____O desejo natural de todo aspirante a médium é o de poder confabular
com os Espíritos das pessoas_que_lhe_são_caras; deve, porém, moderar a sua
impaciência, porquanto a comunicação com determinado Espírito apresenta muitas vezes
dificuldades materiais que a tornam impossível ao principiante. ____Para que um Espírito
possa comunicar-se, preciso é que haja entre ele e o médium relações_fluídicas, que nem sempre se estabelecem instantaneamente. Só à medida que a faculdade se
desenvolve, é que o médium adquire pouco a pouco a aptidão necessária para pôr-se em
comunicação com o Espírito que se apresente. ____Pode dar-se, pois, que aquele com quem o
médium deseje comunicar-se, não esteja em condições propícias a fazê-lo, embora
se ache como também pode acontecer que não tenha possibilidade, nem
permissão para acudir ao chamado que lhe é dirigido. ____Convém, por isso, que no começo
ninguém se obstine em chamar determinado Espírito, com exclusão de qualquer outro,
pois amiúde sucede não ser com esse que as relações fluídicas se estabelecem
mais facilmente, por maior que seja a simpatia que lhe vote o encarnado. ____Antes,
pois, de pensar em obter comunicações de tal ou tal Espírito, importa que o
aspirante leve a efeito o desenvolvimento da sua faculdade, para o que deve fazer um apelo
geral e dirigir-se principalmente ao seu anjo
guardião. ____Não há, para esse fim, nenhuma fórmula sacramental. Quem quer que pretenda
indicar alguma pode ser tachado, sem receio, de impostor, visto que para os
Espíritos a forma nada vale. Contudo, a evocação deve sempre ser feita em nome de Deus.
Poder-se-á fazê-la nos termos seguintes, ou outros equivalentes: Rogo a
Deus Todo-Poderoso que permita venha um bom Espírito comunicar-se comigo e fazer-me escrever;
peço também ao meu anjo de guarda se digne de me assistir e de afastar os maus
Espíritos. ____Formulada a súplica, é esperar que um Espírito se manifeste, fazendo
escrever alguma coisa. Pode acontecer venha aquele que o impetrante deseja, como pode ocorrer
também venha um Espírito desconhecido ou o anjo de guarda. Qualquer que ele
seja, em todo caso, dar-se-á conhecer, escrevendo o seu nome. Mas, então
apresenta-se a questão da identidade, uma das que mais experiência requerem, por
isso que poucos principiantes haverá que não estejam expostos a ser enganados. ____Quando queira chamar determinados Espíritos, é essencial que o médium
comece por se dirigir somente aos que ele sabe serem bons e simpáticos e que
podem ter motivo para acudir ao apelo, como parentes, ou amigos. ____Neste caso,
a evocação pode ser formulada assim:
- Em nome de Deus
Todo-Poderoso peço que tal Espírito se comunique comigo,
- Ou então:
Peço a Deus
Todo-Poderoso permita que tal Espírito se comunique comigo;
- Ou qualquer outra fórmula
que corresponda ao mesmo pensamento.
____Não é menos necessário que as
primeiras perguntas sejam concebidas de tal sorte que as respostas possam ser dadas por
um sim ou um não, como por exemplo: Estas aí? Queres
responder-me? Podes
fazer-me escrever? etc. Mais tarde essa precaução se torna inútil. No
princípio, trata-se de estabelecer assim uma relação. O essencial é que a pergunta não seja
fútil, não diga respeito a coisas de interesse particular e, sobretudo, seja a expressão de
um sentimento de benevolência e simpatia para com o Espírito a quem é dirigida. [17b - página 247 item 203] ____Coisa ainda mais importante a ser observada, do que o modo da
evocação, são a calma e o recolhimento, juntas ao desejo ardente e à firme vontade de
conseguir-se o intuito. ____Por vontade, não entendemos aqui uma vontade efêmera, que age
com intermitências e que outras preocupações interrompem a cada momento; mas,
uma vontade séria, perseverante, contínua, sem impaciência, sem
febricitação. ____A solidão, o
silêncio e o afastamento de tudo o que possa ser causa de distração
favorecem o recolhimento. ____Então, uma só coisa resta a fazer: renovar todos os dias a
tentativa, por dez minutos, ou um quarto de hora, no máximo, de cada vez, durante quinze
dias, um mês, dois meses e mais, se for preciso. Conhecemos médiuns que só se
formaram depois de seis meses de exercício, ao passo que outros escrevem correntemente logo
da primeira vez. [17b - página 249
item .204]
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