O médium na Umbanda é chamado de
cavalo porque o espírito toma seu mental e também o corpo, diferente do kardecismo
que o espírito toma só o mental do médium. COM O ESPÍRITO INCORPORADO ____Sempre digo que o kardecismo é
muito mais tolerante que a Umbanda.
Na mesa um espírito incorpora, deixa uma linda mensagem de amor ou de
advertência para os perigos mundanos sem a necessidade de dizer seu nome.
Na umbanda ele tem que incorporar no ponto de chamada, com a
tipicidade da linha (caboclo, preto-velho ou criança), cumprir todas as
ordens da hierarquia do terreiro, riscar o seu ponto individual, beber,
fumar e dar seu nome, correndo o risco de, se não cumprir tudo, ser
chamada a sua atenção. Claro que tudo será feito com cautela e tempo de
treinamento. Para chegar a isso, o médium
passa uma dificuldade de saber o que fazer dentro do terreiro. Ele está
incorporado com o orixá,
sentindo toda sua energia, mas ainda falta muito para dar o passo certo
como cavalo bem domado, chegando mesmo em alguns momentos achar que o espírito
se afastou, fato explicado pelo impulso mental do médium. Nessa parte
quero chamar a atenção de um fato de grande importância. Dificilmente
um médium é sonâmbulo
(ou inconsciente, como alguns dizem), sendo o mais comum o médium
consciente, aquele que sabe o que está acontecendo mas não tem o
controle das palavras e dos gestos. É o que chamamos de terceira energia.
Vejam como funciona: existe uma fusão do espírito do médium com o espírito
comunicante, criando-se uma terceira energia. Gosto de dar exemplos. O café
e o leite, separados, são puros. Misturados criam uma terceira bebida,
podendo ser mais preto ou mais branco, conforme a quantidade das bebidas.
Mas sempre, a união de ambos, terá uma terceira qualidade. É impossível
a comunicação pura do espírito. O importante é a presença do espírito,
com maior ou menor intensidade. Voltando ao médium perdido no terreiro, o
seu impulso inicial é procurar alguém para lhe dar um passe ou tocar em
sua testa. Muitos dirigentes não gostam desse procedimento e inibem o espírito
de fazer isso, o que é um erro porque, talvez até mais que o próprio
dirigente, é o espírito quem quer o desenvolvimento de seu cavalo
escolhido. Recomendo para minha hierarquia deixar que isso aconteça, sem
exageros, é claro. Com o decorrer do tempo esse médium ganha um charuto,
cachimbo ou cigarro de palha, conforme a entidade, e é quando ele começa
a se acalmar, até procurar um lugar para sentar. Daí para riscar o ponto
é bem mais rápido. Quero anotar aqui, para conhecimento dos médiuns em
desenvolvimento, alguns erros que atrapalham bastante a evolução da
mediunidade:
- não procurar, sob nenhuma hipótese, tentar adivinhar o nome
do espírito;
- não querer riscar o ponto sem antes estar bem assentado com
a entidade;
- não tentar dar avisos e recomendações a ninguém;
- não ter
ciúmes do espírito e não pensar que ele é seu, porque espírito não
tem dono.
- 1 - É comum o médium incorporado procurar um amigo seu para lhe dar um
passe ou falar com ele, e isso não invalida a incorporação e não quer
dizer que foi o médium que procurou e não o espírito, principalmente
porque a entidade sabendo das dificuldades de seu cavalo tenta de todas as
formas facilitar a incorporação. Alguém já me perguntou como o espírito
sabe que a pessoa é amiga do médium. Respondi convicto: mais do que o
guia ninguém conhece tanto os amigos de seu protegido.
- 2 - É fundamental ao médium confiar nos dirigentes do terreiro.
Incorporem que as pessoas responsáveis estão lhe cuidando. Eu na
primeira vez que fui ao terreiro da Umbanda, senti a incorporação e saí
dando passes para o ar e quase caí dentro do Congá. Meu pai-de-santo
carinhosamente ajudou-me a levantar e disse: você não está na mesa
kardecista, e sim em um Terreiro de Umbanda. Com o tempo você aprende.
E eu tinha vinte e cinco anos de experiência, o que me fez responder ao
pai-de-santo: estou nas suas mãos, vou esquecer momentaneamente tudo
que sei do espiritismo. E foi o que fiz, sem nenhum arrependimento.
Fazia, sem questionar, tudo que o pai-de-santo mandava.
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____Na Umbanda os médiuns mais comuns são os de incorporação e os de
intuição.
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