A paternidade é,
sem contestação possível, uma verdadeira missão. É ao mesmo tempo
grandíssimo
dever e que envolve, mais do que o pensa o homem, a sua responsabilidade quanto
ao futuro. Deus colocou o filho sob a tutela dos pais, a fim de que estes o
dirijam pela
senda do bem, e lhes facilitou a tarefa dando àquele uma organização débil e
delicada, que
o torna propício a todas as impressões. Muitos há, no entanto, que mais
cuidam de aprumar
as árvores do seu jardim e de fazê-las dar bons frutos em abundância, do que
de formar
o caráter de seu filho. Se este vier a sucumbir por culpa deles, suportarão os
desgostos
resultantes dessa queda e partilharão dos sofrimentos do filho na vida futura,
por não
terem feito o que lhes estava ao alcance para que ele avançasse na estrada do
bem.
Quando os pais dispensaram os cuidados necessários, não são responsáveis pelo transviamento de um filho que envereda pelo caminho do mal. Porém, quanto piores forem as propensões do filho, tanto mais pesada é a tarefa e tanto maior o mérito dos pais, se conseguirem desviá-lo do mau caminho.
Você
que é mãe, lembre-se de que o seu exemplo é a lição mais forte para seu
filho.
O exemplo de um lar bem constituído é a maior felicidade que você pode legar a seus filhos. Por Amor deles saiba sofrer, se for preciso, porque eles são frutos que você mesma gerou. Diário
Espirita Bezerra de Menezes
André Luiz: Espírito que narrou o caso abaixo Francisco Cândido Xavier - Chico Xavier: médum que psicografou. Gúbio: Espírito instrutor de André Luiz. Matilde: Espírito - mensageira - mãe de Gregório Gregório: Espírito infortunado, chefe de falange de centenas de outros espíritos desditosos, cristalizados no mal, filho de Matilde. Margarida: Encarnada, que foi filha de Gúbio e que a Gregório ainda se encontra imantada por teias escuras do passado. ---------------------------------------------------------------------------------------------------------------- ... Ainda não voltara a mim mesmo da salutar divagação, quando outro lençol de alva substância, coroada de tons dourados, se fêz visível no alto. Em breves instantes, revestida de luz, outra mensageira surgia na tribuna. Dos olhos irradiava doce magnetismo santificante. Trajava um peplo estruturado em fina gaze azul-radiosa e desceu, erecta e digna, fitando-nos suavemente, à procura de alguém, com interesse particular. O Instrutor ergueu-se, reverente, e caminhou na direção dela, qual discípulo submisso. A recém-chegada pronunciou frases de paz, sem afetação, e endereçou-lhe a palavra, em tom de infinita ternura: — Irmão Gúbio, agradeço-te o concurso dadivoso. Creio haver chegado, efetivamente, o instante de aceitar-te a ajuda fraterna, em favor da libertação de meu infortunado Gregório. Espero, há séculos, pela renovação e penitência dele. Impressionado pelos imensos recursos do poder, no passado distante, cometeu hediondos crimes da inteligência. Internado em perigosa organização de transviados morais, especializou-se, depois_da_morte, em oprimir ignorantes e infelizes. Pelo endurecimento do coração, conquistou a confiança de gênios cruéis, desempenhando presentemente a detestável função de grande sacerdote em mistérios escuros. Chefia condenável falange de centenas de outros espíritos desditosos, cristalizados no mal, e que lhe obedecem com deplorável cegueira e quase absoluta fidelidade. Agravou o passivo de suas dívidas clamorosas, trazidas da insânia terrestre, e vem sendo instrumento infeliz nas mãos de inimigos do bem, poderosos e ingratos... Há cinquenta anos, porém, já consigo aproximar-me dele, mentalmente. Recalcitrante e duro, a princípio, Gregório agora experimenta algum tédio, o que constituí uma bênção nos corações infiéis ao Senhor. Já lhe surpreendo no espírito rudimentos de necessária transformação. Ainda não chora sob o guante do arrependimento benéfico e parece-me longe do remorso salvador; entretanto, já duvida da vitoria do mal e abriga interrogações na mente