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Prefácio do autor Escrevi este livro no intuito não só de vulgarizar o modo mais simples de curar, como também com o fim de lhe propagar as aplicações.Tal como se infere do seu título, está destinado a ser manuseado como um resumo dos processos magnéticos, apresentando o que há de essencial nos numerosos tratados publicados sobre esta matéria. Resultado de um estudo acurado dos mestres, e de uma experiência pessoal adquirida em vinte anos de prática, recomenda-se este guia a todos os homens de boa vontade, desejosos de, por si mesmos, aliviarem os sofrimentos dos seus semelhantes. Recomendamo-lo principalmente aos pais e mães de famílias, que encontrarão nesta instrução formulada com a maior clareza possível, e pela aplicação de processos muito simples, um meio natural de promover sem medicação alguma, o desenvolvimento normal dos seus filhos, o que lhes permitirá evitar os desvios de crescimento tão desastrosos em suas conseqüências, combater qualquer sintoma a medida que se apresente e, deste modo, manter permanente em seu foco "este precioso elemento constitutivo da felicidade": a Saúde! O estudo do magnetismo abrange três graus distintos:
Foi assim que julguei curial dividir este estudo para apresentá-lo ao público em uma progressão lógica, suscetível de evitar qualquer espécie de confusão. A primeira parte, sob a denominação de Manual Técnico, que publicamos hoje, compreende a enumeração e a explicação dos processos práticos: é o primeiro grau de instrução, muito suficiente para qualquer aprendiz magnetizador. Porém, para conseguir ser mestre, para conhecer a fundo o magnetismo debaixo do ponto de vista teórico e prático, será de vantagem estudar as matérias contidas nas duas outras partes, que nos propomos publicar proximamente como complemento deste manual.
Ação curadora do magnetismo,
O sistema nervoso, regulador fisiológico do organismo, entretém, por sua tensão normal, este duplo movimento da vida. A ação magnética, por sua influência direta sobre o sistema nervoso, atua no sentido do funcionamento vital, e, mantendo o equilíbrio funcional, restabelece e conserva a saúde. [1] Tese sustentada pelo Sr. Bué em 24 de outubro de 1908 no Congresso Internacional Magnético.
Em suas notáveis lições sobre o calor animal, Claude Bernard, efetivamente, ...
Por esta confissão de fraqueza do sábio professor do Colégio de França, nós, humildes operários do pensamento, que temos procurado a solução do problema, podemos responder: "Esta ação terapêutica que julgais impossível, nós a conhecemos !Bem sei que se contesta aos magnetizadores a influência benéfica que pretendem exercer com suas imposições e seus passes; também não ignoro que se vai até negar a possibilidade de uma transmissão nervosa de organismo para organismo. Mas os fatos aí estão, numerosos, indiscutíveis; e na verdade não pode haver dúvida senão para aqueles que não querem ver ! Podemos, afinal, responder aos adversários do mesmerismo servindo-nos de seu próprio argumento. Não dizem eles (e é um fato, aliás, reconhecido pela doutrina hipocrática) que "quando uma causa nociva vem lesar uma parte do corpo ou perturbar o jogo de uma função, produz-se desde logo, na parte interessada, e mesmo em todo o organismo, uma série de atos que têm como efeito, ou antes que tendem a reparar a lesão e restabelecer o funcionamento?"
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O fenômeno vital é o resultado da íntima colaboração de três fatores que constituem, por seu conjunto a triplicidade viva do organismo; o movimento da vida reside no encadeamento de dois fenômenos indissoluvelmente unidos em uma ação inversa e constante, destruição, renascimento, sob a influência reguladora de uma tensão equilibrada; e o sistema nervoso é precisamente o regulador fisiológico encarregado de manter esta tensão normal no organismo.Se assim é, torna-se incontestável que o agente terapêutico, que agir diretamente sobre o sistema nervoso no sentido do funcionamento vital, regulará seguramente os fenômenos funcionais, entreterá e ativará as metamorfoses orgânicas, e presidirá deste modo soberanamente à manutenção da tonalidade viva ou à sua reconstituição, quando ela estiver desequilibrada. Ora, qualquer que seja a diversidade das opiniões emitidas sobre a ação magnética, como esta ação se resume, enfim, numa espécie de transmissão de força pela rede nervosa; como esta transfusão nervosa é um fato certo, facilmente verificável pela experiência, como esta transfusão se obtém pelos mais simples processos, cuja eficácia nos demonstra uma prática diária, nos julgamos autorizados a apresentar o magnetismo como o meio mais seguro de entreter o equilíbrio vital e curar as afecções mórbidas as mais rebeldes. Somente, enquanto estes problemas complexos não forem melhor elucidados, conservemo-nos, prudentemente, nas aplicações práticas de uma força cujas evoluções nos são ainda insuficientemente conhecidas, evitemos a encenação ruidosa dos fenômenos mal estudados, evitemos o abuso dessas experiências de sugestão e de sono provocado, os quais, dando ao magnetismo uma cor diabólica ou mística, perturbam e inquietam as consciências; confinemo-nos na parte verdadeiramente útil do magnetismo, sua aplicação à cura das moléstias. Eis aí, em nossa opinião, o único fim que deve ter o emprego do magnetismo. [131 - Introdução - Página 10]
