____Mostra-nos
a História que muitos povos, depois de abalos que os revolveram profundamente,
recaíram na barbaria. Veja, neste caso, onde está o progresso: ____Quando
tua casa ameaça ruína, mandas demoli-la e constróis outra mais sólida e mais
cômoda. Mas, enquanto esta não se apronta, há perturbação e confusão na
tua morada.
____Compreende
mais o seguinte: eras pobre e habitavas um casebre; tornando-te rico, deixaste-o
para habitar um palácio. Então, um pobre diabo, como eras antes, vem tomar o
lugar que ocupavas e fica muito contente, porque estava sem ter onde se abrigar.
Pois bem! Aprende que os Espíritos que, encarnados, constituem o povo
degenerado não são os que o constituíam ao tempo do seu esplendor. Os de
então, tendo-se adiantado, passaram para habitações mais perfeitas e
progrediram, enquanto os outros, menos adiantados, tomaram o lugar que ficara
vago e que também, a seu turno, terão um dia que deixar. [9a - página 366 questão 786]
Há
raças rebeldes ao progresso, mas vão aniquilando-se corporalmente, todos os
dias. As
almas que animam essas raças, chegarão, como todas as demais, à perfeição,
passando por outras existências. Deus a ninguém deserda. Os
homens mais civilizados foram selvagens. Tu mesmo o foste mais de uma vez, antes
de seres o que és. [9a - página 366 questão 787]
____Os
povos, que apenas vivem a vida do corpo, aqueles cuja grandeza unicamente
assenta na força e na extensão territorial, nascem, crescem e morrem, porque a
força de um povo se exaure, como a de um homem. Aqueles, cujas leis egoísticas
obstam ao progresso das luzes e da caridade, morrem, porque a luz mata as trevas
e a caridade mata o egoísmo. Mas, para os povos, como para os
indivíduos, há a vida da alma. Aqueles, cujas leis se harmonizam com as leis
eternas do Criador, viverão e servirão de farol aos outros povos. [9a - página 367 questão 788]
____O
progresso não fará que todos os povos da Terra se achem um dia
reunidos, formando uma só nação. Seria impossível, visto que da
diversidade dos climas se originam costumes e necessidades diferentes,
que constituem as nacionalidades, tornando indispensáveis sempre leis
apropriadas a esses costumes e necessidades. ____A
caridade, porém, desconhece latitudes e não distingue a cor dos
homens. Quando, por toda parte, a lei de Deus servir de base à lei
humana, os povos praticarão entre si a caridade, como os indivíduos.
Então, viverão felizes e em paz, porque nenhum cuidará de
causar dano ao seu vizinho, nem de viver a expensas dele. ____A
Humanidade progride, por meio dos indivíduos que pouco a pouco se
melhoram e instruem. Quando estes preponderam pelo número, tomam a
dianteira e arrastam os outros. De tempos a tempos, surgem no seio dela
homens de gênio que lhe dão um impulso; vêm depois, como instrumentos
de Deus, os que têm autoridade e, nalguns anos fazem-na adiantar-se de
muitos séculos. ____O
progresso dos povos também realça a justiça da reencarnação.
Louváveis esforços empregam os homens de bem para conseguir que uma
nação se adiante, moral e intelectualmente. Transformada, a nação
será mais ditosa neste mundo e no outro, concebe-se. ____Mas,
durante a sua marcha lenta através dos séculos, milhares de
indivíduos morrem todos os dias. Qual a sorte de todos os que sucumbem
ao longo do trajeto? Privá-los-á, a sua relativa inferioridade da
felicidade reservada aos que chegam por último? Ou também relativa
será a felicidade que lhes cabe? Não é possível que a justiça
divina haja consagrado semelhante injustiça. Com a pluralidade das
existências, é igual para todos o direito à felicidade, porque
ninguém fica privado do progresso. Podendo, os que viveram ao tempo da
barbaria, voltar, na época da civilização, a viver no seio do mesmo
povo, ou de outro, é claro que todos tiram proveito da marcha
ascensional. ____Outra
dificuldade, no entanto, apresenta aqui o sistema da unicidade das
existências. Segundo este sistema, a alma é criada no momento em que
nasce o ser humano. Então, se um homem é mais adiantado do que outro,
é que Deus criou para ele uma alma mais adiantada. Por que esse favor?
Que merecimento tem esse homem, que não viveu mais do que outro, que
talvez haja vivido menos, para ser dotado de uma alma superior? Esta,
porém, não é a dificuldade principal. Se os homens vivessem um
milênio, conceber-se-ia que, nesse período milenar, tivessem tempo de
progredir. Mas, diariamente morrem criaturas em todas as idades;
incessantemente se renovam na face do planeta, de tal sorte que todos os
dias aparece uma multidão delas e outra desaparece. Ao cabo de mil
anos, já não há naquela nação vestígio de seus antigos habitantes.
Contudo, de bárbara, que era, ela se tornou policiada. Que foi o que
progrediu? Foram os indivíduos outrora bárbaros? Mas, esses morreram
há muito tempo. Teriam sido os recém-chegados? Mas, se suas almas foram criadas no momento em que eles nasceram, essas almas não
existiam na época da barbaria e forçoso será então admitir-se que os
esforços que se despendem para civilizar um povo têm o poder, não de
melhorar almas imperfeitas, porém de fazer que Deus crie almas mais
perfeitas. ____Comparemos
esta teoria do progresso com a que os Espíritos apresentaram. As almas
vindas no tempo da civilização tiveram sua infância, como todas as
outras, mas já tinham vivido antes e vêm adiantadas por efeito do
progresso realizado anteriormente. Vêm atraídas por meio que lhes é
simpático e que se acha em relação com o estado em que atualmente se
encontram. De sorte que, os cuidados dispensados à civilização de um
povo não têm como conseqüência fazer que, de futuro, se criem almas
mais perfeitas; têm sim, o de atrair as que já progrediram, quer
tenham vivido no seio do povo que se figura, ao tempo da sua barbaria,
quer venham de outra parte. Aqui se nos depara igualmente a chave do
progresso da Humanidade inteira. Quando todos os povos estiverem no
mesmo nível, no tocante ao sentimento do bem, a Terra será ponto de
reunião exclusivamente de bons Espíritos, que viverão fraternalmente
unidos. Os maus, sentindo-se aí repelidos e
deslocados,
irão procurar, em mundos inferiores, o meio que lhes convém, até que
sejam dignos de volver ao nosso, então transformado. Da teoria vulgar
ainda resulta que os trabalhos de melhoria social só às gerações
presentes e futuras aproveitam, sendo de resultados nulos para as
gerações passadas, que cometeram o erro de vir muito cedo e que ficam
sendo o que podem ser, sobrecarregadas com o peso de seus atos de
barbaria. Segundo a doutrina dos Espíritos, os progressos ulteriores
aproveitam igualmente às gerações pretéritas, que voltam a viver em
melhores condições e podem assim aperfeiçoar-se no foco da
civilização. [9a - página 367 questão 789] |