____Sempre
a terra produz bastante para fornecer ao homem o necessário. É que, ingrato, o
homem a despreza! Ela, no entanto, é excelente mãe. Muitas vezes,
também, ele acusa a Natureza do que só é resultado da sua imperícia ou da
sua imprevidência. A terra produziria sempre o necessário, se com o necessário soubesse o homem
contentar-se. Se o que ela produz não lhe basta a todas as necessidades, é que
ele emprega no supérfluo o que poderia ser aplicado no necessário.
____Olha
o árabe no deserto. Acha sempre de que viver, porque não cria para si
necessidades factícias.
____Desde
que haja desperdiçado a metade dos produtos em satisfazer a fantasias, que
motivos tem o homem para se espantar de nada encontrar no dia seguinte e para se
queixar de estar desprovido de tudo, quando chegam os dias de penúria? ____Em
verdade vos digo, imprevidente não é a Natureza, é o homem, que não sabe
regrar o seu viver.
[9a - página 338 questão 705]
____Não
há situações em as quais os meios de subsistência de maneira alguma dependem
da vontade do homem, sendo-lhe a privação do de que mais imperiosamente
necessita uma conseqüência da força mesma das coisas.
____Isso
é uma prova, muitas
vezes cruel, que lhe compete sofrer e à qual sabia ele de antemão que viria a
estar exposto. Seu mérito então consiste em submeter-se à vontade de Deus,
desde que a sua inteligência nenhum meio lhe faculta de sair da dificuldade. Se
a morte vier colhê-lo, cumpre-lhe recebê-la sem murmurar, ponderando que a
hora da verdadeira libertação soou e que o desespero no derradeiro momento
pode ocasionar-lhe a perda do fruto de toda a sua resignação. [9a - página 339
questão 708]
Nos
mundos de mais apurada organização, os alimentos estão em relação com a sua
natureza. Tais alimentos não seriam bastante substanciosos para os vossos
estômagos grosseiros; assim como os deles não poderiam digerir os vossos
alimentos. [9a - página 340 questão 710]
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