____Materialização de formas
completas, vivas, falantes, que se produziram em Varsóvia, por
intermédio do médium polaco Frank Kluski que,
note-se bem, é um rico banqueiro, que se presta às
funções de médium por amor exclusivo à Ciência. É
além disto um poeta elegante e um apaixonado das
ciências naturais. Em sua família a medianimidade é
hereditária; ele se sente arrastado às experiências
por uma imperiosa necessidade de penetrar o grande
mistério de que ele próprio é o protagonista
inconsciente.
____O Professor Pawloski teve ocasião de assistir a
algumas sessões em casa de Kluski e deu à
publicidade um relatório, no número de setembro de
1925 do Journal of the American Society for
Psychical Research.
____Esse relatório é em extremo interessante sob
vários aspectos, mas dele devo reproduzir apenas
alguns trechos. o Professor Pawloski sintetiza
nos seguintes termos as suas impressões
relativamente aos fantasmas materializados com o
auxílio da medianimidade de Frank Kluski:
- O detalhe que mais fere no fenômeno_de_materialização_de_fantasmas_humanos, direi mesmo: o detalhe cientificamente mais importante é o de se
portarem absolutamente como pessoas vivas.
- Dirse-iam convidados em uma recepção mundana.
- Davam a volta da sala prodigalizando sorrisos aos
experimentadores que lhes eram conhecidos,
olhando com delicada curiosidade para os recémadmitidos...
- No modo amável de se conduzirem em
relação a todos, na maneira pressurosa por que
respondiam a qualquer pergunta, em tudo enfim,
que faziam, ressaltava o vivo desejo de convencernos
a todos de que eram entidades espirituais
propriamente ditas e não criações efêmeras ou
alucinatórias...
- Os fantasmas que se materializam nas sessões
de Frank Kluski são personalidades de mortos
pertencentes a qualquer nacionalidade e geralmente
falam a própria língua.
- No entanto, se os
experimentadores lhes dirigem uma pergunta em
língua que desconhecem (em geral o polaco), eles a
compreendem perfeitamente.
- Dão a impressão de
possuírem a faculdade de ler o pensamento na
mente dos assistentes, pois muitas vezes nem mister
se faz seja manifestado o desejo ou formulada a
questão para que se obtenha a resposta ou se seja
imediatamente satisfeito. Basta se pense naquilo que
se deseja faça o fantasma, para que ele o execute, a
não ser que, não concordando, responda por uma
recusa.
- Com efeito, os fantasmas às vezes recusam
executar os pedidos dos experimentadores, não raro
explicando o motivo que lhes não permite realizar o
fenômeno pedido, prometendo, todavia, se possível,
tentá-lo em circunstâncias mais apropriadas.
- Todos
os fantasmas não se mostram em estado de falar,
comunicam_então_por_meio_de_pequenas_pancadas,
processo aliás longo e fastidioso. Quando falam,
entretanto, a voz ressoa perfeitamente clara, com o
timbre sonoro e normal, apenas em um diapasão
baixo, assim como um murmúrio... forte.
- Se observarmos a expressão vivaz de suas
fisionomias quando falam, não podemos deixar de
ficar convencidas da individualidade.
____Numa destas
ocasiões, ao materializar-se a personalidade de um
turco, que era conhecido dos demais
experimentadores, tive ensejo de ler-lhe na
fisionomia os sentimentos que o animavam, quando
notou nos meus traços a expressão de espanto e de
satisfação que a sua aparição havia exercido sobre
mim. Veio então a mim, inclinando-se e
cumprimentando-me em turco, por estas palavras: "Chokyask Lebistan?". Vendo que eu não havia
compreendido, ele repetiu com certa ênfase as
mesmas palavras, com um sorriso amável. Nós
outros, polacos, nutrimos um sentimento de viva
simpatia pela nação turca, o que me levou, por nada
haver compreendido do que me disse, a responder
pela exclamação: Viva a Turquia!. Vi logo que ele
havia compreendido, pois que ele de novo me
sorriu; seus olhos brilharam de contentamento e
aplaudiu, batendo as mãos. Depois disto, inclinouse,
cumprimentando-me ainda, e retirou-se. Minha
cortesia lhe havia proporcionado um momento de
satisfação patriótica. Tomei logo nota, embora
obedecendo apenas à fonética, da frase que ele me
havia dirigido, procurando no dia imediato quem
ma pudesse traduzir, e vi, não sem surpresa, que a
frase por mim não compreendida queria dizer: Viva
a Polônia!
... A mais rara e provavelmente a mais elevada
das formas materializadas obtidas por intermédio da
medianimidade de Kluski, forma que por duas vezes
tive ocasião de observar, era uma figura solene de
velho completamente_luminoso. Dir-se-ia um farol.
Disseram-me que ele visitava constantemente o
grupo. A luz que de seu corpo se desprendia tinha
intensidade bastante para iluminar toda a assistência
e mesmo os objetos mais afastados na sala. Os
centros de luz mais viva são nele a região do
coração e as palmas das mãos.
____Nas sessões com Kluski, a mesa medianímica,
atrás da qual fica estendido o médium, está colocada
em um dos ângulos da sala. O fantasma luminoso,
de uma vez, apareceu no centro, a certa distância de
nós; trazia na cabeça um chapéu cônico e estava
envolto em uma veste longa e farta Dirigiu-se para a
assistência com passo firme e majestoso, enquanto a
sua toga após si se desenrolava pelo chão. Traçou
com a mão um grande triângulo no ar e começou a
falar com voz solene e profunda. Parou durante uns
dez segundos por detrás de mim, estendendo a mão
para a assistência, mão que desprendia luz enquanto
ele falava. Retirou-se em seguida para um dos
cantos, onde desapareceu.
____Sua presença produziu ozônio em tal quantidade
que o ambiente da sala ficou saturado até depois de
terminada a sessão. Parecia um homem de idade
muito avançada, trazendo uma longa barba grisalha.
A língua que falava era gutural, para todos
incompreensível, embora os assistentes, todos
juntos, conhecessem uns doze idiomas diferentes.
Até o presente ainda não se conseguiu identificar
esse fantasma nem a língua que fala; mas no grupo é
conhecido pela designação de padre assírio,
qualificativo que se adapta admiravelmente ao seu
aspecto e trajo sob os quais se apresenta. [105 - páginas 194 / 196] - Ernesto Bozzano - 1925 |