____Dos casos clássicos de materialização_de_espíritos, o de Estela Livermore é, a meu ver, o
que melhor pode suportar confronto com a Katie_King, embora um do outro enormemente diferindo
pelas modalidades dentro das quais se realizam.
Mas de qualquer maneira os constituem os dois
casos mais maravilhosos desta espécie e os mais
dignos de atenção, principalmente pelo excepcional
período de duração durante o qual se desenrolaram.
Somente o caso de Estela Livermore, embora como
o de Katie King familiar a todos os que se ocupam
desses estudos, é relativamente muito menos
conhecido nos detalhes de realização, porque todos
os escritores, que dele se têm ocupado, vão beber
informações na resumida exposição que dele fez Alexandre Aksakof, em "Animismo e Espiritismo".
____Poucos investigadores tiveram o ensejo de
consultar as atas originais, que foram, em sua maior
parte, publicadas por Benjamim Cóleman no seu
livro "Le Spiritualisme en Amérique" e quase por
inteiro na revista The Spiritual Magazine (1862-
1869). Esta última revista inseriu os fac-símiles da
letra medianímica de Estela em confronto com a de Estela viva (número de novembro 1862), tendo-se
verificado a perfeita identidade das duas criaturas.
Publicaram-se também copiosos resumos dessas
sessões nos livros de Epes_Sargent, Planchette, the
Despair of Science (1874) e Doutor Robert Dale
Owen: The Debatable Land (1874).
____O capítulo em que este último trata do assunto
adquire importância probante especial, visto Dale
Owen, antes de dar-lhe publicidade, haver
procurado o banqueiro Livermore, narrador
protagonista dos fatos e submetido à sua revisão o
capítulo que lhe dizia respeito, que depois foi ainda
levado à apreciação de John F. Gray, outra
testemunha ocular.
____Como o resumo aparecido no livro de Aksakof não permite se forme qualquer ideia aproximada do
valor teórico dessa maravilhosa série de
experiências, vou alongar-me um pouco,
transcrevendo os originais do banqueiro Charles F. Livermore.
____Para aqueles que completamente ignoram o caso,
direi que Charles F. Livermore era um banqueiro
muito conhecido em Nova Iorque, que, em 1860,
teve a infelicidade de perder a mulher. Um ano
depois, céptico inveterado embora, deixou-se
seduzir pelo desejo de comunicar-se, se possível,
com o Espírito de sua mulher, dando início a uma
série de sessões com a célebre médium Kate Fox.
- O processo de materialização do fantasma de Estela (nome este da morta) deu-se gradualmente,
de modo que só na quadragésima terceira sessão
estava ela em condições de se poder manifestar
visivelmente.
- As sessões efetuaram-se em completa escuridão,
mas o lugar destinado ao estudo era, em dado
momento, iluminado por grandes globos luminosos,
de origem supranormais, deles se ocupando outro
fantasma materializado, que tinha por hábito
acompanhar Estela com o fim de facilitar as
materializações. Dizia-se o Espírito de Benjamin
Franklin. Havia, com efeito, uma semelhança
perfeita de traços e de porte entre o fantasma
materializado e os retratos de Franklin.
- As materializações de Estela tornaram-se de
mais em mais perfeitas, até atingir a forma
materializada uma consistência suficiente para
poder suportar a luz intensa de uma lanterna_furtafogo.
- Só raramente conseguia exprimir-se de viva
voz, comunicando-se, em geral, por escrito, mas não
por intermédio da médium.
- Escrevia diretamente
com a própria mão e na presença de Livermore, que
para esse fim fornecia papel previamente por ele
rubricado. Fazia-o comumente em francês, língua
que, quando viva, falava com perfeição e que era de
todo ignorada da médium. A letra guardava sempre
impecável semelhança de talho e característicos
com a da esposa falecida de Livermore.
(Ver: Pneumatógrafos)
____Charles F. Livermore tomava notas minuciosas de todos os
fenômenos ocorridos durante a sessão, de que
lavrava uma ata. O maior número de sessões
realizou-se na própria residência do banqueiro, que
sistematicamente entre as suas guardava as mãos da médium durante o tempo das sessões, que, não raro,
eram assistidas pelo irmão, pelo cunhado, M.
Groute e pelo Doutor John F. Gray, que atestaram,
por escrito, a autenticidade dessas manifestações
prodigiosas, assim como a escrupulosa exatidão das
atas. O número de sessões foi de 388, que se
prolongaram por cinco anos consecutivos.
____Passo agora a narrar alguns episódios,
começando pelos da sessão em que Estela,
visivelmente, apareceu pela primeira vez.
- 15 de abril, 1861 - Charles F. Livermore começa por uma
descrição minuciosa das medidas de controle
adotadas para garantir-se contra qualquer
possibilidade de fraude, e continua:
- Desde que a luz foi apagada, ouviram-se passos
semelhantes aos de uma pessoa descalça e o frufru
próprio da seda, ao mesmo tempo em que por meio
de pequenas pancadas me era comunicado: Meu
querido, estou presente em pessoa, não fale.
- Simultaneamente por detrás de mim, formava-se a
pouco e pouco, uma luz globular, que a mim e à médium permitiu ver diante de nós um rosto
encimado por um diadema e, em seguida, uma
cabeça inteiramente envolvida de véus brancos, que
se elevava lentamente. Desde que atingiu certa
altura, os véus foram tirados e então pude ver diante
de mim a cabeça e o rosto de minha mulher,
envolvidos de uma auréola luminosa do diâmetro
aproximado de 18 polegadas.
