____Faz dois mil anos que os "Cristãos" estão revivendo o trauma de minha
crucificação. Alguns, inclusive, experimentaram o estigma, que nada mais é do que uma resposta emocional histérica e mórbida àquilo que acreditam
que suportei. Essas pessoas se superexcitam até viverem picos emocionais
próximos ao frenesi, imaginando a angústia dos meus sofrimentos antes de
minha morte. Sua gratidão emocional pelo que suportei lança-os em um
estado de estresse físico.
____Isso está sendo escrito num dia de Sexta-Feira Santa e vim especialmente para falar acerca de minha crucificação. Vim para dizer que você deve
abandonar todo o drama referente à recordação daquele dia. Morri - e isso
foi, para mim, uma libertação maravilhosa.
____Já é tempo de que as pessoas acordem de seu longo, longo sonho e
compreendam a existência como ela realmente é - e a verdade a respeito
de minha crucificação, a qual esteve oculta até este momento. Na Sexta-Feira Santa, ano após ano através dos séculos, pelo mundo todo, foi criado
um "estado de ser de consciência" traumática e contaminada. Este estado
está tão longe da dimensão espiritual da CONSCIÊNCIA CRIATIVA UNIVERSAL quanto o inferno está distante do céu.
____Agora escolhi reviver minha vida sobre a Terra no personagem de "Jesus" através da mente de alguém_que_recebe_minhas_palavras. Isto
tem como finalidade ajudar o mundo a avançar rumo a uma nova_fase de desenvolvimento espiritual/mental. Por isso, peço àqueles que possam receber minhas palavras que abandonem esta prática de recordar
minha morte e de exercitar a "abnegação"(Self-denial) física durante o jejum da
quaresma para recordar_meus_quarenta_dias_no_deserto. Como você pode perceber pelo que digo, meus dias no deserto foram de grande
felicidade e bem-aventurança espiritual.
[ CARTAS DE CRISTO - Carta 3]
(Ver também: Quando Você vai acordar? e Jesus e as Cartas)
Relato
do Dr. Barbet, médico francês, professor-cirurgião, sobre a agonia de Jesus Cristo,
reconstituindo as dores sofridas por Ele, em nosso lugar. ____"Sou um cirurgião, e dou aulas há algum tempo. Por treze anos vivi
em companhia de cadáveres e durante a minha carreira estudei anatomia a
fundo. Posso portanto escrever sem presunção a respeito de morte, como a
de Jesus.
____"Jesus entrou em agonia no Getsemani e seu suor tornou-se como gotas
de sangue a escorrer pela terra". O único evangelista que relata o
fato é um médico, Lucas. E o faz com a precisão de um clínico. O suar
sangue, ou "hematidrose", é um fenômeno raríssimo.
É produzido em condições excepcionais: para provocá-lo é
necessário uma fraqueza física, acompanhada de um abatimento moral
violento causado por uma profunda emoção, por um grande medo. O terror,
o susto, a angústia terrível de sentir-se carregando todos os pecados
dos homens devem ter esmagado Jesus. Tal tensão extrema produz o
rompimento das finíssimas veias capilares que estão sob as glândulas
sudoríparas, o sangue se mistura ao suor e se concentra sobre a pele, e
então escorre por todo o corpo até a terra.
____Conhecemos a farsa do processo preparado pelo Sinédrio hebraico, o envio
de Jesus a Pilatos e o desempate entre o procurador romano e Herodes.
____Pilatos cede, e então ordena a flagelação de Jesus. Os soldados
despojam Jesus e o prendem pelo pulso a uma coluna do pátio. Aflagelação se efetua com tiras de couro múltiplas sobre as quais são fixadas
bolinhas de chumbo e de pequenos ossos. Os carrascos devem ter sido dois,
um de cada lado, e de diferente estatura. Golpeiam com chibatadas a pele,
já alterada por milhões de microscópicas hemorragias do suor de sangue.
A pele se dilacera e se rompe; o sangue espirra. A cada golpe Jesus reage
em um sobressalto de dor. As forças se esvaem; um suor frio lhe impregna
a fronte, a cabeça gira e vem uma vertigem de náuseas, calafrios lhe
correm ao longo das costas. Se não estivesse preso no alto, pelos pulsos,
cairia em uma poça de sangue.
____Depois do escárnio da coroação. Com longos espinhos, mais duros que os
de acácia, os algozes entrelaçam uma espécie de capacete e o aplicam
sobre a cabeça. Os espinhos penetram no couro cabeludo fazendo-o sangrar
(os cirurgiões sabem o quanto sangra o couro cabeludo ).
