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Catolicismo

As igrejas nascidas do Cristianismo caminham para grande renovação. O progresso assim exige. As ideias de céu e inferno e os excessos de natureza política, na hierarquia eclesiástica, estabeleceram grandes perturbações para a alma popular. Entretanto, cabe-nos considerar as religiões que envelhecem como frutos fortemente amadurecidos. A polpa alterada pelo tempo deve ser colocada à margem, contudo, as sementes são indispensáveis à produção do futuro. Auxiliemos as igrejas antigas, em vez de acusá-las. Todos somos filhos do Pai Celestial e onde houver o mínimo gérmen de Cristianismo aí surgirão recursos de recuperação do homem e da coletividade para o Cristo, Nosso Senhor.

[4 - página 94] - André Luiz - 1954

São tão salientes os pontos de contato entre o Catolicismo, o Protestantismo e o Judaísmo, suas práticas tão semelhantes, que não é para admirar tenham os dois primeiros repelido o Espiritismo, pelo mesmo motivo pelo qual o terceiro repeliu o Cristianismo e, na impugnação, usando até a mesma proposição atirada à face do Cristo Jesus: "Este não expulsa demônios senão por Belzebu, príncipe dos demônios".
Trabalho de João Gonçalves Filho - (CATOLICISMO - 420)

____O Padre François Charles Antoine Brune, Sacerdote católico, um dos mais conhecidos no Brasil, grande estudioso da tradição cristã do Oriente e professor de várias faculdades na França. É autor dos livros:

  • Os Mortos nos Falam - Sobradinho, 1991, Ed. Edicel.
  • e Linha Direta para o Além.

http://geocities.yahoo.com.br/carlos.guimaraes/quevedo3.html
(Link desativado)

A RELIGIÃO CATÓLICA

____Com a conversão de Constantino (270?-337), em 312, o Cristianismo foi adotado como religião oficial do Império Romano. As controvérsias teológicas assumiram então a maior importância. Legitimando o poder político e aceito como explicação final da ordem da criação, o Cristianismo tornou-se a ideologia fundamental do Império. As interpretações teológicas constituíram formas alternativas de conceber a organização do poder eclesiástico e político. As doutrinas da Trindade e, especialmente, as que se referiam a Cristo expressavam em termos teológicos as esperanças a respeito da natureza humana e as concepções relacionadas ao papel da História. O modo como a Segunda Pessoa da Santíssima Trindade --o Filho-- se fez homem e assumiu a natureza realmente humana representa o pensamento próprio da época, ao julgar as potencialidades do ser humano e fundar a esperança na transformação radical do homem, pecador e imperfeito.
____O Primeiro Concílio de Nicéia (325) proclama que o Filho é consubstancia ao Pai. O Primeiro Concílio de Constantinopla decide, por sua vez, que a unidade absoluta em Deus é inseparável de uma diversidade igualmente absoluta: o Pai, fonte de divindade, seu Filho e seu Espírito. Nos dois Concílios a decisão é a mesma: o Espírito_Santo procede do Pai através do Filho.
____O Concílio de Éfeso (431) examina a questão fundamental da união em Cristo do divino e do humano centro da discórdia entre nestorianos e monofisitas.
____Os concílios reagrupam as Igrejas locais em torno de algumas que exercem o papel de "centros de acordo". Estabelecem cinco patriarcados: Roma, Constantinopla, Alexandria, Antioquia e Jerusalém .
____Roma conserva uma primazia de honra e de grande autoridade moral, sem ter, entretanto, poderes jurídicos sobre a Igreja Universal.
____As divergências doutrinárias, de caráter exclusivamente religioso, refletem conflitos mais amplos, existentes entre Roma e Bizâncio. As disputas política entre o Ocidente e o Oriente já anunciavam o irrevogável afastamento que mais tarde se concretizaria. A competição aumenta quando o Papa Leão II (795-816), no ano 800, coroa Carlos Magno (742-814), um imperador ocidental, na Basílica de São Pedro, sem o consentimento do soberano bizantino. Em meados do século IX, essa rivalidade é confirmada: Roma e Constantinopla empenham-se em controlar o recém-convertido czar da Bulgária Bóris. Bizâncio sai vencedora. O Patriarca Fócios (820?-895?), de Constantinopla, elabora então um lista do que considera as heresias ocidentais e convence búlgaros a adotar as tradições orientais.
____Entretanto, o ressentimento causado por essa derrota vai explodir ainda dois séculos mais tarde, quando Cardeal Humberto (1010-1061), Roma, declara heréticos os costumes gregos.
____Em 1204, a Quarta Cruzada ataca Constantinopla, tornando efetiva a impossibilidade de relacionamento entre as duas alas da Cristandade, entre Roma e Bizâncio. Constantinopla, que durante dez séculos preservara dos bárbaros os tesouros da civilização clássica crista, é totalmente destruída pelos cruzados, pela Igreja Ocidental organizada para combater os infiéis , num ato considerado sacrílego e cruel.
____Depois disso, somente acordos temporários foram efetuados. Os Concílios de Lyon, em 1274, e Florença, em 1439, tentam uma concordância doutrinária que não passa de compromisso formal.
____Havia tanta animosidade que, no fim do Império Bizantino, muitos Ortodoxos viam no avanço turco um mal menor do que a submissão ao papado. Alguns inclusive entenderam a queda de Constantinopla como punição divina contra o Imperador e o Patriarca que aceitaram, em Florença, a supremacia italiana.
____Mas a convocação do Concílio de 1439 atendia a necessidades antes políticas que religiosas, e o Imperador oriental tentava obter o auxílio do Ocidente no combate aos turcos, que ameaçavam Bizâncio. O acordo, porém, foi inútil e o ano de 1453, com a invasão turca, marca o fim do Império Bizantino.