- A identificação da
morta foi imediata e completa; à semelhança dos
traços juntava-se, de modo maravilhoso, a
expressão característica da fisionomia. Pouco
depois o globo luminoso elevou-se e uma mão de
mulher apareceu-lhe pela frente. Estas duas
manifestações se repetiram por diversas vezes,
como se houvesse intuito de dissipar qualquer
possível sombra de dúvida.
- O fantasma abaixou
depois a cabeça sobre o globo luminoso, deixando
cair sobre a mesmo uma basta madeixa, que
apresentava analogia perfeita com a cabeleira de
minha mulher, não só quanto à cor, como também
pela abundância e comprimento. Repetidamente
fizeram-na passar suavemente sobre o meu rosto e o
da médium, deixando-nos a impressão de cabelos
naturais.
(Epes Sargent, página 57.)
- 18 de abril, 1861 -
- Subitamente a mesa se ergueu
do solo
- a porta foi violentamente sacudida
- as
cortinas se levantaram e se abaixaram diversas
vezes
- tudo no quarto se agitava.
- Respondiam às
nossas perguntas por pancadas retumbantes na
porta, na janela e no teto, traduzindo isto, ao que
nos disseram, a intervenção de poderosos Espíritos
cuja presença era indispensável à predisposição do
ambiente para as manifestações de ordem mais
elevada. (Ver: Desdobramento em serviço)
- Por detrás de nós começou a formar-se e a
elevar-se uma substância_luminosa_semelhante_à
gaze, ouvindo-se ao mesmo tempo o frufru dos
tecidos de seda, enquanto um barulho semelhante à
crepitação elétrica se tornava de mais em mais
intenso e vigoroso.
- Uma forma de mulher girou em torno à mesa, de
mim se aproximou, tocando-me de leve...
- Por meio
das pancadas convidaram-me a olhar para além da
fonte luminosa; obedecendo, vi aparecer um olho
humano.
- Logo depois, a fonte de luz se afastou,
seguida da crepitação e, à proporção que se
afastava, ia recuperando o esplendor que pouco a
pouco havia perdido
- volta em seguida ao lugar que
antes ocupava, tornando visível uma mão de
mulher, de aparência normal, ocupada em manejar a
gaze, de forma já mudada, para tomar-lhe uma das
pontas e suspendê-la.
- Com um estremecimento de alegria indescritível,
sob o lado suspenso da gaze vi aparecer o rosto de
minha mulher e mais precisamente a fronte e os
olhos, cuja expressão era perfeita. .. Desaparecia e
tornava a aparecer repetidas vezes, manifestando-se
de cada vez de modo mais completo, tomando uma
expressão de serena beatitude.
Pedi-lhe que me beijasse e, com grande surpresa
minha, tive o prazer de ver e de sentir que ela me
enlaçava o pescoço com os braços, dando-me um
beijo sonoro, palpável, material, não obstante a
interposição de um tecido análogo à gaze.
Aproximou depois a cabeça até encostá-la à minha,
envolvendo-me com sua rica cabeleira e dando-me
ainda novos beijos, cujo rumor podia ser claramente
ouvido.
Nesse momento, a fonte de luz foi afastada a
meia distância entre mim e a parede, distante uns
dez pés mais ou menos. A crepitação acentuou-se,
dando maior intensidade à luz, de modo à bem
clarear o canto do quarto e a desvendar em toda a
plenitude a figura de minha mulher, virada para a
parede, com o braço estendido, sustendo no côncavo
da mão o globo de luz que agitava de momento em
momento para avivar a luminosidade que,
freqüentemente, enfraquecia. Pronunciou
murmurando, mas de modo muito distinto, o meu e
o seu nome; aproximou-se do espelho de maneira a
fazer ver a sua imagem, que nele refletia,
constituindo isso, a meu ver, uma das maravilhosas
provas da memorável sessão... (Epes Sargent, página 59.)
- A seguir foi soletrado, por pequenas pancadas:
Observa-me, vou levitar-me. E imediatamente, em
plena luz, o fantasma elevou-se até o teto, onde
permaneceu suspenso durante alguns instantes, para
descer suavemente e então desaparecer...
- SO cômodo estava iluminado de modo a se
poderem discernir facilmente os pequenos veios do
mármore em que pousava o espelho... (Robert Dale Owen,
página 388.)
- 02 de junho, 1861 - Pelo meio habitual ditaram:
Examine cuidadosamente todos os cantos do quarto,
feche a porta e coloque a chave no bolso. Tudo fez
imediatamente.
- Não havia ainda retomado o meu lugar, quando
os móveis começaram a deslocar-se e a agitar-se,
enquanto pancadas ressoavam em torno de nós;
ruídos terríveis e prolongados, imitando roncos do
trovão, sucediam-se sobre a mesa.
