Não
é possível a igualdade absoluta das riquezas. A isso se opõe a diversidade
das faculdades e dos caracteres. Há, no entanto, homens que julgam ser esse o
remédio aos males da sociedade. São sistemáticos esses tais, ou
ambiciosos cheios de inveja. Não compreendem que a igualdade com que sonham
seria a curto prazo desfeita pela força das coisas. Combatei o egoísmo,
que é a vossa chaga social, e não corrais atrás de quimeras.
[9a - página 378 questão 811]
Não
é possível a igualdade das riquezas. O
mesmo não se dará com o bem-estar. Mas o bem-estar é relativo e
todos poderiam dele gozar, se se entendessem convenientemente, porque o
verdadeiro bem-estar consiste em cada um empregar o seu tempo como lhe apraza e
não na execução de trabalhos pelos quais nenhum gosto sente. Como cada um tem aptidões diferentes, nenhum
trabalho útil ficaria por fazer. Em tudo existe o equilíbrio; o homem é quem
o perturba. Os homens se entenderão quando praticarem a lei de
justiça. [9a - página 378 questão 812] Há
pessoas que, por culpa sua, caem na miséria. Mas, já dissemos que a sociedade
é muitas vezes a principal culpada de semelhante coisa. Demais, não tem ela
que velar pela educação_moral dos seus membros? Quase sempre, é a má educação que lhes falseia o critério, ao invés de sufocar-lhes as tendências
perniciosas. [9a - página 379 questão 813]
____Busca
a fonte de tal riqueza e verás que nem sempre é pura. Sabes, porventura, se
não se originou de uma espoliação ou de uma injustiça? Mesmo, porém,
sem falar da origem, que pode ser má, acreditas que a cobiça da riqueza, ainda
quando bem adquirida, os desejos secretos de possuí-la o mais depressa
possível, sejam sentimentos louváveis? Isso o que Deus julga e eu te
asseguro que o Seu juízo é mais severo que o dos homens. [9a - página 377 questão 808] ____Aos
que, mais tarde, herdam uma riqueza inicialmente mal adquirida, não são
responsáveis pelo mal que outros hajam feito, sobretudo se o ignoram, como é
possível que aconteça. Mas, fica sabendo que, muitas vezes, a riqueza só vem
ter às mãos de um homem, para lhe proporcionar ensejo de reparar uma
injustiça. Feliz dele, se assim o compreende ! Se a fizer em nome
daquele que cometeu a injustiça, a ambos será a reparação levada em conta,
porquanto, não raro, é este último quem a provoca. [9a - página 377 questão 808] |