____Há
o progresso regular e lento, que resulta da
força das coisas. Quando, porém, um povo não progride tão depressa quanto
devera, Deus o sujeita, de tempos a tempos, a um_abalo_físico ou moral que o transforma. ____O
homem não pode conservar-se indefinidamente na ignorância, porque tem de
atingir a finalidade que a Providência lhe assinou. Ele se instrui pela força
das coisas. As revoluções morais, como as revoluções sociais, se infiltram
nas ideias pouco a pouco; germinam durante séculos; depois, irrompem
subitamente e produzem o desmoronamento do carunchoso edifício do passado, que
deixou de estar em harmonia com as necessidades novas e com as novas
aspirações.
[9a - página 364 questão 783] ____Observa
bem o conjunto e verás que o homem se adianta, pois que melhor compreende o que
é mal, e vai dia a dia reprimindo os abusos. Faz-se mister que o mal chegue ao
excesso, para tornar compreensível a necessidade do bem e das reformas.
[9a - página 365 questão 784] ____O
maior obstáculo ao progresso é o orgulho e o egoísmo. Refiro-me ao progresso moral, porquanto o
intelectual se efetua sempre. À primeira vista, parece mesmo que o progresso intelectual reduplica a atividade daqueles vícios,
desenvolvendo a ambição e o gosto das riquezas, que, a seu turno, incitam o
homem a empreender pesquisas que lhe esclarecem o Espírito. Assim é que tudo
se prende, no mundo moral, como no mundo físico, e que do próprio mal_pode_nascer_o_bem. Curta, porém, é a duração desse estado de
coisas, que mudará à proporção que o homem compreender melhor que, além da
que o gozo dos bens terrenos proporciona, uma felicidade existe maior e
infinitamente mais duradoura.
____Há
duas espécies de progresso, que uma a outra
se prestam mútuo apoio, mas que, no entanto, não marcham lado a lado: o progresso intelectual e o progresso moral. Entre os
povos civilizados, o primeiro tem recebido, no correr deste século, todos os
incentivos. Por isso mesmo atingiu um grau a que ainda não chegara antes da
época atual. Muito falta para que o segundo se ache no mesmo nível.
Entretanto, comparando-se os costumes sociais de hoje com os de alguns séculos
atrás, só um cego negaria o progresso realizado. Ora, sendo assim, por que haveria essa marcha ascendente de parar,
com relação, de preferência, ao moral, do que com relação ao intelectual?
Por que será impossível que entre o dezenove e o vigésimo quarto século
haja, a esse respeito, tanta diferença quanta entre o décimo quarto século e
o século dezenove? Duvidar fora pretender que a Humanidade está no apogeu da
perfeição, o que seria absurdo, ou que ela não é perfectível moralmente, o
que a experiência desmente.
[9a - página 365 questão 785]
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