Com
o atrativo de recompensas e temor de castigos, procura-se estimular o homem para
o bem e desviá-lo do mal. Se esses castigos, porém, lhe são apresentados de
forma que a
sua razão se recuse a admiti-los, nenhuma influência terão sobre ele. Longe
disso, rejeitará tudo: a forma e o fundo. Se, ao contrário, lhe apresentarem o futuro de maneira
lógica,
ele não o repelirá. O Espiritismo lhe dá essa explicação. ____A
doutrina da eternidade das penas, em sentido absoluto, faz do Ente Supremo um Deus implacável.
- Seria lógico dizer-se, de um soberano, que é muito bom, muito magnânimo,
muito indulgente, que só quer a felicidade dos que o cercam, mas que ao mesmo
tempo é cioso, vingativo, de inflexível rigor e que pune com o castigo extremo
as três
quartas partes dos seus súditos, por uma ofensa, ou uma infração de suas
leis, mesmo quando
praticada pelos que não as conheciam?
- Não haveria aí contradição?
- Ora, pode
Deus ser
menos bom do que o seria um homem?
____Outra
contradição. Pois que Deus tudo sabe, sabia, ao criar uma alma, se esta viria
a falir
ou não. Ela, pois, desde a sua formação, foi destinada à desgraça eterna.
- Será isto possível, racional?
____Com a doutrina das penas_relativas, tudo se justifica. Deus sabia, sem dúvida,
que ela faliria, mas lhe deu meios de se instruir pela sua própria
experiência, mediante
suas próprias faltas. É necessário, que expie seus erros, para melhor se
firmar no bem,
mas a porta da esperança não se lhe fecha para sempre e Deus faz que, dos
esforços que
ela empregue para o conseguir, dependa a sua redenção. Isto toda gente pode compreender
e a mais meticulosa lógica pode admitir. Menos cépticos haveria, se deste ponto
de vista fossem apresentadas as penas
futuras. ____Quando
sofremos de uma enfermidade duradoura, dizemos que o nosso mal é eterno. Que há,
pois, de admirar em que Espíritos que sofrem há anos, há séculos, há
milênios mesmo, assim
também se exprimam? Não esqueçamos, principalmente, que, não lhes permitindo
a sua inferioridade
divisar o ponto extremo do caminho, crêem que terão de sofrer sempre, o que lhes
é uma punição. ____Demais,
a doutrina do fogo material, das fornalhas e das torturas, tomadas ao Tártaro
do paganismo, está hoje completamente abandonada pela alta teologia e só nas escolas
esses aterradores quadros alegóricos ainda são apresentados como verdades positivas,
por alguns homens mais zelosos do que instruídos, que assim cometem grave erro,
porquanto as imaginações juvenis, libertando-se dos terrores, poderão ir
aumentar o número
dos incrédulos. A Teologia reconhece hoje que a palavra fogo é usada figuradamente
e que se deve entender como significando fogo moral. Os que têm
acompanhado,
como nós, as peripécias da vida e dos sofrimentos_de_além-túmulo, através das comunicações_espíritas, hão podido convencer-se de que, por nada terem de
material, eles
não são menos pungentes. Mesmo relativamente à duração, alguns teólogos
começam a admiti-la
no sentido restritivo acima indicado e pensam que, com efeito, a palavra eterno
se pode
referir às penas em si mesmas, como conseqüência de uma lei imutável, e não
à sua aplicação
a cada indivíduo. No dia em que a Religião admitir esta interpretação, assim
como
algumas outras também decorrentes do progresso das luzes, muitas ovelhas desgarradas
reunirá. [9a - página 464 questão 1009]
____Considerando
a penitência em sua feição_expiatória, existem numerosos lugares de provações
na esfera_para_vós_invisível,
destinados à regeneração e preparo de entidades perversas ou renitentes no
crime, a fim de conhecerem as primeiras manifestações do remorso
e do arrependimento,
etapas iniciais da obra de redenção.
____Quanto à ideia do sofrimento eterno, se
houvesse Espíritos eternamente inveterados no crime, haveria para eles um
sofrimento continuado, como o seu próprio erro. O Pastor, porém, não quer se
perca uma só de suas ovelhas. Dia virá em que a consciência mais denegrida
experimentará, no íntimo, a luz radiosa da alvorada de Seu amor. [41a - página 146] - EMMANUEL - 1940 ____Os tribunais da justiça humana, apesar de imperfeitos, por vezes não comutam
as penas e não beneficiam os delinqüentes com o “sursis”?
____A inflexibilidade e a dureza não existem para a misericórdia divina, que,
conforme a conduta do Espírito encarnado, pode dispensar na lei, em benefício
do homem, quando a sua existência já demonstre
certas expressões do amor que cobre a multidão dos pecados.
[41a - página 147] - EMMANUEL - 1940 Qualquer grande perturbação interior, chame-se:
- paixão ou desânimo,
- crueldade
ou vingança,
- ciúme
ou desespero, pode imobilizar-nos por tempo indefinível em suas malhas de sombra, quando nos rebelamos contra o imperativo de
marcha incessante com o Sumo Bem.
____O relógio inflexível assinala o mesmo horário para todos, entretanto, o tempo é leve para os que triunfaram e pesado para os que perderam. Com os vencedores, os dias são felicidade e louvor e com os vencidos são amargura e lágrimas. Quando não nos desvencilhamos dos pensamentos de flagelação e derrota, através do trabalho constante pela nossa renovação_e_progresso, transformamo-nos em fantasmas de aflição e desalento, mutilados em nossas melhores esperanças ou encafurnados em nossas chagas íntimas. E quando a morte nos surpreende nessas condições, acentuando-se-nos então a experiência subjetiva, se a alma não se dispõe ao esforço heróico da suprema renúncia, com facilidade emaranha-se nos problemas_da_fixação, atravessando anos e anos, e por vezes séculosna repetição de reminiscências desagradáveis, das quais se nutre e vive. Não se interessando por outro assunto a não ser o da própria dor, da própria ociosidade ou do próprio ódio, a criatura desencarnada, ensimesmando-se, é semelhante ao animal no sono letárgico da hibernação. Isola-se do mundo externo, vibrando tão-somente ao redor do desequilíbrio oculto em que se compraz. Nada mais ouve, nada mais vê e nada mais sente, além da esfera desvairada de si mesma.
[28a - página 235] - André Luiz - 1954 Os
Espíritos superiores ensinam que só o bem é eterno, porque
é a essência de Deus, e que o mal terá um fim. Por conseqüência deste princípio,
combatem a doutrina da eternidade das penas como contrária à ideia que Deus
nos dá de sua justiça e de sua bondade. http://www.espirito.org.br/portal/doutrina/vocabulario/letra-p.html
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