DE ONDE PROCEDE O ESPÍRITO SANTO

____As disputas religiosas, mescladas de motivos políticos, dificultam a fixação de uma nítida diferença teológica que explique o Cisma de 1054, ocorrido sob o Patriarcado de Miguel Cerulário (1000?-1059). Tanto os oponentes ocidentais como orientais nunca se mostraram seguros, freqüentemente enfatizando diversos aspectos da controvérsia. No entanto, o problema formalmente religioso refere-se à procedência do Espírito Santo e constitui-se na chamada "Questão Filioque".
____Esse problema representou um desafio aos teólogos latinos e gregos.

  • Os Concílios de Nicéia e Constantinopla doutrinam que o Espírito Santo procede do Pai.
  • E a Igreja do Ocidente defende que " o Espírito Santo procede do Pai e do Filho", a Patre Filioque, na expressão latina.
    (Ver: O Consolador Prometido)

____A partir disso, as discussões se ampliam para outras questões doutrinárias. As listas são elaboradas por ambas as partes e o número de heresias atribuídas a um e outro lado cresce durante os três séculos em que duraram as polêmicas. Entre as várias heresias latinas contidas na lista do Patriarca Fócios está a que considera como falso o ensinamento sobre o Espírito_Santo contido no Credo, na adição das palavras "e do Filho". Foi essa adição que gerou a "Questão Filioque".
____Não se sabe, no entanto, quem introduziu a cláusula Filioque no Credo. Nos quatro primeiros Concílios Ecumênicos, o texto original tinha sido aprovado como profissão de fé de ambos os lados. Supõe-se que o acréscimo foi feito na Espanha, entre os séculos V e VI. A expressão, provavelmente usada nos textos litúrgicos, foi desaconselhada pelo Papa Leão III para evitar conflitos com o Patriarca de Bizâncio. Mas Carlos Magno e seus sucessores resolveram sustentar a adição, legitimando-a. Carlos Magno adquiria assim um instrumento para a luta política contra Bizâncio. Roma retira sua oposição à cláusula Filioque e, no século seguinte, durante a coroação de Henrique II (973-1024), o Credo era solenemente entoado na Igreja de São Pedro com a adição ofensiva.
____Já a partir das decisões do Concílio de Nicéia, em 787, que proclamam o Espírito Santo procedente do "Pai através do Filho", houve oposição dos teólogos ocidentais carolíngios, que viam no entendimento realizado um erro dogmático. Consideraram a expressão vaga e equívoca, capaz de gerar a suposição de que o Espírito Santofosse uma criatura. Essas divergências, no entanto, limitaram-se à questão litúrgica até o século IX, quando o Patriarca Fócios dá nova interpretação aos escritos dos antigos teólogos gregos e ensina que o Espírito Santo procede apenas do Pai. Ele afirma que o significado da expressão grega empregada não é "através de," mas sim "a partir de", e por isso a cláusula Filioque constituiria uma heresia. Muitos teólogos, inclusive alguns ortodoxos, tendiam a considerar a questão como simples problema semântico. Outros porém, apegam-se a ela, considerando-a base da teologia trinitária ortodoxa. O Patriarca mantém-se em seu próprio ponto de vista e alia às suas posições doutrinárias uma atitude de franca hostilidade contra os latinos. Dessa forma são delineados os primeiros contornos da controvérsia religiosa que se transforma na principal causa doutrinária de separação das Igrejas do Ocidente e do Oriente.
____A doutrina filioquista, elaborada pela teologia latina, foi dogmatizada no Concílio de Lyon em 1274: "o Espírito Santo procede do Pai e do Filho como de um só princípio". Esse dogma contraria a doutrina trinitária ortodoxa, que é acusada de não estabelecer relação entre o Filho e o Espírito Santo, não podendo, portanto, distingui-los. A doutrina FIlioquista significou para os romanos o triunfo da unidade divina sobre a diversidade.
____Nem sempre as divergências doutrinárias alcançavam nível de importância e transcendência como a "Questão Filioque". Muitos temas fixavam-se em aspectos menos vitais à fé crista. Em Bizâncio, tudo o que pudesse relacionar-se com a religião e seus rituais era discutido. Detinham-se em detalhes, ...

  • como as questões do uso de anéis pelos bispos orientais,
  • a introdução de instrumentos musicais na liturgia,
  • O uso da barba raspada nos clérigos
  • Ou ainda a fermentação do pão usado na Eucaristia.

____Eram discussões tão intensas e apaixonadas que um eventual desacordo entre os devotos poderia significar inimizade definitiva. Por isso, qualquer discussão mais minuciosa e estéril passou a ser chamada de "bizantina".

RESUMO EXTRAÍDO DA PUBLICAÇÃO DA ABRIL CULTURAL

"AS GRANDES RELIGIÕES "

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