____Todos os Espíritos, qualquer que seja o grau em que se encontrem na
escala espiritual, podem ser evocados:
- assim os bons,
- como os maus,
- tanto os que deixaram
a vida de pouco,
- como os que viveram nas épocas mais remotas,
- Os que foram homens
ilustres,
- como os mais obscuros,
- os nossos parentes e
amigos,
- como os que nos são
indiferentes.
____Isto, porém, não quer dizer que eles sempre queiram ou possam responder
ao nosso chamado. Independente da própria vontade, ou da permissão, que lhes
pode ser recusada por uma potência superior, é possível se achem impedidos de
o fazer,
por motivos que nem sempre nos é dado conhecer. Queremos dizer que não há impedimento
absoluto que se oponha às comunicações, salvo o que dentro em pouco diremos.
Os obstáculos capazes de impedir que um Espírito se manifeste são quase
sempre individuais e derivam das circunstâncias. [17b
página351 Item274] entre as causas que podem impedir a manifestação de um
Espírito:
- umas
lhe
são pessoais
- e outras, estranhas.
Entre as causas pessoais, devem colocar-se:
- a sua própria vontade;
- as
ocupações ou
as missões que esteja desempenhando e das quais não pode afastar-se, para
ceder aos nossos
desejos. Neste caso, sua visita apenas fica adiada.
- Há
também a sua própria situação (o seu estado
corporal, se se acha encarnado). Se bem que o estado de encarnação não constitua
obstáculo absoluto,
- pode representar um impedimento, em certas ocasiões, sobretudo
quando aquela se dá nos_mundos inferiores e quando o próprio Espírito está pouco
desmaterializado;
- Ou ainda o lhe ser, para isso, negada permissão. O motivo de ser
negado, pode ser uma prova, ou uma punição, para ele, ou
para aquele que o chama.
Nos mundos superiores, naqueles em que os laços entre o Espírito
e a matéria são muito fracos, a manifestação é quase tão fácil quanto no estado_errante,
mais fácil, em todo caso, do que nos mundos onde a matéria corpórea é mais compacta.
As causas estranhas residem principalmente:
- na natureza do
médium,
- na da pessoa
que evoca,
- no meio em que se faz a
evocação,
- enfim, no objetivo que se tem em vista.
|
____Alguns médiuns recebem mais particularmente comunicações de seus Espíritos familiares,
que podem ser mais ou menos elevados; outros se mostram aptos a servir de intermediários
a todos os Espíritos, dependendo isto da simpatia_ou_da_antipatia, da atração
ou da repulsão que o Espírito pessoal do médium exerce sobre o Espírito chamado,
o qual pode tomá-lo por intérprete, com prazer, ou com repugnância. Isto também
depende, abstração feita das qualidades íntimas do médium, do desenvolvimento
da faculdade mediúnica. ____Os Espíritos vêm de melhor vontade e, sobretudo,
são mais explícitos com um médium que lhes não oferece nenhum obstáculo material. Aliás, em igualdade de condições
morais, quanto mais facilidade tenha o médium
para escrever ou para se exprimir, tanto mais se generalizam suas relações com
o
mundo espírita. [17b
página352 Item275] e [17b
página358 Item282] (questões 3º e 4º) ____"Há
Espíritos que nunca podem comunicar-se: os que, por sua natureza, ainda
pertencem a mundos inferiores a Terra. Tão pouco o podem os que se
acham nas esferas de punição, a menos que especial permissão lhes
seja dada, com um fim de utilidade geral. ____Para que um Espírito possa
comunicar-se, preciso é tenha alcançado o grau de adiantamento do
mundo onde o chamam, pois, do contrário, estranho que ele é às
ideias desse mundo, nenhum ponto de comparação terá para se
exprimir. O mesmo já não se dá com os que estão em missão, ou em
expiação, nos mundos inferiores. Esses têm as ideias necessárias
para responder ao chamado."
