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Diante
do perigo da obsessão, ocorre perguntar se
não é lastimável o ser-se médium.
Não é a faculdade mediúnica
que a provoca? Não constitui isso uma prova de inconveniência das
comunicações espíritas? Fácil se nos apresenta a resposta e pedimos que a
meditem cuidadosamente.Não
sendo os Espíritos mais do que as almas dos homens, é claro que há Espíritos
desde quando há homens; por conseguinte, desde todos os tempos eles exerceram
influência salutar ou perniciosa sobre a Humanidade. A faculdade mediúnica
não lhes é mais que um meio de se manifestarem. Em falta dessa faculdade,
fazem-no por mil outras maneiras, mais ou menos ocultas. Seria, pois, erro
crer-se que só por meio das comunicações escritas ou verbais exercem os
Espíritos sua influência. Esta influência é de todos os instantes e mesmo
os que não se ocupam com os Espíritos, ou até não crêem neles, estão
expostos a sofrê-la, como os outros e mesmo mais do que os outros, porque não
têm com que a contrabalancem. A mediunidade é, para o espírito, um meio de se
fazer conhecido. Se ele é mau, sempre se trai, por mais hipócrita que seja.
Pode, pois, dizer-se que a mediunidade permite se veja o inimigo face a face, se
assim nos podemos exprimir, e combate-lo com suas próprias armas. Sem essa
faculdade, ele age na sombra e, tendo a seu favor a invisibilidade, pode fazer e
faz realmente muito mal. A quantos atos não é o homem impelido, para desgraça
sua, e que teria evitado, se dispusesse de um meio de esclarecer-se! Os
incrédulos não imaginam enunciar uma verdade, quando dizem de um homem que se
transvia obstinadamente: "É o seu mau gênio que o impele à própria
perda." Assim, o conhecimento do Espiritismo,
longe de facilitar o predomínio dos maus Espíritos, há de ter como resultado, em tempo mais ou menos
próximo, e quando se achar propagado, destruir esse predomínio, dando a cada
um os meios de se pôr em guarda contra as sugestões deles. Aquele então que sucumbir só de si terá que se queixar. Regra geral: quem quer que receba más comunicações espíritas, escritas ou verbais, está sob má influência; essa influência se exerce sobre ele, quer escreva, quer não, isto é, seja ou não seja médium, creia ou não creia. A escrita faculta um meio de ser apreciada a natureza dos Espíritos que sobre ele atuam e de serem combatidos, se forem maus, o que se consegue com mais êxito quando se chega a conhecer os motivos da ação que desenvolvem. Se bastante cego é ele para o não compreender, podem outros abrir-lhe os olhos. Em resumo: o perigo não está no Espiritismo, em si mesmo, pois que este pode, ao contrário, servir-nos de governo e preservar-nos do risco que corremos incessantemente, à revelia nossa. o perigo está na orgulhosa propensão de certos médiuns para, muito levianamente, se julgarem instrumentos exclusivos de Espíritos superiores e nessa espécie de fascinação que lhes não permite compreender as tolices de que são intérpretes. Mesmo os que não são médiuns podem deixar-se apanhar. |
DESAPARECIDOS (Crianças e Adolescentes)
