O
pensamento da
irmã encarnada está
presente em
Libório, atormentando-o. Acham-se ambos sintonizados na mesma onda.
É’
um caso de
perseguição recíproca.
| Temos aqui um símile
perfeito do que verificamos comumente na Terra,
nos setores da mediunidade
torturada. Médiuns existem que, aliviados dos vexames que
recebem por parte de entidades inferiores, depressa como que lhes reclamam a presença,
religando-se a elas automaticamente, embora o nosso mais sadio propósito
de libertá-los.
Enquanto não
lhes modificamos as disposições espirituais, favorecendo-lhes a criação
de novos pensamentos, jazem no regime da escravidão
mútua, em que obsessores e obsidiados
se nutrem das emanações uns dos outros. Temem a separação,
pelos hábitos cristalizados em que se associam, segundo os princípios da
afinidade, e daí surgem os impedimentos para a dupla recuperação que
lhes desejamos. |
Libório fizera-se mais angustiado, mais pálido.
Parecia registrar uma tempestade interior, pavorosa e incoercível.
Tudo indica a aproximação da esposa que se lhe
apoderou da
mente. Nosso
companheiro se revela mais dominado, mais aflito
...
A pobre mulher, desligada do
corpo físico pela atuação do
sono, apareceu
reclamando feroz
:Libório!
Libório! por que te ausentaste? Não me abandones! Regressemos para nossa casa!
Atende, atende!
...
A irmã encarnada está interessada no reajustamento da própria saúde. Roga
socorro à instituição que freqüenta. Mas, no íntimo, alimenta-se com os fluidos_enfermiços do companheiro desencarnado e apega-se a ele,
instintivamente.
|
Milhares de pessoas são assim. Registram doenças de variados matizes e com elas se adaptam para mais segura acomodação com o
menor esforço. Dizem-se prejudicadas e inquietas, todavia, quando se lhes
subtrai a moléstia de que se fazem portadoras, sentem-se vazias e
padecentes, provocando sintomas e impressões com que evocam as
enfermidades a se exprimirem, de novo, em diferentes manifestações,
auxiliando-as a cultivar a posição de vítimas, na qual se comprazem.
Isso acontece na maioria dos fenômenos_de_obsessão. Encarnados e
desencarnados se prendem uns aos outros, sob vigorosa fascinação mútua,
até que o centro de vida mental se lhes altere. É por esse motivo que,
em muitas ocasiões, as dores_maiores são chamadas a funcionar sobre as
dores menores, com o objetivo de acordar as almas viciadas nesse gênero
de trocas inferiores. |
A esse tempo,
a recém-chegada, a esposa de
Libório, conseguira abeirar-se mais intimamente de
Libório,
que passou a demonstrar visível satisfação. Sorria ele agora à maneira de
uma criança contente.
Identificando, porém, a presença de
Dona Celina, a infeliz bradou, colérica
:— Quem é esta mulher? dize! dize!
...Nossa abnegada amiga avançou para ela com simplicidade e implorou
: —
Minha irmã, acalme-se!
Libório está fatigado, enfermo! Ajudemo-lo a repousar!
...A interlocutora não lhe suportou o olhar doce e benigno e, longe de reconhecer
a prestimosa médium do grupo a que se associara, enceguecida de
ciúme, gritou
para o enfermo palavras amargas, que não seria lícito reproduzir, e abandonou
o recinto, em desabalada carreira.
Libório mostrou evidente contrariedade.
Áulus, contudo, aplicou-lhe passes,
restituindo-lhe a calma.
| A Bondade Divina é tão
grande que até os nossos sentimentos menos dignos (ciúme) são aproveitados em
nossa própria defesa. O despeito da visitante, encontrando Celina junto do enfermo, dar-nos-á tréguas
valiosas, de vez que teremos algum tempo para auxiliá-lo nas reflexões
necessárias. Quando acordar no corpo_carnal, pela manhã, nossa pobre
amiga lembrar-se-á vagamente de haver sonhado com Libório, ao lado de
uma companheira, pintando um quadro de impressões a seu bel-prazer,
porquanto cada mente vê nos outros aquilo que traz em si mesma. |
O doente apresentava melhoras. O serviço é incessante por toda a parte. Na vigília
e no sono, na vida e na morte
... [28a - página 132 ]
André Luiz