[17b
página358 Item282] (questão 3º)
____Cumpre ainda levar em conta a facilidade que deve resultar do hábito da
comunicação
com tal ou qual Espírito. Com o tempo, o Espírito estranho se identifica com
o do médium e também com aquele que o chama. Posta de parte a questão da simpatia,
entre eles se estabelecem relações fluídicas que tornam mais prontas as comunicações. Por isso é que uma primeira confabulação nem sempre é tão satisfatória quanto
fora de desejar e que os próprios Espíritos pedem freqüentemente que os chamem
de novo. O Espírito que vem habitualmente está como em sua casa: fica familiarizado
com seus ouvintes e intérpretes, fala e age livremente. [17b
página353 Item276]
____Em resumo, do que acabamos de dizer resulta:
- que a faculdade de evocar
todo
e qualquer Espírito não implica para este a obrigação de estar à nossa
disposição;
- que
ele pode vir em certa ocasião e não vir noutra, com um médium, ou um evocador
que
lhe agrade e não com outro;
- dizer o que quer, sem poder ser constrangido a
dizer o que
não queira;
- ir-se quando lhe aprouver;
- enfim, que por causas dependentes ou
não da sua
vontade, depois de se haver mostrado assíduo durante algum tempo, pode de repente
deixar de vir.
____Por
todos estes motivos é que, quando se deseja chamar um Espírito que ainda não
se apresentou, é necessário perguntar ao seu guia_protetor se a
evocação é
possível; caso
não o seja, ele geralmente dá as razões e então é inútil insistir. [17b
página353 Item277]
Uma questão importante se apresenta aqui, a de saber se há ou não
inconveniente
em evocar maus_Espíritos. Isto depende do fim que se tenha em vista e do ascendente
que se possa exercer sobre eles. O inconveniente é nulo, quando são chamados
com um fim sério, qual o de os instruir e melhorar; é, ao contrário, muito grande,
quando chamados por mera curiosidade ou por divertimento, ou, ainda. quando quem
os chama se põe na dependência deles, pedindo-lhes um serviço qualquer. ____Os
bons_Espíritos, neste caso, podem muito bem dar-lhes o poder de fazerem o que
se lhes
pede, o que não exclui seja severamente punido mais tarde o temerário que
ousou solicitar-lhe
o auxilio e supô-los mais poderosos do que Deus. Será em vão que prometa a
si mesmo, quem assim proceda, fazer dali em diante bom uso do auxílio pedido e despedir
o servidor, uma vez prestado o serviço. Esse mesmo serviço que se solicitou, por
mínimo que seja, constitui um verdadeiro pacto firmado com o mau Espírito e este não
larga facilmente a sua presa. [17b
página353 Item278]
Ninguém exerce ascendentes sobre os Espíritos_inferiores , senão pela
superioridade moral. Os Espíritos perversos sentem que os homens de bem os dominam. Contra quem só lhes oponha a energia da vontade, espécie de força bruta, eles
lutam e muitas vezes são os mais fortes. ____A alguém que procurava domar um Espírito
rebelde, unicamente pela ação da sua vontade, respondeu àquele: Deixa-me em paz,
com teus ares de mata-mouros, que não vales mais do que eu; dir-se-ia um
ladrão a
pregar moral a outro ladrão. ____Há
quem se espante de que o nome de Deus, invocado contra eles, nenhum efeito
produza. A razão desse fato deu-no-la São Luís, na resposta seguinte:
- "O
nome de Deus só tem influência sobre os Espíritos imperfeitos,
quando proferido por quem possa, pelas suas virtudes, servir-se dele
com autoridade.
Pronunciado por quem nenhuma superioridade moral tenha, com
relação ao Espírito, é uma palavra como qualquer outra. O mesmo
se dá com as coisas santas com que se procure dominá-los. A mais
terrível das armas se torna inofensiva em mãos inábeis a se
servirem dela, ou incapazes de manejá-la."
|
[17b
página354 Item279]
|