| Essa nova ordem se aperfeiçoará cada vez mais, em
prosseguimento do caminho evolutivo já percorrido, para coordenações
e organizações mais complexas e completas: orgânicas, psíquicas e
sociais. Pois, com a vida, inicia-se também a manifestação de suas leis e de seus equilíbrios
superiores, que dirigirão, nos níveis mais altos, também vossa
existência individual e coletiva. |
Como ocorre a transformação da eletricidade em vida? Compreende-se essa
passagem pela redução do fenômeno, como o fizemos para as formas de


, à sua substância
ou íntima
estrutura cinética. Desde as primeiras fases da
vida,
o ritmo dinâmico transforma-se em outros ritmos, que se fundem em harmonias
mais complexas, em verdadeira sinfonia de movimentos.
- A
matéria vos deu o princípio estático da forma;
- a
energia, o princípio dinâmico da trajetória e transmissão;
- a vida vos dará o princípio psíquico do organismo e da consciência.
Uma primeira observação fundamental: o modo pelo qual colocamos o
problema do ser, com o transformismo

— isto é, como um
físio-dínamo-psiquismo — leva-nos a uma concepção
de
vida diferente da vossa, muito mais
substancial. Geralmente procurais a
vida em
seus efeitos, não em suas causas; na forma, não no princípio. Conheceis da
vida as últimas conseqüências, e
descurasteis a
priori e de propósito o centro gerador. Tivesteis até ilusão de poder
reproduzir a gênese dos processos vitais, provocando os fenômenos últimos e
mais afastados da causa determinante.
- Ora, a verdadeira vida não é uma síntese de substâncias protéicas, mas consiste no princípio
que essa síntese estabelece e dirige;
- a vida não reside na evolução das
formas, mas na evolução do centro imaterial que as anima;
- a vida não está na química complexa do
mundo orgânico, mas no psiquismo que a guia.
Observai, agora,
como
nosso ingresso no
mundo biológico ocorre precisamente por via das
formas dinâmicas.
Com a
eletricidade,
situada no vértice destas formas dinâmicas,
desembocamos
não na forma, mas no princípio da vida,
no motor genético das formas. Isto porque caminhamos sempre aderentes à Substância
e existimos no âmago em que está a essência dos fenômenos. Leva-nos este
fato a uma colocação nova do problema da
vida:
compreendemo-lo totalmente em seu aspecto profundo e substancial (
o lado
psíquico e espiritual) e isto desde o primeiro aparecimento dos mais
rudimentares
fenômenos biológicos, em que
já existe presente naquele
psiquismo,
embora rudimentarmente.
A nossa biologia é de substância, não
de forma.
- Alcançamos
não a veste orgânica mutável, mas o princípio que não morre;
- não
a aparência exterior dos corpos físicos, mas a realidade que os
anima;
- não
o que sai, mas o que fica;
- não
o indivíduo nem as espécies em que se reagrupam as formas e
se encadeiam em desenvolvimentos orgânicos, mas a expansão do
conceito dirigente do fenômeno do psiquismo que vos preside;
- não
a evolução dos órgãos, mas a evolução do Eu, que vos melhora e os
plasma para si, como meios para a própria ascensão.
Vista assim, em sua luz interior, a biologia coincide, também na análise crua
de suas forças motrizes, com o mais alto espiritualismo das religiões. Isto se
dá porque as vicissitudes do
princípio
psíquico que evolui da ameba ao
homem,
são as mesmas que depois amadurecem na
ascensão espiritual da consciência, que se eleva a
Deus pela
fé. Pois, a pequena
centelha se tornará incêndio, o primeiro vagido tímido será o canto potente
de todo o planeta. Aqui vedes, chegando à completa e harmônica fusão, os
princípios das
religiões e
os métodos do materialismo; vedes reunida a aspiração, ainda que cindida, do
espírito humano.
As três fases de vosso universo são

,

,

.
- A
passagem ocorre da matéria (
), - para energia (
) - e
para o espírito (
).
As formas dinâmicas abrem-se
por evolução, não na vida como a
entendeis, mas no psiquismo
que é a causa dessa vida . |
Assim o fenômeno da
vida assume um conteúdo totalmente novo, um significado imensamente mais alto e, ao
mesmo tempo, não fica isolado, mas se concatena com os fenômenos da matéria e
energia. Podemos investigar a gênese científica do
princípio espiritual da vida, sem minimizar com isso, de modo algum, a
grandeza e a profundidade divina do fenômeno.
A energia é o sopro divino que anima a matéria, elevando-a a nível
mais alto. O
Pentateuco, no capítulo 2º da Gênese, diz:
“O Senhor Deus, então, formou o homem da lama da terra, e soprou-lhe na face o sopro da vida e
o homem foi feito alma vivente”.
A lama da terra é a matéria inerte, os materiais químicos do mundo
inorgânico. O grande hálito que move e vivifica a matéria cósmica, isto é:
"
anemo",
alma, espírito, paixão,
turbilhão, não é apenas acrescentada a ela, mas funde-se com ela. Sabemos que
Deus não é potência exterior, mas reside no íntimo das coisas, e no íntimo
opera, profundamente, na essência.
Não atribuais corpo e hálito à
Divindade. Compreendei que naquelas palavras não pode existir mais do que uma
humanização simbólica de uma realidade mais profunda.
[63
- A GRANDE SÍNTESE - Conceito substancial dos fenômenos biológicos ]