- As
contradições que se notam, com bastante freqüência, na
linguagem dos Espíritos, podem espantar apenas aqueles
que não têm da ciência_espírita senão um conhecimento incompleto. Elas são a
conseqüência da própria natureza dos Espíritos que,
quando falam, não sabem as coisas senão em
razão de seu adiantamento, e das quais alguns
podem saber menos que certos homens. Sobre uma multidão de pontos,
eles não podem emitir senão sua opinião pessoal, que pode ser
mais ou menos justa, e conservar o reflexo dos
preconceitos terrestres dos quais não estão
despojados. Outros fazem os próprios sistemas sobre
o que não conhecem ainda, particularmente no que tange às questões
científicas e à origem das coisas. Não há, pois, nada de surpreendente
em que não estejam sempre de acordo.
- Espanta-se
em encontrar comunicações contraditórias
assinadas com o mesmo nome. Só os Espíritos_inferiores podem ter, segundo as circunstâncias,
uma linguagem diferente, pois os Espíritos_superiores jamais se contradizem.
Quem esteja pouco iniciado nos mistérios do mundo
espiritual, sabe com que facilidade certos Espíritos se adornam
de nomes
emprestados para darem mais crédito às suas palavras; pode-se disso
concluir, com certeza, que se duas comunicações
radicalmente contraditórias quanto ao fundo do pensamento, levam o mesmo nome respeitável,
uma das duas é necessariamente apócrifa.
- Dois
meios podem servir para fixar as ideias sobre as questões duvidosas:
- O
primeiro é submeter as comunicações
ao controle severo da razão, do bom
senso e da lógica. É uma recomendação que fazem todos
os bons Espíritos, e que procuram não fazer os Espíritos_enganadores que sabem muito bem não poder senão perder com um exame
sério e, por isso, evitam a discussão e querem ser
acreditados sob palavra.
- O
segundo critério da verdade está na concordância do
ensinamento. Quando o mesmo princípio
é ensinado sobre vários pontos, por diferentes
Espíritos e médiuns
estranhos uns aos outros, e que não estão
sob a mesma influência, pode-se disso concluir que ele é
mais Verdadeiro que aquele que emana
de uma só fonte e se encontra em contradição
com a maioria (O Livro dos Médiuns, cap. XXVII: As contradições e as mistificações .
Revista Espírita, abril, 1864, página 99:Autoridade
da Doutrina Espírita - A Moral do Evangelho Segundo o Espiritismo, introdução, página VI).
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Allan
Kardec [78
- Contradições] |