Que espécie de justiça reclamou o Senhor
para Ele, quando vergava sobre a cruz?
____Nesse
sentido, o Cristo nos
deixou normas de que não deveremos esquecer. O Mestre mantinha-se
vigilante em todos os atos alusivos à justiça para os outros. Defendeu
os interesses espirituais da coletividade, até a suprema renunciação;
entretanto, quando surgiu a ocasião do seu julgamento, guardou
silêncio e conformação até ao fim. Naturalmente não
desejou o Mestre, com semelhante atitude, desconsiderar o serviço sagrado
dos juízes retos, no mundo carnal, mas preferiu adotá-la, estabelecendo
o padrão de prudência para todos os discípulos de seu Evangelho, nas
mais diferentes situações. Ao se tratar de interesses alheios, devemos
ser rápidos na justificação legítima, entretanto, quando os assuntos
difíceis e dolorosos nos envolvem o “eu”, convém moderar todos os
impulsos de reivindicação. Nem sempre a nossa visão incompleta nos
deixa perceber a altura da dívida que nos é própria. E, na dúvida, é
lícita a abstenção. Acredita que Jesus tivesse algum débito para
merecer a sentença condenatória? Ele conhecia o crime que se praticava,
possuía sólidas razões para reclamar o socorro das leis; no entanto,
preferiu silenciar e passar, esperando-nos no campo da compreensão legítima.
E que o Mestre, acima do “olho por olho” das antigas disposições da
lei, ensinou o “ amai-vos_uns_aos_outros”, praticando-o invariavelmente. Confirmou a
legalidade da justiça, mas proclamou a divindade do amor. Demonstrou que
será sempre heroismo o ato de defender os que merecem, mas se absteve de
fazer justiça a si mesmo, para que os aprendizes da sua doutrina
estimassem a prudência humana e a fidelidade divina, nos problemas graves
da personalidade, fugindo aos desvarios que as paixões do “eu”
podem desencadear nos caminhos do mundo. |
[16a - página 280] - André Luiz |