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Singularmente
se equivocaria, quanto à nossa maneira de ver, quem supusesse que aconselhamos
se desprezem os fatos. Pelos fatos foi que chegamos à teoria. E certo que
para isso tivemos de nos consagrar a assíduo trabalho durante muitos anos e de
fazer milhares de observações. Mas, pois que os fatos nos serviram e
servem todos os dias, seríamos inconseqüentes conosco mesmo se lhes
contestássemos a importância, sobretudo quando compomos um livro para
torná-los conhecidos de todos.
Dizemos
apenas que, sem o raciocínio, eles não bastam para determinar a convicção;
que uma explicação prévia, pondo termo às prevenções e mostrando que
os fatos em nada são contrários à razão, dispõe o indivíduo a aceitá-los.
Tão
verdade é isto que, em dez pessoas completamente novatas no assunto, que
assistam a uma sessão de experimentação, ainda que das mais satisfatórias na
opinião dos adeptos, nove sairão sem estar convencidas e algumas mais
incrédulas do que antes, por não terem as experiências correspondido ao que
esperavam. O inverso se dará com as que puderem compreender os fatos, mediante
antecipado conhecimento teórico. Para estas pessoas, a teoria constitui
um meio de verificação, sem que coisa alguma as surpreenda, nem mesmo o
insucesso, porque sabem em que condições os fenômenos se produzem e que não
se lhes deve pedir o que não podem dar.
Assim,
pois, a inteligência prévia dos fatos não só as coloca em condições de se
aperceberem de todas as anomalias, mas também de apreenderem um sem-número de
particularidades, de matizes, às vezes muito delicados, que escapam ao
observador ignorante.
Tais
os motivos que nos forçam a não admitir, em nossas sessões experimentais,
senão quem possua suficientes noções preparatórias, para compreender o que
ali se faz, persuadido de que os que lá fossem, carentes dessas noções,
perderiam o seu tempo, ou nos fariam perder o nosso.
Allan Kardec
Resumimos nas proposições seguintes o que havemos expendido:
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DESAPARECIDOS (Crianças e Adolescentes)