- Feito silêncio, ouviu-se ligeiro sussurro e uma
forma materializada se veio colocar a meu lado;
senti como a sua aura penetrando-me todas as fibras
do organismo. Bateu no costado da cadeira, depois
no meu ombro e, debruçando-se sobre mim, pôs-me
a mão sobre a cabeça e deu-me um beijo na testa,
enquanto que uma espécie de tecido muito tênue me
roçava o rosto. Nesse mesmo tempo um globo de
luz brilhante veio interpor-se entre nós,
acompanhado de uma forte crepitação. Levantei os
olhos e vi diante deles o rosto de Estela iluminado
pelo globo, que brilhava intensamente. O rosto se
mostrava espiritualmente tão belo como nunca me
foi dado ver coisa alguma na Terra. Olhava-me com
uma expressão de radiosa beatitude.
- Tirou-me das mãos uma folha de papel, que me
entregou depois com uma mensagem escrita num
francês de perfeita correção. Como já tive ensejo de
dizer, a médium não conhecia uma só palavra de
francês. (Robert Dale Owen, página 390.)
- 18 de agosto, 1861. (8 horas da noite.) - Estou só
com a médium. O ar está pesado e quente. Como de
hábito, examinei cuidadosamente o quarto, fechei a
porta com duas voltas à chave, que coloquei no meu
bolso.
- Meia hora de espera tranqüila e vimos surgir do
solo uma grande luz esferoidal, completamente
envolvida em véus, e que, depois de se erguer até à
altura das nossas cabeças, se foi colocar sobre a
mesa. E as pancadas ditaram: Nota que desta vez
intervimos sem provocar os ruídos habituais. Todo
o aparecimento de luz, com efeito, era, em geral,
precedido de uma série de crepitações, de estalidos,
de pancadas violentas, seguidas de movimento e
transporte de objetos; desta vez o fenômeno se
desenrolou dentro da mais absoluta calma.
- Tive o pressentimento de que essa sessão se
destinava a fins especiais, privando-me, por
conseguinte, de qualquer manifestação da parte de
minha mulher. Mal havia formulado esse
pensamento e a luz se elevou, tornando-se brilhante
e permitindo percebesse uma cabeça coberta de um
boné branco envolto em bordados.
- Era uma cabeça sem traços, e perguntei que
significava tal aparição. Responderam-me
tiptologicamente: Quando estava doente...
Imediatamente compreendi! O boné era a
reprodução fiel de outro muito especial que minha
mulher usara durante a sua última moléstia.
- Havia trazido comigo diversas folhas de papel,
maiores que de costume, completamente diferentes
das que habitualmente empregava, e marcadas de
sinais especiais. Coloquei-as sobre a mesa, de onde
foram retiradas para reaparecerem perto do chão, atrês ou quatro polegadas do tapete.
- Não podia fazer uma ideia do que se passava,
porque não estava iluminada senão a superfície da
folha de papel e mais umas três ou quatro polegadas
de cada lado, todo o espaço iluminado não medindo
mais que um pé de diâmetro. Inesperadamente veio
pousar, sobre esta folha, mão imperfeitamente
conformada, que tinha entre os dedos a minha
pequena lapiseira de prata; começou a mão a
mover-se lentamente sobre a folha, da esquerda para
a direita, como quem escreve; quando chegava ao
fim da linha, voltava a começar outra.
Pediram-nos que não observássemos com
demasiada insistência o fenômeno, mas por pouco
tempo de cada vez, a fim de, com os nossos olhares,
não perturbarmos a força em ação. Como o
fenômeno, porém, se prolongou por quase uma
hora, essa recomendação não impediu pudéssemos
observá-lo de modo perfeito. A mão que escrevia
não ficou normalmente conformada senão por
algum tempo, reduziu-se depois a um amontoado de
substância escura, de tamanho um pouco menor que
a de uma mão normal; continuava, todavia, a dirigir
o lápis e quando chegava ao extremo inferior da
folha a virava, continuando a escrever no verso.
Terminada a manifestação, as folhas que eu havia
fornecido marcadas me foram devolvidas cobertas
pelos dois lados de uma letra corrente e miúda. (Ver: Pneumatógrafos)
...E claro que em tais circunstâncias não havia
qualquer possibilidade de fraude; eu apertava entre
as minhas as duas mãos da médium; a porta estava
fechada e a chave no meu bolso, tendo eu tomado
previamente todas as precauções possíveis. (Epes
Sargent, página 62.)
- 26 de agosto, 1861 -
- Logo que entramos no
quarto, a forma de Estela apareceu. Imóvel,
permaneceu no meio do aposento, enquanto uma luz
espiritual girava rapidamente em seu torno e dela
muito próxima, iluminando mais especialmente ora
o rosto, ora o pescoço, ora a nuca, no intuito
evidente de bem fazer-nos ver essas partes do corpo.
Enquanto assim a contemplávamos, a onda dos seus
cabelos lhe invadiu o rosto e ela a afastou com as
mãos, por diversas vezes. Tinha os cabelos ornados
de rosas e de violetas. Foi a mais perfeita das suas
manifestações; aparecia nítida e natural qual quando
viva...
- 4 de outubro, 1861 -
- Pancadas de rara violência
no assoalho, estremecendo a casa até os alicerces.
Quando cessaram, vimos aparecerem os fantasmas
materializados de minha mulher e de Franklin.
Ambos a mim vieram este, aplicando-me
pancadinhas amigáveis no ombro; aquela,
acariciando-me o rosto.
- Estávamos no escuro, mas
as crepitações elétricas fizeram-se ouvir e
imediatamente a luz brilhou de novo, permitindo-me
ver em pé a figura de um homem alto e robusto.
