ainda se
acham presos ao mundo corporal. |
- Que sucederia se, durante o
sono e na ausência do Espírito, o corpo
fosse mortalmente ferido?
R -O Espírito seria avisado e voltaria
antes que a morte se consumasse.
Não poderá dar-se
que o corpo morra na ausência do Espírito e que este, ao voltar,
não possa entrar? R -Não; seria contrário à lei que rege a
união da alma e do corpo.
Mas, se o golpe for dado
subitamente e de improviso? R -O Espírito será prevenido antes
que o golpe mortal seja vibrado.
NOTA. Interrogado sobre este
fato, respondeu o Espírito de um vivo: "Se o corpo pudesse
morrer na ausência do Espírito, este seria um meio muito cômodo de
se cometerem suicídios hipócritas." |
- O Espírito de uma pessoa evocada durante o sono é tão livre de se
comunicar como o de uma pessoa morta?
R -Não; a matéria sempre o
influencia mais ou menos.
Nesse estado, poderia o
Espírito ser impedido de vir, por se achar em outra parte? R -Sim, pode acontecer que o Espírito esteja num lugar onde lhe
apraza permanecer e então não acode à evocação, sobretudo quando
feita por quem não o interesse.
NOTA. Uma pessoa, que se achava nesse
estado e a quem foi feita essa pergunta, respondeu: Estou sempre
ligada à grilheta que arrasto comigo.
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- Evocada, uma pessoa viva conserva a lembrança da evocação, depois
de despertar?
R -Não; vós mesmos o sois mais freqüentemente do
que pensais. Só o Espírito o sabe, podendo às vezes deixar do fato
uma impressão vaga, qual a de um sonho.
Quem pode
evocar-nos, sendo nós, como somos, seres obscuros? R -Pode
suceder que em outras existências tenhais sido pessoas conhecidas
nesse mundo, ou em outros. Podem fazê-lo igualmente vossos parentes e
amigos nesse mundo, ou em outros. Suponhamos que teu Espírito tenha
animado o corpo do pai de outra pessoa. Pois bem, quando essa pessoa
evocar seu pai, é teu Espírito que será evocado e quem
responderá.
- Evocado o Espírito de uma pessoa viva, responde ele como Espírito,
ou com as ideias que tem no estado de vigília (acordado)?
R -Isso depende
da sua elevação; porém, sempre julga com mais ponderação e tem
menos prejuízos, exatamente como os sonâmbulos; é um estado quase
semelhante.
- Se fosse evocado no estado de
sono
magnético, o Espírito de um
sonâmbulo seria mais lúcido do que o de qualquer outra pessoa?
R -Responderia sem dúvida mais facilmente, por estar mais
desprendido; tudo decorre do grau de independência do Espírito com
relação ao corpo.
Poderia o Espírito de um sonâmbulo
responder a uma pessoa que o evocasse a distância, ao mesmo tempo que
respondesse verbalmente a outra pessoa? R -A faculdade de se
comunicar simultaneamente em dois pontos diferentes só a têm os
Espíritos completamente desprendidos da matéria.
- É
livre, o Espírito de uma pessoa viva, de dizer o que queira?
R - ele tem suas faculdades de Espírito e, por conseguinte, seu
livre-arbítrio; e, como então dispõe de mais perspicácia, se
mostra mais circunspecto do que no estado de vigília.
- Poder-se-ia, evocando-a, constranger uma pessoa a dizer o que quisesse
calar?
R - eu disse que o Espírito tem o seu livre-arbítrio;
pode, porém, dar-se que, como Espírito, a pessoa ligue menos
importância a certas coisas do que no estado ordinário, podendo
então sua consciência falar mais livremente. Demais, se ela não
quiser falar, poderá sempre fugir às importunações, indo-se o seu
Espírito embora, porquanto ninguém pode reter um Espírito, como se
lhe retém o corpo.
- Poderia o Espírito de uma pessoa viva ser constrangido, por outro
Espírito, a vir e falar, como se dá com os Espíritos errantes?
R - entre os Espíritos, sejam de mortos, ou de vivos, não há
supremacia senão por efeito da superioridade moral e bem deves
compreender que um Espírito superior jamais prestaria apoio a uma
covarde indiscrição.
NOTA. Este abuso de confiança seria,
efetivamente, uma ação má, mas que nenhum resultado poderia
produzir, pois que não há meio de arrancar-se um segredo ao
Espírito que o queira guardar, a menos que, dominado por um
sentimento de justiça, confessasse o que em outras circunstâncias
calaria.
Uma pessoa quis saber, por esse modo, de um de seus parentes,
se o testamento que por este fora feito era a seu favor. O Espírito
respondeu: "Sim, minha cara sobrinha, e terás em breve a prova.
"A coisa era, de fato, real; mas, poucos dias depois, o parente
destruiu seu testamento e teve a malícia de fazer disso ciente a
pessoa, sem que, entretanto, haja sabido que esta o evocara. Um
sentimento instintivo o levou sem dúvida a executar a resolução que
seu Espírito tomara, de acordo com a pergunta que lhe fora feita. Há
covardia em perguntar-se ao Espírito de um morto ou de um vivo o que
se não ousaria perguntar à sua pessoa, covardia essa que nem mesmo
tem, por compensação, o resultado que se pretende. |
INCONVENIÊNCIAS
- Tem inconvenientes a evocação de uma pessoa viva?
R -Nem sempre
é sem perigo, dependendo isso das condições em que se ache a
pessoa, porquanto, se estiver doente, poderá aumentar-lhe os
sofrimentos.
- Poderia um Espírito mistificador tomar o lugar de uma pessoa viva que
se evocasse?
R -É fora de dúvida que sim e isso acontece
freqüentemente, sobretudo quando não é pura a intenção do
evocador. Em suma, a evocação das pessoas vivas só tem interesse
como estudo psicológico. Convém que dela vos abstenhais sempre que
não possa ter um resultado instrutivo.
NOTA. Se a evocação
dos Espíritos errantes nem sempre dá resultado, conforme expressão
usada por eles, muito mais freqüente é que assim aconteça com a dos
que estão encarnados. Então, sobretudo, é que os Espíritos
mistificadores se apresentam, em lugar dos evocados. |
- Em que caso será mais inconveniente a evocação de uma pessoa viva?
R -Não devem evocar-se as crianças de tenra idade, nem as pessoas
gravemente doentes, nem, ainda, os velhos enfermos. Ela
pode ter inconvenientes todas as vezes que o corpo esteja muito
enfraquecido.
NOTA. A brusca suspensão das qualidades
intelectuais, durante o estado de vigília (acordado), também poderia oferecer
perigo, se a pessoa nesse momento precisasse de toda a sua presença
de Espírito. |
- Durante a evocação de uma pessoa viva, seu corpo, embora ausente,
experimenta fadiga por efeito do trabalho a que se entrega seu
Espírito?
R - Uma pessoa, que se encontrava nesse estado e que pretendia
que seu corpo se fatigava, respondeu assim a essa pergunta: "Meu
Espírito é como um balão cativo preso a um poste; meu corpo é o
poste, que as oscilações do balão sacodem."
- Pois que a evocação das pessoas vivas pode ter inconvenientes,
quando feitas sem precaução, deixa de existir perigo quando se evoca
um Espírito que não se sabe se está encarnado e que poderia não se
encontrar em condições favoráveis?
R -Não, as circunstâncias
não são as mesmas, Ele só virá, se estiver em condições de
fazê-lo. Aliás, eu já não vos disse que perguntásseis, antes de
fazer uma evocação, se ela é possível?
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