Livre-arbítrio do Espírito encarnado (homem):
O homem tendo a liberdade de pensar, tem igualmente a de obrar.
Sem o livre-arbítrio, o homem seria máquina."
[9a - página 387 questão 843]
É inegável que sobre o Espírito exerce influência_a_matéria, que pode
embaraçar-lhe as manifestações. Daí vem que, nos mundos onde os corpos são
menos materiais do que na Terra, as faculdades se desdobram mais livremente.
Porém, o instrumento não dá a faculdade. Além disso, cumpre se distingam as
faculdades morais das intelectuais. Tendo um homem o instinto do assassínio,
seu próprio Espírito é, indubitavelmente, quem possui esse instinto e quem
lho dá; não são seus órgãos que lho dão. Semelhante ao bruto, e ainda pior
do que este, se torna aquele que nulifica o seu pensamento,
para só se ocupar com a matéria, pois que não cuida mais de se premunir
contra o mal. Nisto é que incorre em falta, porquanto assim procede por vontade
sua.
[9a - página 388 questão
846]
Já
não é senhor do seu pensamento
aquele cuja inteligência se ache turbada por uma causa qualquer e, desde
então, já não tem liberdade. Essa aberração constitui muitas vezes uma
punição para o Espírito que, porventura, tenha sido, noutra existência,
fútil e orgulhoso, ou tenha feito mau uso de suas faculdades. Pode esse
Espírito, em tal caso, renascer no corpo de um idiota, como o déspota no de um
escravo e o mau rico no de um mendigo. O Espírito, porém, sofre por efeito
desse constrangimento, de que tem perfeita consciência. Está
aí a ação da matéria.
[9a - página 389 questão 847] A
posição social constitui às vezes, para o homem, obstáculo à inteira
liberdade de seus atos. É fora de dúvida que o mundo tem suas
exigências, Deus é justo e tudo leva em conta. Deixa-vos, entretanto, a
responsabilidade de nenhum esforço empregardes para vencer os obstáculos.
[9a - página 389 questão 850]
Nem todas as tribulações que experimentamos na vida nós
as previmos e buscamos
porque não escolhemos e previmos tudo o que nos sucede no mundo, até
às mínimas coisas. Escolhemos apenas o gênero das provações. As
particularidades correm por conta da posição
em que nos achamos; são, muitas vezes, conseqüências das nossas
próprias ações. Escolhendo, por exemplo, nascer entre malfeitores, sabia o
Espírito a que arrastamentos se expunha;
ignorava, porém, quais os atos que viria a praticar. Esses atos
resultam do exercício da sua vontade,
ou do seu livre-arbítrio. Sabe o Espírito que, escolhendo tal caminho, terá que sustentar lutas de
determinada espécie; sabe, portanto, de que
natureza serão as vicissitudes que se lhe depararão, mas ignora se se
verificará este ou aquele êxito. Os
acontecimentos secundários se originam das circunstâncias e da força mesma
das coisas. Previstos só são os fatos principais, os que influem no destino.
Se tomares uma estrada cheia de sulcos
profundos, sabes que terás de andar cautelosamente, porque
há muitas probabilidades de caíres; ignoras, contudo, em que ponto cairás e
bem pode suceder que não caias, se fores
bastante prudente. Se, ao percorreres uma rua, uma telha
te cair na cabeça, não creias que estava escrito, segundo vulgarmente se diz.
[9a - página 171 questão 259] A
ação dos Espíritos sobre a nossa existência é oculta e quando
nos protegem, não o fazem de modo ostensivo (evidente; aparente). Se
nos fosse dado contar sempre com a ação deles, não trabalharíamos por nos
mesmos e o nosso Espírito não progrediria. Para que o Espírito possa adiantar-se, precisamos de experiência, adquirindo-a
freqüentemente à nossa custa. É necessário que exercitemos a nossas forças.
A ação dos Espíritos que nos querem bem é
sempre regulada de maneira que não nos tolha o livre-arbítrio.
Se não tivéssemos responsabilidade, não
avançaríamos na senda que no há de conduzir a Deus. Não
vendo quem o ampara, o homem se confia às suas próprias forças. Sobre ele, entretanto, vela o seu guia e, de tempos a tempos, lhe
brada, advertindo-o do perigo.
[9a - página 260 questão 501] Assim
é que, provocado, por exemplo, o encontro de duas pessoas, que suporão encontrar-se
por acaso; inspirando a alguém a ideia de passar por determinado lugar; chamando-lhe a atenção para certo ponto, se disso
resulta o que tenham em vista, eles obram de tal
maneira que o homem, crente de que obedece a um impulso próprio, conserva sempre o seu livre-arbítrio. [9a - página 268 questão
525]
Quando
o homem caça sem outra objetividade senão o prazer
de destruir sem utilidade, é considerado predominância
da bestialidade sobre a natureza espiritual. Toda destruição que excede
os limites da necessidade é uma violação da lei de Deus. Os animais só
destroem para satisfação de suas necessidades;
enquanto que o homem, dotado de livre-arbítrio, destrói sem necessidade. Terá que prestar contas do
abuso da liberdade que lhe foi concedida, pois
isso significa que cede aos maus instintos.
[9a - página 348 questão
735]
O
progresso intelectual pode engendrar o progresso moral fazendo
compreensíveis o bem e o mal. O homem, desde então, pode escolher. O desenvolvimento
do livre-arbítrio acompanha o da inteligência e
aumenta a responsabilidade dos atos. [9a - página 363 questão 780]
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