A meu pedido esse fantasma passeou pelo quarto,
apresentando-se a meus olhos em posições
diferentes e muito nitidamente.
- Seguiu-se a vez de minha mulher, que se
manifestou em plena claridade e em toda a sua
beleza. Planava, atravessando assim o quarto;
passou pertinho da mesa, que roçou com as abas do
seu vestido branco, fazendo mesmo cair por terra às
folhas de papel, os lápis e outros pequenos objetos
que sobre a mesma se achavam.
- Algumas vezes a
vimos vendar o rosto com o tecido medianímico;
outras, sacudindo-lhe para frente às abas flutuantes.
Fez-nos ver e apalpar o tecido, que me pareceu de
natureza muito delicada; colocou-o depois sobre a
mesa e por trás dele a fonte luminosa, de modo à
bem podermos examinar o tecido, muito semelhante
ao de uma teia de aranha; dir-se-ia que o sopro seria
suficiente para desfazê-lo. Repetiu por diversas
vezes a experiência e, finalmente, fez passar sobre
meu rosto os bordos do vestido ondulante, que me
pareceu consistente. Cada vez que o tecido
medianímico de nós se aproximava, sentíamos
emanações de um perfume muito puro, lembrando o
feno fresco e a violeta. (Sargent, página 65.)
- 10 de novembro, 1861 -
- Mal nos havíamos
assentado, as pancadas ditaram: Desta vez
conseguiremos. Pouco depois, minha mulher
apareceu.
- Dando-me de leve com a mão no ombro,
informou-me de que estava ocupada em ajudar Franklin. Este apareceu imediatamente, deixando-se
pela primeira vez ver-lhe o rosto.
- Um outro
fantasma materializado, trazendo em uma das mãos
a luz, mantinha-se ao meu lado e projetava-lhe a luz
diretamente sobre o rosto.
- Toda a minha
perplexidade, a respeito da identidade de Franklin,
desapareceu como que por encanto. Onde quer que
esta fisionomia se me apresente, tê-la-ia, sem
sombra de hesitação, nela reconhecido o de Franklin, cujos traços tinha vivos na mente, por
muito lhe haver visto o retrato original.
- Deverei mesmo acrescentar que a grandeza do
seu caráter ressaltava muito mais da expressão viva
do rosto do fantasma que daquele seu retrato, que
evidentemente não a poderia traduzir.
- Trazia roupa
parda talhada à antiga e gravata branca.
- A cabeça
era vigorosa e alvos cachos lhe ornavam as
têmporas.
- Sua figura deixava transparecer a
bondade, a inteligência, a espiritualidade; tinha a
aparência de um homem carregado de anos, de
dignidade, de solicitude paternal, a quem qualquer
pessoa se sentiria bem de recorrer para obter
conselhos inspirados na sabedoria e na bondade...
- Apresentou-se por diversas vezes: duas delas
aproximou-se de tal moda que permitia se visse até
dentro dos próprios olhos.
- Minha mulher apareceu três vezes vestida de
branco e cercada de flores; sua figura,
verdadeiramente Angélica, traduzia uma expressão
de calma e felicidade celestiais. (Sargent, página 67.)
- 12 de novembro, 1861 -
- Ouvimos a crepitação e
a luz tornou-se logo brilhante, permitindo víssemos
diante de nós, assentado à mesa, o fantasma
materializado de Franklin, cuja sombra se projetava
na parede, exatamente como a de uma pessoa viva.
Guardava uma posição digna, o corpo ligeiramente
enviesado sobre o espaldar da cadeira, braços
descansando sobre a mesa. De tempos em tempos
inclinava-se para nós, examinando-nos com seu
olhar profundo e penetrante; os longos cachos
brancos acompanhavam-lhe os movimentos.
Pediu-nos fechássemos os olhos um instante.
Quando de novo os abrimos, vemo-lo de pé sobre a
cadeira de onde, qual uma estátua, nos dominava.
Desceu em seguida, tomando o seu lugar anterior,
enquanto ruídos de toda a sorte partiam de diversos
pontos do quarto, o que aliás se dava a cada um dos
seus movimentos.
Informou-me de parte de minha mulher que um
fantasma iria entregar a Franklin um bilhete para
mim. (Devo esclarecer que, no correr das
manifestações que estou descrevendo, dois outros
fantasmas, vestidos de tecido branco, concorriam,
de modo visível, para a produção dos fenômenos;
um deles era o que trazia a luz.) Vi, com efeito, um
fantasma aproximar-se de Franklin, para ele
estender a mão em que trazia a folha de papel,
colocá-la sobre os seus joelhos, para tirá-la, em
seguida, e entregar-lhe diretamente.
- A força em ação era grande e tal permaneceu
durante toda à noite, permitindo ao meu silencioso
visitante permanecer materializado e assentado
diante de mim durante uma hora e um quarto,
seguidamente. (Sargent, página 67.)
- 29 de novembro, 1861 -
- Além da médium_Katie Fox e de
mim, meu irmão assistiu à sessão.
- Condições
desfavoráveis; uma tempestade com chuva e
relâmpagos desencadeou-se no momento.
