Deus
emprega outros meios todos os dias, pois que deu a cada um os meios de progredir
pelo conhecimento do
bem_e_do_mal. O homem, porém, não se aproveita desses meios. Necessário,
portanto, se torna que seja castigado no seu
orgulho e que se lhe faça sentir a
sua fraqueza.Nos
flagelos tanto sucumbe o
homem_de_bem como o
perverso. Durante a vida, o homem tudo refere ao seu
corpo; entretanto, de
maneira diversa pensa
depois_da_morte. Ora, conforme temos dito, a vida do corpo
bem pouca coisa é. Um século no vosso mundo não passa de um relâmpago na
eternidade. Logo, nada são os
sofrimentos
de alguns dias ou de alguns meses, de que tanto vos queixais. Representam um
ensino que se vos dá e que vos servirá no futuro. Os Espíritos, que
preexistem e sobrevivem a tudo, formam o mundo real. Esses os filhos de Deus e o
objeto de toda a Sua solicitude. Os corpos são meros disfarces com que eles
aparecem no mundo. Por ocasião das
grandes calamidades que dizimam os homens, o
espetáculo é semelhante ao de um exército cujos soldados, durante a
guerra,
ficassem com seus uniformes estragados, rotos, ou perdidos. O general se
preocupa mais com seus soldados do que com os uniformes deles.Se
considerásseis a
vida qual
ela é e quão pouca coisa representa com relação ao infinito, menos
importância lhe daríeis. Em outra vida, essas vítimas acharão ampla
compensação aos seus
sofrimentos,
se souberem suportá-los sem murmurar.Venha
por um
flagelo a
morte, ou por uma causa
comum, ninguém deixa por isso de morrer, desde que haja soado a hora da
partida. A única diferença, em caso de
flagelo,
é que maior número parte ao mesmo tempo.Se,
pelo
pensamento,
pudéssemos elevar-nos de maneira a dominar a Humanidade e abrangê-la em seu
conjunto, esses tão terríveis
flagelos
não nos pareceriam mais do que passageiras tempestades no destino do mundo.
[9a - página 349 questão 738]
Muitos
flagelos resultam da
imprevidência do
homem. À medida que adquire conhecimentos e experiência, ele os vai podendo
conjurar, isto é, prevenir, se lhes sabe pesquisar as causas. Contudo, entre os
males que afligem a Humanidade, alguns há de caráter geral, que estão nos
decretos da Providência e dos quais cada indivíduo recebe, mais ou menos, o
contragolpe. A esses nada pode o homem opor, a não ser sua submissão à
vontade de Deus. Esses mesmos males, entretanto, ele muitas vezes os agrava pela
sua negligência.
Na
primeira linha dos
flagelos destruidores,
naturais e independentes do homem, devem ser colocados a peste, a fome, as
inundações, as intempéries fatais às produções da terra. Não tem, porém,
o homem encontrado na Ciência, nas obras de arte, no aperfeiçoamento da
agricultura, nos afolhamentos e nas irrigações, no estudo das condições
higiênicas, meios de impedir, ou, quando menos, de atenuar muitos desastres?
Certas regiões, outrora assoladas por terríveis
flagelos,
não estão hoje preservadas deles? Que não fará, portanto, o homem pelo seu
bem-estar material, quando souber aproveitar-se de todos os recursos da sua
inteligência e quando aos cuidados da sua conservação pessoal, souber aliar o
sentimento de
verdadeira caridade para com os seus semelhantes?
[9a - página 350 questão 741]