____As
reuniões instrutivas apresentam caráter
muito diverso e, como são as em que se pode haurir o verdadeiro ensino,
insistiremos mais sobre as condições a que devem satisfazer. ____A
primeira de todas é que sejam sérias, na integral acepção da palavra.
Importa se persuadam todos que os Espíritos cujas manifestações se desejam
são de natureza especialíssima; que, não podendo o sublime aliar-se ao
trivial, nem o bem ao mal, quem quiser obter boas coisas precisa dirigir-se a bons_Espíritos. Não basta, porém, que se evoquem bons Espíritos; é
preciso, como condição expressa, que os assistentes estejam em condições
propícias, para que eles assintam em vir. Ora, a assembléias de homens
levianos e superficiais, Espíritos
superiores não virão, como não viriam quando vivos. ____Uma
reunião só e verdadeiramente séria, quando cogita de coisas úteis, com
exclusão de todas as demais. Se os que a formam aspiram a obter fenômenos
extraordinários, por mera curiosidade, ou passatempo, talvez compareçam
Espíritos que os produzam, mas os outros daí se afastarão. Qualquer que seja
o caráter de uma reunião, haverá sempre Espíritos dispostos a secundar as
tendências dos que a componham. Assim, pois, afasta-se do seu objetivo
toda reunião séria em que o ensino é substituído pelo divertimento. As
manifestações_físicas, como dissemos, têm sua utilidade; vão às sessões
experimentais os que queiram ver; vão às reuniões_de_estudos os que queiram
compreender; é desse modo que uns e outros lograrão completar sua instrução
espírita, tal qual fazem os que estudam medicina, os quais vão, uns aos
cursos, outros às clínicas.
[17b - página 423 item 327]
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____A
instrução espírita não abrange apenas o ensinamento moral que os Espíritos
dão, mas também o estudo dos fatos. Incumbe-lhe a teoria de todos os
fenômenos, a pesquisa das causas, a comprovação do que é possível e do que
não o é; em suma, a observação de tudo o que possa contribuir para o avanço
da ciência. Ora, fora erro acreditar-se que os fatos se limitam aos
fenômenos extraordinários; que só são dignos de atenção os que mais
fortemente impressionam os sentidos. A cada passo, eles ressaltam das comunicações_inteligentes e de forma a não merecerem desprezados por homens que
se reúnem para estudar. Esses fatos, que seria impossível enumerar, surgem de
um sem-número de circunstâncias fortuitas. Embora de menor relevo, nem
por isso menos dignos são do mais alto interesse para o observador, que neles
vai encontrar ou a confirmação de um princípio conhecido, ou a revelação de
um princípio novo, que o faz penetrar um pouco mais nos mistérios do mundo
invisível. Isso também é filosofia. [17b - página 424 item 328]
____O
objetivo de uma reunião séria deve consistir em afastar os Espíritos
mentirosos. Incorreria em erro, se se supusesse ao abrigo deles, pelos seus fins
e pela qualidade de seus médiuns. Não o estará, enquanto não se achar em
condições favoráveis. ____A
fim de que bem compreenda o que se passa em tais circunstâncias, rogamos ao
leitor se reporte ao que dissemos sobre a l
nfluência_do_meio. Imagine-se que cada indivíduo está cercado de certo
número de acólitos
invisíveis, que se lhe identificam com o caráter, com os gostos e com os
pendores. Assim sendo, todo aquele que entra numa reunião traz consigo Espíritos
que lhe são simpáticos. Conforme o número e a natureza deles,
podem esses acólitos
exercer sobre a assembléia e sobre as comunicações influência boa ou má.
Perfeita seria a reunião em que todos os assistentes, possuídos de igual amor
ao bem, consigo só trouxessem bons Espíritos. Em falta da perfeição, a
melhor será aquela em que o bem suplante o mal. Muito lógica é esta
proposição, para que precisemos insistir. [17b - página 426 item 330]
____Uma
reunião é um ser coletivo, cujas qualidades e propriedades são a resultante
das de seus membros e formam como que um feixe. ____Ora,
este feixe tanto mais força terá, quanto mais homogêneo for. Se se houver
compreendido bem o que foi dito, sobre a maneira por que os Espíritos são
avisados do nosso chamado, facilmente se compreenderá o poder da associação
dos pensamentos dos
assistentes. Desde que o Espírito é de certo modo atingido pelo pensamento,
como nós somos pela voz, vinte pessoas, unindo-se com a mesma intenção,
terão necessariamente mais força do que uma só; mas, a fim de que todos esses
pensamentos concorram para o mesmo fim, preciso é que vibrem em uníssono; que
se confundam, por assim dizer, em um só, o que não pode dar-se sem a
concentração. ____Por
outro lado, o Espírito, em chegando a um meio que lhe seja completamente
simpático, aí se sentirá mais à vontade. Sabendo que só encontrará amigos,
virá mais facilmente e mais disposto a responder. Quem quer que haja
acompanhado com alguma atenção as manifestações_espíritas_inteligentes forçosamente se há convencido desta
verdade. Se os pensamentos forem divergentes, resultará daí um choque de
ideias desagradável ao Espírito e, por conseguinte, prejudicial à
comunicação.