- Feitas a escuridade, vêm surgir do chão uma
grande luz espírita. Calcei-me de uma luva e meu
irmão fez outro tanto. A luz então se veio colocar no
côncavo da minha mão enluvada; foi-me assim dado
constatar que uma mão de mulher nela se
encontrava. Como viesse a mim diversas vezes, tive
ensejo de segurar e apalpar atentamente essa mão
espírita em todo o seu tamanho. Note-se que com a
outra segurava as duas da médium.
- O filhinho falecido do meu irmão manifestou-se
em seguida; chegou-lhe a vez de me apertar à mão,
que foi segura pouco depois por uma outra de
grande tamanho, verdadeira mão de homem,
provavelmente a de Franklin, que apertou a minha e
a sacudiu tão vigorosamente que todo o meu corpo
foi abalado. Todas essas mãos apertaram também a
do meu irmão. Não devemos deixar de notar que, no
mesmo espaço de alguns minutos, três mãos,
diferentes em forma e dimensão, vieram
sucessivamente colocar-se nas nossas, de modo a
nos permitir identificá-las;
- a primeira, de mulher
- a
segunda, de um menino
- a terceira, de um homem
adulto e robusto; cada qual, espectivamente,
caracterizado pela delicadeza, pela fragilidade e
pela força.
- A meu pedido, a porta de dois batentes se abriu
completamente e se fechou por diversas vezes, com
extraordinária violência. (Sargent, página 68.)
- 30 de novembro, 1861 - Sessão em minha casa.
Os mesmos cuidados de sempre. Condições
favoráveis; tempo frio e lindo.
- Feito escuro, ouviram-se logo pancadas fortes
sobre a mesa, seguidas da crepitação elétrica, mas
nenhuma luz apareceu.
- Esta noite conseguiremos,
disseram-nos.
- Em dado momento, pediram-me
fósforos e convidaram-nos a fechar os olhos. Tirei
do meu bolso um fósforo de cera e, estendendo o
braço, depositei-o sobre a mesa. Imediatamente uma
mão o tomou e, riscando-o três vezes na mesa,
conseguiu acendê-lo. Abrimos os olhos; o fósforo
de cera iluminava perfeitamente o quarto; diante de
nós estava Franklin, de joelhos, por detrás da mesa,
que a sua cabeça suplantava, mais ou menos, de um
pé. Nós o contemplamos enquanto o fósforo durou;
o fantasma desapareceu de repente.
- Por pancadas_na_mesa, ditaram-nos, então: Meus queridos filhos,
depois desta última prova, será possível que o
mundo ainda duvide? Para convencê-lo é que assim
trabalhamos. - Benjamin Franklin. E imediatamente
depois: - Meu querido, como estou contente! – Estela.
- Entregaram-me em seguida uma folha de papel
em que ,estava escrito: Esta sessão, de todas, é a
mais importante.
Experimentamos muitas vezes e tivemos de
renovar constantemente os nossos esforços antes de
conseguir o que acabais de ver; felizmente, foram
eles coroados de êxito. Para demonstrar que sou
uma criatura absolutamente como vós, bastou-me
desta vez esfregar um fósforo; mas quantas
tentativas antes de conseguir manifestar-me à luz
terrestre! Enfim, as dificuldades foram vencidas! - B.Franklin. (Sargent, página 69.)
- 12 de dezembro, 1861 - Sessão em minha casa.
- Tinha-me prevenido de uma lanterna furta-fogo, na
qual havia adaptado um obturador munido de
regulador, de modo a poder projetar, à vontade, um
círculo de luz no diâmetro aproximado de dois pés
sobre a parede, numa distância de dez pés. Coloquei
a lanterna acesa e aberta sobre a mesa e tomei, nas
minhas, as mãos da médium. Imediatamente a
lanterna foi suspensa, e nós convidados a segui-la.
Era ela conduzida par um Espírito que nos precedia
e do qual víamos nitidamente a forma inteira se
desenhar, envolta em véus brancos cujos extremos
arrastavam pelo chão. Depositou a lanterna sobre a
escrivaninha; paramos também. Achávamo-nos em
frente à janela existente entre a escrivaninha e o
espelho. A lanterna elevou-se, de novo, erguendo-se,
entre a escrivaninha e o espelho, a uma altura
aproximada de cinco pés, de onde projetava toda a
luz sobre a janela, permitindo víssemos a figura de Franklin, assentado na poltrona.
Durante dez minutos e sem interrupção, o feixe
de luz projetado pela lanterna iluminou-lhe a
fisionomia e o corpo inteiro, de tal maneira que
pudemos examiná-lo à vontade.
Seu semblante traduzia indizível contentamento
e a maior naturalidade, bem como o cabelo e os
olhos que brilhavam de vida.
- Não tardei, porém, a
notar que o fantasma se ressentia grandemente da
influência dissolvente da luz terrestre; os olhos
perderam o brilho, e os traços a vivaz expressão que
sempre tinham, quando os contemplava à luz
espiritual.
- Por mais de uma vez pediram-me que acionasse
o regulador da lanterna, de modo a deixar passar
mais, ou menos luz; fazendo-o, tive o ensejo de
constatar que a lanterna estava suspensa no ar, sem
qualquer ponto de apoio.
- Finda esta manifestação, encontramos sobre a
mesa uma folha de papel onde estava escrito: Isto
ainda, meus filhos, é para o bem da Humanidade.
Apenas com esse fim, esforço-me e trabalho. - B.
