- Podem
os Espíritos dar-nos a conhecer
o futuro?
R -Se o homem conhecesse o futuro,
descuidar-se-ia do presente.
É esse ainda um ponto sobre o qual insistis
sempre, no desejo de obter uma resposta
precisa. Grande erro há nisso, porquanto a manifestação dos Espíritos
não é um meio de adivinhação. Se
fizerdes questão absoluta de uma resposta, recebê-la-eis de um
Espírito doidivanas, temo-lo dito a todo momento.
- Não
é certo, entretanto, que, às vezes, alguns acontecimentos futuros são anunciados espontaneamente e com verdade
pelos Espíritos?
R -Pode
dar-se que o Espírito preveja coisas que julgue conveniente revelar, ou que ele tem por missão tornar conhecidas;
porém, nesse terreno, ainda são mais de temer
os Espíritos_enganadores, que se divertem em fazer previsões. Só o conjunto
das circunstâncias permite se
verifique o grau de confiança que elas merecem.
- De
que gênero são as previsões de que mais se deve desconfiar?
R - todas
as que não tiverem um fim de utilidade geral. As predições pessoais podem quase sempre ser consideradas apócrifas.
- Que
fim visam os Espíritos que anunciam acontecimentos que se não realizam?
R -Fazem-no
as mais das vezes para se divertirem com a credulidade, o terror, ou a alegria que provocam; depois, riem-se do
desapontamento. Essas predições mentirosas trazem,
no entanto, algumas vezes, um fim sério, qual o de pôr à prova aquele a
quem são feitas, mediante uma
apreciação da maneira por que toma o que lhe é dito e dos sentimentos
bons ou maus que isso lhe desperta.
NOTA. É o que
se daria, por exemplo, com a predição do que possa lisonjear a vaidade, ou a ambição, como a morte
de uma pessoa, a perspectiva de uma herança, etc. |
- Por
que, quando fazem pressentir um acontecimento, os Espíritos sérios
não determinam a data? Será porque o não possam, ou porque não queiram?
R -Por
uma e outra coisa. Eles podem, em certos casos, fazer que um acontecimento
seja pressentido: nessa hipótese, é um aviso que vos dão. Quanto a precisar-lhe a época, é freqüente não o
deverem fazer. Também sucede com freqüência não
o poderem, por não o saberem eles próprios. Pode o Espírito prever que um
fato se dará, mas o momento exato
pode depender de acontecimentos que ainda se não verificaram
e que só Deus conhece. Os Espíritos levianos, que não escrupulizam de vos
enganar, esses determinam os dias e as
horas, sem se preocuparem com que o fato predito
ocorra ou não. Por isso é que toda predição circunstanciada vos deve ser
suspeita.
Ainda uma vez: a nossa missão consiste em fazer-vos progredir; para isso
vos auxiliamos tanto quanto podemos.
Jamais será enganado aquele que aos Espíritos superiores
pedir a sabedoria; não acrediteis, porém, que percamos o nosso tempo em ouvir as vossas futilidades e em vos
predizer a boa fortuna. Deixamos esse encargo aos Espíritos
levianos, que com isso se divertem, como crianças travessas.
A Providência pôs limite às revelações
que podem ser feitas ao homem. Os Espíritos
sérios guardam silêncio sobre tudo aquilo que lhes é defeso revelarem.
Aquele que insista por uma resposta
se expõe aos embustes dos Espíritos
inferiores, sempre prontos
a se aproveitarem das ocasiões que tenham de armar laços à vossa
credulidade.
NOTA.
Os Espíritos vêem, ou pressentem, por indução, os acontecimentos futuros; vêem-nos a se realizarem num
tempo que eles não medem como nós. Para que lhes
determinassem a época, seria mister que se identificassem com a nossa
maneira de calcular a
duração, o que nem sempre consideram necessário. Daí, não raro,
uma causa de erros aparentes. |
- Não
há homens dotados de uma faculdade especial, que os faz entrever o futuro?
R -Há,
sim, aqueles cuja alma_se_desprende_da_matéria. Então, é o Espírito que vê. E,
quando é conveniente, Deus lhes permite revelarem certas coisas, para o
bem. Todavia, mesmo entre esses, são
em maior número os impostores e os charlatães. Nos tempos
vindouros, essa faculdade se tornará mais comum.
- Que
pensar dos Espíritos que gostam de predizer a alguém o dia e hora certa em que morrerá?
R -São
Espíritos de mau gosto, de muito mau gosto mesmo, que outro fim não têm, senão gozar com o medo que causam.
Ninguém se deve preocupar com isso.
- Como
é então que certas pessoas são avisadas, por pressentimento,
da época em que morrerão?
R -As mais das vezes, é o próprio Espírito delas que vem a saber
disso em seus momentos de liberdade e
guardam, ao despertar, a intuição do que entrevia. Essas pessoas,
por estarem preparadas para isso, não se amedrontam, nem se emocionam. Não
vêem nessa separação da alma e do corpo
mais do que uma mudança de situação, ou, se o
preferirdes e para usarmos de uma linguagem mais vulgar, a troca de uma
veste de pano grosseiro por uma de
seda. O temor da morte irá diminuindo, à medida que as crenças
espíritas se forem dilatando.
[17b - página 381 item 289]
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