____O
mesmo acontece com um homem que tenha de falar perante uma assembléia: se sente
que todos os pensamentos lhes são simpáticos e benévolos, a impressão que
recebe reage sobre as suas próprias ideias e lhes dá mais vivacidade. ____A
unanimidade desse concurso exerce sobre ele uma espécie de ação magnética
que lhe decuplica os recursos, ao passo que a indiferença, ou a hostilidade o
perturbam e paralisam. É assim que os aplausos eletrizam os atores. Ora, os
Espíritos muito mais impressionáveis do que os humanos, muito mais fortemente
do que estes sofrem, sem dúvida, a influência do meio. ____Toda
reunião espírita deve, pois, tender para a maior homogeneidade possível.
Está entendido que falamos das em que se deseja chegar a resultados sérios e
verdadeiramente úteis. Se o que se quer é apenas obter comunicações sejam
estas quais forem, sem nenhuma atenção â qualidade dos que as dêem,
evidentemente desnecessárias se tornam todas essas precauções; mas, então,
ninguém tem que se queixar da qualidade do produto.
[17b - página 427 item 331]
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____Sendo
o recolhimento e a comunhão dos pensamentos as condições essenciais a toda
reunião séria, fácil é de compreender-se que o número excessivo dos
assistentes constitui uma das causas mais contrarias à homogeneidade. Não há, é certo, nenhum limite absoluto para esse número e bem se concebe
que cem pessoas, suficientemente concentradas e atentas, estarão em melhores
condições do que estariam dez, se distraídas e bulhentas. Mas, também é
evidente que, quanto maior for o número, tanto mais difícil será o
preenchimento dessas condições. Aliás, e fato provado pela experiência que
os círculos íntimos, de poucas pessoas, são sempre mais favoráveis às belas
comunicações, pelos motivos que vimos de expender. [17b - página 428 item 332]
____Há
ainda outro ponto não menos importante: o da regularidade das reuniões. Em
todas, sempre estão presentes Espíritos a que poderíamos chamar
freqüentadores habituais, sem que com isso pretendamos referir-nos aos que se
encontram em toda parte e em tudo se metem. Aqueles são, ou Espíritos
protetores, ou os que mais assiduamente se vêem interrogados. ____Ninguém
suponha que esses Espíritos nada mais tenham que fazer, senão ouvir o que lhes
queiramos dizer, ou perguntar. Eles têm suas ocupações e, além disso, podem
achar-se em condições desfavoráveis para serem evocados.
Quando as reuniões se efetuam em dias e horas certos, eles se preparam
antecipadamente a comparecer e é raro faltarem. Alguns mesmo há que levam ao
excesso a sua pontualidade. Formalizam-se, quando se dá o atraso de um quarto
de hora e, se são eles que marcam o momento de uma reunião, fora inútil
chamá-los antes desse momento.
____Acrescentemos,
todavia, que, se bem os Espíritos prefiram a regularidade, os de ordem
verdadeiramente superior não se mostram meticulosos a esse extremo. A
exigência de pontualidade rigorosa é sinal de inferioridade, como tudo o que
seja pueril. ____Mesmo
fora das horas predeterminadas, podem eles, sem dúvida, comparecer e se
apresentam de boa-vontade, se é útil o fim objetivado. Nada, porém, mais
prejudicial às boas comunicações do que os chamar a torto e a direito, quando
isso nos acuda à fantasia e, principalmente, sem motivo sério. Como não se
acham adstritos a se submeterem aos nossos caprichos, bem pode dar-se que não
se movam ao nosso chamado. É então que ocorre tomarem-lhe outros o lugar e os
nomes.
[17b - página 428 item 333]
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