Franklin. (Robert Dale Owen, página 394.)
- 23 de janeiro, 1862 -
- Em frente à porta apareceu
minha mulher, toda vestida de branco e envolta de
um véu transparente... Tinha na fronte uma coroa de
flores.
A luz espírita projetava o facho luminoso sobre
todo o seu corpo, iluminando-o completamente;
olhávamos para ele, com vivo interesse e prazer,
quando de repente desapareceu, rápido como o
pensamento, produzindo um ruído semelhante ao
silvo do vento.
- Ditaram-nos: "Esta noite a saturação
elétrica é grande. Aproveitei-a para mostrar-vos a
celeridade com que podemos desmaterializar-nos.
- Um instante depois, reapareceu em seu aspecto
natural e consistente como dantes. (Sargent, página 71.)
- 15 de fevereiro, 1862 - Atmosfera úmida e
desfavorável. Além da médium, comigo assistia à
sessão o meu cunhado, M. Groute, a quem a reunião
havia de modo especial sido consagrada.
- Pedi demonstrações de força e sem demora
recebemos a seguinte mensagem: Atenção! Ouvi-o;
ele chega rapidamente. Retirem da mesa as vossas
mãos.
- E, imediatamente, ouvimos espantoso rumor
metálico, fazendo estremecer a casa de lado a lado.
Era como se um pesado monte de correntes fosse
jogado do alto, com enorme violência sobre a mesa.
O mesmo barulho por três vezes se repetiu, mas
com força decrescente.
- Depois disto, uma grande mesa de mármore,
muito pesada, começou a caracolar pelo quarto;
- uma grande caixa fez outro tanto.
- Um guardachuva,
colocado sobre a mesa, pôs-se a dar voltas,
como que voando pelo quarto, tocando ora num ora
noutro, parando, finalmente, nas mãos do Senhor
Groute.
- Tais manifestações tinham certamente por
fim convencer o incrédulo, recém-vindo, da
realidade da existência de um poder invisível. E o
fim foi atingido, pois meu cunhado havia , tomado
todas as precauções para se prevenir contra um
possível embuste; entre outras, a de selar a porta e a
janela. (Sargent, página 73.)
- 16 de fevereiro, 1862 -
- Pelo fim da sessão, o
espírito materializado de Benjamin Franklin
escreveu o que se segue, em uma folha de papel: "Meus filhos. - Neste momento as nossas armas
acabam de obter uma grande vitória." No dia
seguinte, tivemos notícia de que, de fato, no correr
da noite, o Exército federal havia enfim tomado de
assalto o Forte Donaldson, sobre o rio Tennessee.
(Sargent, página 75.)
- 22 de fevereiro, 1862 - Atmosfera úmida;
condições desfavoráveis.
- Depois de cerca de meia hora de espera, uma luz
cilíndrica e muito brilhante, envolvida em véus,
como de costume veio pousar sobre a mesa; perto
dela apareceu uma haste com duas rosas abertas, um
botão e folhas. Flores, botão, folhas e haste eram de
rara perfeição. As rosas foram-nos dadas a cheirar;
achei-as perfumadas como as rosas naturais são, ao
ser colhida; o perfume era mesmo mais suave e
delicado. Foi-nos permitido tocá-las, aproveitando
então eu para delas fazer minucioso exame.
Cuidado! Tenha a máxima precaução", disseramme.
Notei que a haste e as folhas estavam um tanto
viscosas e, como perguntasse o motivo, disseram-me
que era devido às condições de umidade e
impureza da atmosfera. O galho era mantido sempre
perto e às vezes por cima da luz, que parecia ter a
propriedade de transmitir-lhe vitalidade e
substância, como se o alimentasse; o mesmo poder
parecia conferido à mão que o segurava.
Já havia observado, aliás, que todas essas
criações espíritas parecem formar-se e conservar-se à custa das reservas elétricas contidas no globo
luminoso, pois ao menor indício de perda ou de
enfraquecimento de consistência, levavam-nas para
perto da fonte luminosa e, como que por encanto,
recuperavam a seiva e a vitalidade perdidas.
- Pelo meio habitual, disseram-nos:
- "Vede como
se vão dissolver rapidamente." E logo as flores
começaram a murchar, dobraram-se sobre a haste e
fundiram-se como cera que se chegasse ao fogo,
assim desaparecendo tudo do mimoso galho, em
menos de um minuto.
- "Elas vão tornar a vir" e
imediatamente apareceu diante do cilindro um
filamento branco, que rapidamente se desenvolveu
em forma de galho; as folhas reconstituíram-se,
depois o botão e em seguida as rosas, tudo de uma
maneira perfeita e em tempo igual àquele em que se
deu a dissolução. O fenômeno repetiu-se algumas
vezes, oferecendo um espetáculo maravilhoso.
- Prometeram reproduzi-lo à luz do gás, quando as
condições atmosféricas permitissem. (Sargent, página 75.)
- 25 de fevereiro, 1862 -
- Além da médium Kate_Fox, assistia
comigo á sessão o Senhor Groute.
- O quarto em que
se faziam às sessões era contíguo a outro muito
menor, ao qual se chegava por uma porta de
corrediça. A porta que conduzia aos dois aposentos
bem como as janelas foram cuidadosamente seladas
pelo Senhor Groute...
