____As
respostas que os Espíritos deram a algumas perguntas sobre obsessão:
- Por
que não podem certos médiuns desembaraçar-se de Espíritos_maus que se lhes ligam e como é que os bons_Espíritos que eles chamam não se mostram bastante
poderosos para afastar os outros e se comunicar diretamente?
R -Não é que falte poder ao Espírito bom; é, as mais das
vezes, que o médium não é bastante forte para o secundar; é que
sua natureza se presta melhor a outras relações; é que seu fluido se identifica mais com o de um Espírito do que com o de outro. Isso o
que dá tão grande império aos que entendem de ludibriá-los.
- Parece-nos,
entretanto, que há pessoas de muito mérito, de irrepreensível
moralidade e que, apesar de tudo, se vêem impedidas de comunicar com
os bons Espíritos.
R -É uma provação.
E quem te diz, ao demais, que elas não trazem o coração manchado de
um pouco de mal? Que o orgulho não domina um pouco a aparência de bondade? Essas provas, com o
mostrarem ao obsidiado a sua fraqueza, devem fazê-lo inclinar-se para
a humildade. Haverá na Terra alguém que possa dizer-se perfeito?
Ora, um, que tem todas as aparências da virtude,
pode ter ainda muitos defeitos ocultos, um velho fermento de imperfeição.
Assim, por exemplo, dizeis, daquele que nenhum mal pratica, que é
leal em suas relações sociais: é um bravo e digno homem. Mas,
sabeis, porventura, se as suas boas qualidades não são tisnadas pelo
orgulho; se não há nele um fundo de egoísmo;
se não é avaro, ciumento, rancoroso, maldizente e mil outras coisas
que não percebeis, por que as vossas relações com ele não vos
deram lugar a descobri-las? O mais poderoso meio de
combater a influência dos maus Espíritos é aproximar-se o mais possível
da natureza dos bons.
- A obsessão,
que impede um médium de receber as comunicações que deseje, é
sempre um sinal de indignidade da sua parte?
R - eu não disse que é um sinal de indignidade, mas que um
obstáculo pode opor-se a certas comunicações; em remover o obstáculo
que está nele, é o a que deve aplicar-se; sem isso, suas preces,
suas súplicas nada farão. Não basta que um doente diga ao seu médico:
dê-me saúde, quero passar bem. O médico nada pode, se o doente não
faz o que é preciso.
- Assim,
aimpossibilidade
de comunicar com os bons Espíritos seria uma espécie de
punição?
R - em certos casos, pode ser uma verdadeira punição, como a
possibilidade de comunicar com eles é uma recompensa que deveis esforçar-vos
por merecer.
- Não
se pode também combater a influência dos maus Espíritos,
moralizando-os?
R -Sim, mas é o que não se faz e é o que não se deve
descurar de fazer, porquanto, muitas vezes, isso constitui uma tarefa
que vos é dada e que deveis desempenhar caridosa e religiosamente. Por meio de sábios conselhos, é possível
induzi-los ao arrependimento e apressar-lhes o progresso.
Como pode um homem ter, a esse respeito, mais influência do que a têm
os próprios Espíritos? Os Espíritos perversos se aproximam antes
dos homens que eles procuram atormentar, do que dos Espíritos, dos
quais se afastam o mais possível. Nessa aproximação dos humanos,
quando encontram algum que os moralize, a princípio não o escutam e
até se riem dele; depois, se aquele os sabe prender, acabam por se
deixarem tocar. Os Espíritos elevados só em nome de Deus lhes podem
falar e isto os apavora. O homem, indubitavelmente, não dispõe de
mais poder do que os Espíritos superiores, porém, sua linguagem se
identifica melhor com a natureza daqueles outros e, ao verem o
ascendente que o homem pode exercer sobre os Espíritos inferiores,
melhor compreendem a solidariedade que existe entre o céu e a terra.
Demais, o ascendente que o homem pode exercer sobre os Espíritos está
na razão da sua superioridade moral. Ele não domina os Espíritos
superiores, nem mesmo os que, sem serem superiores, são bons e
benevolentes, mas pode dominar os que lhe são inferiores em
moralidade.
- A subjugação corporal, levada a certo grau, poderá ter como conseqüência a loucura?
R -Pode, a uma espécie de loucura cuja causa o mundo
desconhece, mas que não tem relação alguma com a loucura ordinária.
Entre os que são tidos por loucos, muitos há que apenas são
subjugados; precisariam de um tratamento moral, enquanto que com os
tratamentos corporais os tornamos verdadeiros loucos. Quando os médicos
conhecerem bem o Espiritismo,
saberão fazer essa distinção e curarão mais doentes do que com as
duchas.
- Que
se deve pensar dos que, vendo um perigo qualquer no Espiritismo,
julgam que o meio de preveni-lo seria proibir as comunicações
espíritas?
R -Se podem proibir a certas pessoas que se comuniquem com os
Espíritos, não podem impedir que manifestações espontâneas sejam feitas a essas mesmas pessoas, porquanto não podem
suprimir os Espíritos, nem lhes impedir que exerçam sua influência
oculta. Esses tais se assemelham às crianças que tapam os olhos e
ficam crentes de que ninguém as vê. Fora loucura querer suprimir uma
coisa que oferece grandes vantagens, só porque imprudentes podem
abusar dela. O meio de se lhe prevenirem os inconvenientes consiste,
ao contrário, em torná-la conhecida a fundo.
[17b - página 321 item 254]
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