____Vêem-se
Espíritos, de notória inferioridade, acessíveis aos bons sentimentos e sensíveis às preces
que por eles se fazem. ____A prece
só tem efeito sobre o Espírito que se arrepende. Com relação aos que, impelidos
pelo orgulho, se revoltam contra
Deus e persistem nos seus desvarios (desacertos), chegando
mesmo a exagerá-los, como o fazem alguns Espíritos
sofredores, a prece nada pode e nada poderá, senão no dia em que
um clarão de arrependimento
se produza neles. Não se deve
perder de vista que o Espírito não se transforma subitamente, após a
morte
do corpo. Se viveu vida condenável, é porque era imperfeito. Ora, a morte
não o torna
imediatamente perfeito. Pode, pois, persistir em seus erros, em suas falsas
opiniões, em seus preconceitos, até que se
haja esclarecido pelo estudo, pela reflexão e pelo sofrimento. [9a - página 460 questão 997]
____Alguns
rejeitam a prece em favor dos mortos, por não se achar prescrita no Evangelho. Aos
homens disse o Cristo: Amai-vos uns aos
outros. Esta recomendação contém
a de empregar o homem todos os meios possíveis para testemunhar aos outros
homens afeição, sem haver entrado em minúcias quanto à maneira de atingir
ele esse fim. Se é certo que nada pode fazer que o Criador, imagem da justiça
perfeita, deixe de aplicá-la a todas as ações do Espírito, não menos certo é que a prece que lhe dirigis por aquele que vos inspira afeição constitui,
para este, um testemunho de que dele vos lembrais, testemunho que forçosamente
contribuirá para lhe suavizar os sofrimentos e consolá-lo. Desde que ele
manifeste o mais ligeiro arrependimento, mas só então, é socorrido. Nunca,
porém, será deixado na ignorância de que uma alma simpática com ele se
ocupou. Ao contrário, será deixado na doce crença de que a intercessão dessa
alma lhe foi útil. Daí resulta necessariamente, de sua parte, um sentimento de
gratidão e afeto pelo que lhe deu essa prova de amizade ou de piedade. Em
conseqüência, crescerá num e noutro, reciprocamente, o amor que o Cristo
recomendava aos homens. Ambos, pois, se fizeram assim obedientes à lei de amor
e de união de todos os seres, lei divina, de que resultará a unidade, objetivo
e finalidade do Espírito.
[9a - página 321 questão 665]
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____Aquele
que visita um túmulo apenas manifesta, por essa forma, que pensa no Espírito ausente. A visita é a
representação exterior de um fato íntimo. Já dissemos que a prece
é que
santifica o ato da rememoração. Nada importa o lugar, desde que é feita com o
coração. [9a - página 192 questão 323]
____A
prece não pode ter por efeito mudar os
desígnios de Deus, mas a alma
por quem se ora experimenta alívio, porque recebe assim um testemunho do
interesse que inspira àquele que por ela pede e também porque o sofredor sente
sempre um refrigério, quando encontra almas caridosas que se compadecem de suas
dores. Por outro lado, mediante a prece,
aquele que ora concita
o sofredor ao arrependimento
e ao desejo de fazer o que
é necessário para ser feliz. Neste sentido é que se lhe pode abreviar a pena,
se, por sua parte, ele secunda a prece com a
boa-vontade. O desejo de melhorar-se, despertado pela prece,
atrai para junto do Espírito sofredor Espíritos melhores, que o vão
esclarecer, consolar e dar-lhe esperanças. Jesus orava pelas ovelhas
desgarradas, mostrando-vos, desse modo, que culpados vos tornaríeis, se não
fizésseis o mesmo pelos que mais necessitam das vossas preces.
[9a - página 321 questão 664] |
____A oração coopera eficazmente em favor do que partiu,
muitas vezes com o espírito emaranhado na rede das ilusões da existência
material. Todavia, o coração amigo que ficou aí no mundo, pela vibração
silenciosa e pelo desejo perseverante de ser útil ao companheiro que o precedeu
na sepultura, para os movimentos da vida, nos momentos de repouso do corpo, em
que a alma evolvida pode gozar de relativa liberdade, pode encontrar o Espírito_sofredor ou errante
do amigo desencarnado, despertar-lhe a vontade no cumprimento do dever, bem como
orientá-lo sobre a sua realidade nova, sem que a sua memória corporal registre
o acontecimento na vigília comum.
____Daí nasce a afirmativa de que somente o amor pode atravessar o abismo da morte. [41a - página 189] EMMANUEL - 1940
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