- Feito isto e bem revistados os
dois quartos, uma luz brilhante surgiu do chão,
permitindo a mim e à médium víssemos a forma de
um fantasma de homem, de pé, junto a nós. Não
conseguimos, desde logo, identificá-lo, devido à
grande quantidade de véus que lhe envolviam o
rosto, mas pouco depois pudemos nitidamente
discernir os traços bem conhecidos de Franklin.
- Groute não havia tido ainda permissão de se
aproximar; mas como as condições de força
começassem a melhorar, ou antes, como os efeitos
inibitórios de sua presença houvessem sido
suplantados em parte, disseram-lhe: Caro amigo,
agora pode vir ver. Groute aproximou-se então,
achando-se assim, por sua vez, em presença do
fantasma... Embora a luz não estivesse tão boa
como habitualmente, ele pôde ver bastante para
verificar que os traços do fantasma correspondiam
em tudo aos de Franklin, de acordo com o retrato
original que conhecia também. Com efeito, mesmo
nas condições de luz em que então nos achávamos,
os olhos, os cabelos, os traços, a expressão
fisionômica, ao mesmo- tempo que uma parte dos
véus de que se vestia o fantasma, eram nitidamente
discerníveis.
- O abaixamento repentino da luz,
todavia, havia sido grande, devido à presença
contrariante de Groute; observação curiosa e
instrutiva ao mesmo tempo.
- Quando Groute estava
no quarto contíguo, a luz brilhava como de costume,
mas enfraquecia a proporção que ele se aproximava,
do mesmo modo que readquiria o brilho habitual se
ele novamente se afastava. Este interessante
fenômeno demonstra que a natureza de uma pessoa
viva exerce influência direta sobre essas criações do
mundo invisível, influência que age, às vezes, como
elemento perturbador e neutralizante, sem que para
tal seja necessária mais do que a sensação de
surpresa, de receio ou de outra qualquer emoção
decorrente de uma insuficiente familiaridade com os
fenômenos medianímicos. (Sargent, página 77.)
- 3 de novembro, 1862 -
- Estela apareceu com o
rosto velado pelos cabelos em desordem; para ver-he
a fisionomia tive de afastá-los com as minhas
mãos.
- Elevou-se depois lentamente até que os pés
atingissem a altura da minha cabeça, sobre a qual
tocou, enquanto as abas do vestido flutuante me
roçavam pelo rosto e pela cabeça. (Robert Dale Owen, página 395.)
- 21 de outubro, 1863 -
- Havia-me munido, esta
noite, da lanterna furta-fogo, e, logo que a forma
materializada de Estela apareceu, projetei sobre ela
toda a luz.
- Estela estremeceu ligeiramente, mas
quedou-se imóvel, deixando-me dirigir-lhe o facho
luminoso sobre o rosto, sobre os olhos, peito,
vestimenta, enfim, por toda parte. Depois de haver-me
deixado convenientemente examiná-la,
desapareceu subitamente, ditando-me, em seguida: Só vencendo grandes dificuldades, consegui
permanecer materializada durante esse tempo. (Robert Dale Owen, página 396.)
____Relativamente a Groute, eis como Robert Dale Owen resume a ata de duas sessões a que assistiu, como
testemunha:
- Presente à sessão de 28 de fevereiro de 1863
(número 346), o Senhor Groute segurava as mãos da
médium.
- Fechado o gás, Livermore sentiu-se
empurrado por uma mão de grande dimensão, para
o divã
- ergueu-se a luz do chão, deixando ver, por
cima do divã, a figura de Franklin. Tão bem como
os demais, Groute a pôde ver e logo se convenceu
de que efetivamente se tratava de uma forma
humana viva; correu à porta para se certificar de ter
sido ela ou não aberta. Voltou depois a contemplar a
forma, cujas vestes pôde apalpar.
- Seu cepticismo, porém, era exagerado e, uma
semana mais tarde, manifestou desejo de assistir a
outra sessão, a fim de tirar as coisas a limpo. Quis
ele mesmo fechar as portas e as janelas e, ao fazêlo,
resmungava estar disposto a não mais se deixar
embrulhar.
Desta vez a forma de Franklin apareceu muito
mais nítida ainda, segurando ele mesmo no côncavo
da mão a luz com a qual se iluminava, como se
quisesse mostrar, ao incrédulo Tomé, que ele era o
mais interessado em fornecer-lhe os meios de bem
poder examiná-lo de um modo satisfatório.
- Groute,
que desde o começo da sessão segurava com as suas
as mãos da médium Kate Fox as de Livermore, aproximouse
do fantasma, viu-o bem, tocou-o e, como o
apóstolo Tomé, declarou-se finalmente convencido.
(Owen, página 393.)
____O Doutor Gray relatou-me esta outra observação,
muito interessante.
- Durante uma das últimas
manifestações de Franklin, este se apresentou, a
princípio, com o rosto imperfeitamente formado, de
modo que parecia ter apenas uma das vistas; em
lugar da outra e de parte da face existia uma
cavidade informe, que dava à fisionomia um
aspecto horrível.
- Kate Fox, a médium, ficou tão impressionada
que não se pôde conter e deu um grito, o que
provocou a extinção imediata da luz que iluminava
o local.
Tolinha, exclamaram o Doutor Gray, tomandolhe
as mãos, não compreendes que assim atrapalha a
mais interessante das experiências, a da gradual
materialização de um Espírito?