envilecida. Não é tão severo no comando dos espíritos desventurados que lhe seguem as determinações e o colapso de sua resistência não me parece remoto. Nesse instante, notei que a venerável matrona derramava lágrimas discretas, que lhe deslizavam na face como sementes de luz. Parou por alguns momentos, controlada pelas reminiscências dolorosas, e continuou: — Irmão Gúbio, perdoa-me o pranto que não significa mágoa ou esmorecimento... Na pauta do julgamento humano comum, meu filho espiritual será talvez um monstro... Para mim, Contudo, é a jóia primorosa do coração ansioso e enternecido. Penso nele qual se houvera perdido a pérola mais linda num mar de lama e tremo de alegria ao considerar que vou reencontrá-lo. Não é paixão doentia que vibra em minhas palavras. É o amor que o Senhor acendeu em nós, desde o princípio. Estamos presos, diante de Deus, pelo magnetismo divino, tanto quanto as estrelas que se imantam umas às outras, no império universal. Não encontrarei o Céu, sem que os sentimentos de Gregório se voltem igualmente para a Eterna Sabedoria. Alimentamo-nos na Criação com os raios de vida imperecível que emitimos uns para com os Outros. Como surpreender a perfeita ventura se recebo do filho amado tão somente raios de forças em desvario? O nosso orientador contemplou-a, de olhos úmidos, e rogou: — Nobre Matilde! estamos prontos. Dita ordens! Por mais que fizéssemos por tua alegria, nosso esforço seria pobre e pequenino, diante dos sacrifícios em que te empenhas por nós todos. Num sorriso triste, prosseguiu a respeitável senhora: — Descerei,_dentro_em_breves_anos,_para_o_torvelinho_de_lutas_carnais, a fim de esperar Gregório em existência de resgate difícil e doloroso. Educá-lo-ei sob os princípios superiores que regem a vida. Crescerá sob minha inspiração imediata e receberá a prova_perigosa_e_aflitiva_da_riqueza_material. É de nosso plano que ele acolha, no curso do tempo, em labor gradativo, a extensa legião de servidores viciados que hoje o seguem e a ele obedecem, a fim de encaminhá-los, tanto os possivelmente encarnados quanto os desencarnados, através do carreiro de santificação pela disciplina benéfica em construtivo suor.
Apegar-se-á profundamente ao meu carinho, na infância, na mocidade e na madureza; entretanto, na colheita de provações mais duras, tê-lo-ei precedido na viagem do túmulo... nessa época, porém, que pressinto de tão longe, meu coração materno, embora na esfera espiritual, encoraja-lo-á, passo a passo, na direção do esperado triunfo... Nas amarguras e desilusões que o ajudarão a reestruturar e aperfeiçoar os poderes da mente, minha voz de amor eterno será por ele registrada com mais precisão... Até lá, porém, Gúbio, compete-me trabalhar muito e sem desânimo, com incessante aproveitamento das horas. Moverei as cordas da intercessão sublime, mobilizarei meus amigos, rogarei a Jesus fortaleza e serenidade. Iniciaremos a liberação com o teu abnegado concurso na zona abismal. A veneranda mensageira fêz ligeiro intervalo e, concentrando o olhar sobre o nosso Instrutor, aduziu com nova inflexão de voz: — Atenderás Margarida que te foi filha amantíssima e que a Gregório ainda se encontra imantada por teias escuras do passado e colaborarás com o meu devotamento materno para que na alma dele se converta a sublevação em humildade e a frieza, em calor. Encontrando-o, veste a capa do servo prestimoso e fala-lhe em meu nome. Sob o gelo que lhe cristaliza os sentimentos, descansa, inapagada, a chama do amor que nos une para sempre. Disponho, agora, da permissão de fazer-me sentir e acredito que, à face de tua amorosa tarefa, mover-se-lhe-á o espírito endurecido. Sei quanto te custa a incursão nos domínios da dor, porque só aquele que sabe amar e suportar consegue triunfo nas consciências que se degradaram no mal; entretanto, meu amigo, os dons divinos descem sobre nós, dentro de justas condicionais, ...
Mais recolhe quem mais semeia... [96 - página 46]
Papo Aberto |
Páginas relacionadas:

