Todos esses acontecimentos, classificados no domínio do sobrenatural,
foram fenômenos psíquicos sobre os quais se edificaram as igrejas_conhecidas, fatos esses que o Espiritismo
veio catalogar e esclarecer, na sua divina missão de Consolador.
[41a - página 176] - EMMANUEL - 1940 ____Na
sua acepção primitiva e pela sua etimologia, o termo milagre
significa coisa_extraordinária,_coisa_admirável_de_se_ver. Mas como tantas
outras, essa palavra se afastou do seu sentido originário e hoje, por milagre,
se entende (segundo a Academia) um ato do poder divino, contrário às leis_comuns_da_Natureza. Tal, com efeito, a sua acepção usual e apenas
por comparação e por metáfora é ela aplicada às coisas vulgares que nos
surpreendem e cuja causa se desconhece. De nenhuma forma entra em nossas
cogitações indagar se Deus há julgado útil, em certas circunstâncias,
derrogar as leis que Ele próprio estabelecera; nosso fim é, unicamente,
demonstrar que os fenômenos_espíritas, por mais extraordinários que sejam, de maneira alguma
derrogam essas leis, que nenhum caráter têm de miraculosos,
do mesmo modo que não são maravilhosos, ou sobrenaturais. ____O milagre não se explica; os fenômenos
espíritas, ao contrário, se explicam racionalissimamente. Não são, pois, milagres,
mas simples efeitos, cuja razão de ser se encontra nas leis gerais. o milagre
apresenta ainda outro caráter, o de ser insólito e isolado. Ora, desde que um
fato se reproduz, por assim dizer, à vontade e por diversas pessoas, não pode
ser um milagre. Todos
os dias a ciência opera milagres aos olhos
dos ignorantes. Por isso é que, outrora, os que sabiam mais do que o vulgo
passavam por feiticeiros;
e, como se entendia, então, que toda ciência sobre-humana vinha do diabo,
queimavam-nos. Hoje, que já estamos muito mais civilizados, eles apenas são
mandados para os hospícios. De
todos os fenômenos espíritas, um dos mais extraordinários é,
incontestavelmente, o da escrita_direta e um dos que demonstram de modo mais patente a ação das inteligências
ocultas. Mas, da circunstância de ser esse fenômeno produzido
por seres ocultos, não se segue que seja mais miraculoso do que qualquer dos
outros fenômenos devidos a agentes invisíveis, porque esses seres_ocultos, que povoam os espaços, são uma das potências da Natureza,
potências cuja ação é incessante, assim sobre o mundo material, como sobre o
mundo moral. esclarecendo-nos
com relação a essa potência, o Espiritismo
nos dá a explicação de uma imensidade de coisas inexplicadas e inexplicáveis
por qualquer outro meio e que, à falta de toda explicação, passaram por
prodígios, nos tempos antigos. Do mesmo modo que o magnetismo,
ele nos revela uma lei, se não desconhecida, pelo menos mal compreendida; ou,
mais acertadamente, de uma lei que se desconhecia, embora se lhe conhecessem os
efeitos, visto que estes sempre se produziram em todos os tempos, tendo a
ignorância da lei gerado
a superstição. Conhecida ela, desaparece o maravilhoso e os fenômenos entram
na ordem das coisas naturais. Eis por que, fazendo_que_uma_mesa_se_mova, ou que
os mortos escrevam, os espíritas não operam maior milagre
do que opera o médico que restitui à vida um moribundo, ou o físico que faz
cair o raio. Aquele que pretendesse, por meio desta ciência, realizar milagres,
seria ou ignorante do assunto, ou embusteiro. [17b - página 34 - item 15]
Sabemos
que o milagre
não existe como derrogação de leis da Natureza.
[28a - página 152] - - André Luiz - 1954 |