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DEOLINDO AMORIM O advento da Doutrina Espírita iniciou, indiscutivelmente, um movimento renovador. Quem o pressentiu, logo nos primeiros passos, foi ainda Allan_Kardec quando disse que o Espiritismo não veio destruir a fé, mas consolidar a crença, e consolidar – acrescentemos – porque trouxe elementos concretos para demonstrar a sobrevivência da alma. O fenômeno espírita é o ponto de apoio da crença na vida espiritual. Qual foi, em grande parte, a causa da falada "decadência do sentimento religioso ou decadência da fé"? Qual a razão que levou muitas inteligências cultas, muitos homens de espírito científico a abandonarem a fé e se encaminharem para o naturalismo ou para o agnosticismo do século XIX? A falta de base, isto é, a falta de fatos interpretados racionalmente. A tradição religiosa ensinava a imortalidade da alma, pregava a vida futura como dogma, mas a verdade é que as exigências intelectuais da época faziam questão de fatos, de provas. E qual foi o movimento que se apresentou ao mundo ocidental no século XIX com uma base de fenômenos capazes de enfrentar o ceticismo e a descrença? O Espiritismo. As velhas crenças, ainda influenciadas pelo espiritualismo da Idade Média, afirmavam a imortalidade da alma após a morte; mas de que servia a afirmação, se não havia provas? O Espiritismo, com o seu conteúdo objetivo de fatos atinentes à sobrevivência da alma, reergueu a filosofia espiritualista, revigorou a crença em Deus. As religiões devem, portanto, grande serviço ao Espiritismo, justamente porque o Espiritismo lhes fornece elementos que provam a imortalidade da alma, que é a base de toda a concepção da vida futura ou vida espiritual. Fonte:
O Espiritismo à Luz da Crítica,
"O Espiritismo
tem por objetivo combater a incredulidade e suas funestas conseqüências,
dando provas patentes da existência da alma
e da vida _futura. Ele se dirige,
pois, àqueles que não crêem em nada, ou que duvidam,
e o número deles é grande, como o sabeis. Aqueles que têm um
fé religiosa, e aos quais essa fé
basta, dele não têm necessidade; àquele que diz:
"eu creio na autoridade da Igreja, e me atenho ao que ela
ensina, sem nada procurar além dela", o Espiritismo
responde que ele não se impõe a ninguém e não
vem forçar nenhuma convicção.A liberdade de consciência é uma conseqüência da liberdade de pensar, que é um dos atributos do homem; o Espiritismo estaria em contradição com seus princípios de caridade e de tolerância, se ele não a respeitasse. Aos seus olhos, toda_crença, quando sincera e não conduz o seu próximo ao erro, é respeitável, mesmo que ela fosse errônea. Se alguém tiver sua consciência empenhada em crer, por exemplo, que é o Sol que gira, nós lhe diremos: crede se isso vos satisfaz, porque não impedirá a Terra de girar; mas, da mesma forma que não procuramos violentar vossa consciência, não procurai violentar a dos outros. Se de uma crença, inocente em si mesma, fazeis um instrumento de perseguição, ela torna-se nociva e pode ser combatida. Tal é a linha de conduta que tive com os ministros de diversos cultos que a mim se dirigiram. Quando me questionaram sobre alguns pontos da doutrina, lhes dei as explicações necessárias, abstendo-me de discutir certos dogmas com os quais o Espiritismo não tem preocupações, cada um estando livre em sua apreciação; mas jamais fui procurá-los no desejo de abalar sua fé mediante uma pressão qualquer. Aquele que vem a nós como um irmão, como tal o acolhemos; aquele que nos recusa, nós o deixamos em paz. É o conselho que não cesso de dar aos espíritas, porque nunca aprovei aqueles que se atribuem a missão de converter o clero. Sempre lhes disse: semeai nocampo dos incrédulos , porque lá está uma ampla colheita a fazer. O Espiritismo não se impõe porque, como eu o disse, ele respeita a liberdade de consciência e sabe que toda crença imposta é superficial e não dá senão as aparências da fé, mas não a fé_sincera. Ele expõe seus princípios aos olhos de todos, de maneira a que cada um possa formar sua opinião com conhecimento de causa. Aqueles que o aceitam, padres ou laicos, o fazem livremente e porque os acham racionais; mas não nos zangamos de nenhum modo com aqueles que não são da nossa opinião. Se hoje há luta entre a Igreja e o Espiritismo, temos a consciência tranqüila de não tê-la provocado." [78 - Terceiro diálogo - O Padre]
KARDECISMO E OUTRAS SEITAS ESPIRITUALISTAS
[118_-_questão_73] |
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