- Essa interpretação filosófica do fenômeno teve a
virtude de acalmar um pouco a moça, dissipandolhe
o pavor supersticioso.
- Cinco minutos depois, a
figura de Franklin de novo apareceu, mas desta vez
perfeita e com tal expressão de calma, de dignidade
e de bondade no olhar, que a médium foi a primeira
a exclamar: "ó, como é belo!" (Date Owen, página 407.)
____Suspendo aqui, não sem verdadeiro pesar, as
citações extraídas do relatório, teoricamente muito
importante, do Senhor Livermore. ____...Contentar-me-ei agora de enumerar as provas
admiráveis de identificação pessoal, fornecidas pela entidade materializada de Estela.
____Faço, portanto, notar que a personalidade
medianímica, aqui apreciada, conseguiu demonstrar
a sua identidade, recorrendo às melhores provas de
que possa dispor uma personalidade de defunto que
se manifesta, ...
- mostrando-se durante certo número de
anos sob a mesma aparência que tinha quando viva
- escrevendo centenas de mensagens com identidade
de letra
- exprimindo-se em língua estrangeira que
lhe era familiar quando viva, mas desconhecida da
médium
- revestindo suas ideias de uma forma
nitidamente pessoal e acrescentando a tudo isto
provas avulsas, de natureza altamente sugestiva,
como, por exemplo, a da reprodução materializada
do boné ornado de bordados, que usara durante a
moléstia que a vitimou
- reforçando, enfim, as
provas de identificação pela produção de fenômenos
prodigiosos, destinados a provar a intervenção real
de personalidades espirituais estranhas aos
assistentes.
____O fantasma materializado de Benjamin Franklin não interveio no caso, com o fim de identificação
pessoal, mas tão-somente para contribuir no êxito
das manifestações de Estela, utilizando esta mesma
energia elétrica que ele havia profundamente
estudado, quando vivo. Ainda mesmo assim, esse
fantasma reproduziu o porte e os traços
característicos daquele que se dizia ser.
____Convém notar o fato impressionante de o Espírito de Franklin, depois de haver conseguido
fazer-se ver à luz de um fósforo, isto é, à luz
terrestre, tão nociva às formas materializadas, haver
transmitido a seguinte mensagem: "Meus queridos
filhos, depois desta última prova, poderá o mundo
duvidar ainda?é só para convencê-lo que tanto
trabalhamos".
____Em outra ocasião, depois de haver permitido que
o feixe luminoso da lanterna furta-fogo fosse sobre
si projetado em cheio, a ponto de desintegrá-lo
rapidamente, ditava esta outra mensagem: "Isto
também, meu filho, é para o bem da Humanidade
apenas com esse fim que emprego a minha
atividade e o meu trabalho".
____Que tristes considerações essas nobres palavras
sugerem! Elas nos mostram, com efeito, que o fantasma materializado de Benjamin Franklin,
desde o ano de 1861, julgava que as provas por ele
fornecidas, em apoio da sobrevivência do espírito
humano, deviam bastar para arrancar dos vivos toda
e qualquer sombra de dúvida relativamente ao
futuro no Além; acrescentava que, juntamente com
outros Espíritos, se sujeitava à árdua tarefa de se
manifestar e de se materializar, apenas com o fim de
fornecer ao mundo essas provas capitais. E não há
negar. A série impressionante dessas inumeráveis
experiências, que se prolongaram pelo espaço de
cinco anos, devia racionalmente bastar como prova
experimental da sobrevivência do espírito humano.
Mas sessenta e cinco anos se escoaram já depois
delas e, não somente o mundo, por desgraça sua,
ainda não se deu por convencido, como mesmo no
____Círculo das pessoas que estudam as manifestações_metapsíquicas, a discussão, a desinteligência e a
discórdia imperam como dantes. E fatos tão
maravilhosos como os fornecidos pelo Espírito de Benjamin
Franklin rapidamente se acumulam, uns após outros!
____Devemos concordar ter Franklin confiado
demais nas faculdades de raciocínio do homem, sem
se haver lembrado que muitas vezes, a tolher-lhe a
inteligência, estavam a névoa das ideias
preconcebidas e o misoneísmo que caracteriza
principalmente os homens de ciência, ...
- misoneísmo que os predispõe a acolherem sempre qualquer
hipótese absurda e gratuita que se harmonize com
os seus preconceitos
- e a cegamente repudiarem uma
verdade manifesta e incontestável quando em
contraste com aqueles mesmos preconceitos
inveterados.
____Franklin não teve na devida conta aquilo que se
chama credulidade dos incrédulos, credulidade
infinitamente mais cega e tenaz do que a
credulidade dos simples. Para combatê-la, para
vencê-la não bastam os fatos, como não bastam os
processos científicos, nem a análise comparada,
aplicada o grande número de casos, nem a
convergência admirável de todas as provas. Só a
obra do tempo poderá deles triunfar. A dramática
história de todos os precursores, de cem modos
diversos, o demonstra. Dentro de um século a
Humanidade reconhecerá, sem mais discutir, a
grande verdade que tantos amargores custa hoje aos
que a defendem. [105 - páginas 151 / 167] - Ernesto Bozzano
Benjamin Franklin Espírito que trabalhou neste caso de materialização, junto com o Espírito de
Estela Livermore e outros.
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