Princípios fundamentais 1. Mesmer, fundador da doutrina a que deu o seu nome, apoiando-se nas idéias de Descartes e de Newton, admitia como princípio uma corrente universal que tudo penetra e abraça num movimento alternativo e perpétuo, assemelhando-se ao fluxo e refluxo do mar.É a esse movimento alternativo universal que ele atribuía a formação dos corpos, as influências astrais, e a influência mútua que todos os corpos da natureza exercem uns sobre os outros. 2. É este o seu ponto de partida: tudo é simples, tudo é uniforme, tudo se mantém, a natureza produz os seus maiores efeitos com a menor despesa possível; ela junta unidade a unidade; só há uma vida, uma saúde, uma moléstia, e por conseguinte um remédio. 3. O homem se acha em estado de saúde quando todas as partes de que se compõe têm a faculdade de exercer as funções a que são destinadas: se em todas as funções reinar uma ordem perfeita, há harmonia. 4. A moléstia é o estado oposto, isto é, aquele em que a harmonia está perturbada. 5. Como a harmonia é uma, só há uma saúde. A saúde pode ser representada pela linha reta. A moléstia seria então a aberração desta linha, aberração que pode ser mais ou menos considerável. 6. O remédio é o meio que restabelece a harmonia, quando ela se acha perturbada. 7. Existe um princípio que constitui e entretém a harmonia, e este princípio é precisamente o que o homem recebeu em partilha, desde sua origem, do movimento universal em que se acha encravado; este princípio é que determinou a formação e o desenvolvimento dos órgãos, e é ele que presidirá à sua conservação e reparação. Originado do movimento universal, a cujas leis obedece, influencia diversamente os organismos, penetra-os e, regulando o jogo de seus elementos constitutivos (as vísceras), aparece como o verdadeiro princípio da vida.
Em física admitem-se as radiações caloríficas, químicas, elétricas e luminosas; há igualmente radiações magnéticas ou nêuricas. A força nêurica, em sua essência e ação, apresenta certas analogias flagrantes com o calor, a luz, a eletricidade e o magnetismo. Esta força existe no corpo do homem sob dois estados:
Pode conceber-se um agente particular, uma espécie de modificação da eletricidade ou de magnetismo mineral, seguindo quase as mesmas leis que a eletricidade, e tendendo continuamente a por-se em equilíbrio nos diferentes seres em contato ou aproximados uns dos outros, cada um segundo a sua constituição particular, sendo mais ou menos apto para atraí-lo ou para retê-lo. Todo o ser vivo é um verdadeiro corpo elétrico, constantemente impregnado deste princípio ativo, mas nem sempre na mesma proporção; uns possuem mais, e outros menos; daí em parte esta diferença, quer nos temperamentos quer nas constituições jornaleiras. A mobilidade perpétua deste agente é uma conseqüência natural dessas variações. Desde então concebe-se que ele deve ser impelido para fora por uns, e atraído e reabsorvido rapidamente por outros; que a vizinhança daquele em que abundar é profícua aquele em que falta; a coabitação da crença com o velho é útil a este, e nociva àquela; os vegetais novos aproximados em sementeiras são vigorosos e frescos, mas estando próximos a uma grande árvore, secam e morrem. (De Jussieu).
Quando dois homens estão em contato ou simplesmente próximos um do outro, uma ação magnética se estabelece entre eles. O mais forte cede ao mais fraco uma parte de seu princípio ativo. (Feste). O mesmerismo repousa em uma hipótese que atribui à vontade a faculdade de expelir, para além da periferia do corpo, o influxo nervoso que ela desenvolve nos nervos do movimento, e de dirigir esta força através do espaço sobre os seres vivos que ela se propõe a afetar. Alguns dos efeitos mesméricos nos parecem justificar esta suposição de uma maneira absoluta. (Dr. Durand de Gros).
[*] Nota do Autor ___ Sendo nosso objetivo conservar-nos aqui exclusivamente no terreno da prática, deixamos de parte toda a consideração histórica ou teórica que possa afastar-nos do assunto. Limitamo-nos a dar um exposto sucinto dos princípios gerais que formam a base do mesmerismo, princípios que estão de acordo com a experimentação, e cuja discussão tem lugar no 2º volume desta obra.
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