____Pilatos, depois de ter mostrado aquele homem dilacerado à multidão
feroz, o entrega para ser crucificado. Colocam sobre os ombros de Jesus o
grande braço horizontal da cruz; pesa uns cinqüenta quilos. A estaca
vertical já está plantada sobre o Calvário. Jesus caminha com os
pés descalços pelas ruas de terreno irregular, cheias de pedregulhos. Os
soldados o puxam com as cordas. O percurso, é de cerca de 600 metros.
Jesus, fatigado, arrasta um pé após o outro, freqüentemente cai sobre os joelhos. E os ombros de Jesus estão cobertos de chagas. Quando
Ele cai por terra, a viga lhe escapa, escorrega, e lhe esfola o dorso.
Sobre o Calvário tem início a crucificação. Os carrascos despojam o
condenado, mas a sua túnica está colada nas chagas e tirá-la produz dor
atroz. Quem já tirou uma atadura de gaze de uma grande ferida percebe do
que se trata. Cada fio de tecido adere à carne viva; ao levarem a túnica,
se laceram as terminações nervosas postas em descoberto pelas chagas. Os
carrascos dão um puxão violento. Há um risco de toda aquela dor
provocar uma síncope, mas ainda não é o fim.
____O sangue começa a escorrer. Jesus é deitado de costas, as suas chagas se
incrustam de pedregulhos. Depositam-no sobre o braço horizontal da cruz.
Os algozes tomam as medidas. Com uma broca é feito um furo na
madeira para facilitar a penetração dos pregos. Os carrascos pegam um
prego (um longo prego pontudo e quadrado), apóiam-no sobre o pulso de Jesus, com um golpe certeiro de martelo o plantam e o rebatem sobre a
madeira. Jesus deve ter contraído o rosto assustadoramente. O nervo
mediano foi lesado. Pode-se imaginar aquilo que Jesus deve ter provado;
uma dor lancinante, agudíssima, que se difundiu pelos dedos, e
espalhou-se pelos ombros, atingindo o cérebro.
A dor mais insuportável que o homem pode provar, ou seja, aquela
produzida pela lesão dos grandes troncos nervosos: provoca uma síncope
e faz perder a consciência. Em Jesus não. O nervo é destruído só em
parte: a lesão do tronco nervoso permanece em contato com o prego,
quando o corpo é suspenso na cruz, o nervo esticará fortemente como uma
corda de violino esticada sobre a cravelha. A cada solavanco, a cada
movimento, vibrará despertando dores dilacerantes. Um suplício que durará
três horas.
____O carrasco e seu ajudante empunham a extremidade da trava; elevam Jesus,
colocando-o primeiro sentado e depois em pé; conseqüentemente fazendo-o
tombar para trás, o encostam na estaca vertical. Os ombros da vítima
esfregam dolorosamente sobre a madeira áspera. As pontas cortantes da
grande coroa de espinhos penetram o crânio. A cabeça de Jesus inclina-se
para frente, uma vez que o diâmetro da coroa o impede de apoiar-se na
madeira.
____Cada vez que o mártir levanta a cabeça, recomeçam pontadas agudas de
dor. Pregam-lhe os pés. Ao meio-dia Jesus tem sede. Não bebeu desde a
tarde anterior. Seu corpo é uma máscara de sangue. A boca está
semi-aberta e o lábio inferior começa a pender. A garganta, seca, lhe
queima, mas ele não pode engolir. Tem sede. Um soldado lhe estende sobre
a ponta de uma vara, uma esponja embebida em bebida ácida, em uso entre
os militares. Tudo aquilo é uma tortura atroz. Um estranho fenômeno se
produz no corpo de Jesus. Os músculos dos braços se enriquecem em uma
contração que vai se acentuando: os deltóides, os bíceps
esticados e levantados, os dedos, se curvam. É como acontece a alguém
ferido de tétano. A isto que os médicos chamam titânia, quando os
sintomas se generalizam: os músculos do abdômen se enrijecem em
ondas imóveis, em seguida aqueles entre as costelas, os do pescoço, e os
respiratórios. A respiração se faz, pouco a pouco mais curta. O ar
entra com um sibilo, mas não consegue mais sair. Jesus respira com o ápice
dos pulmões. Tem sede de ar: como um asmático em plena crise, seu
rosto pálido pouco a pouco se torna vermelho, depois se transforma num
violeta purpúreo e enfim em cianítico.
____Jesus é envolvido pela asfixia. Os pulmões cheios de ar não podem
esvaziar-se. A fronte está impregnada de suor, os olhos saem fora de órbita.
Mas o que acontece? Lentamente com um esforço sobre-humano, Jesus toma um
ponto de apoio sobre o prego dos pés. Esforça-se a pequenos golpes, se
eleva aliviando a tração dos braços. Os músculos do tórax se
distendem. A respiração torna-se mais ampla e profunda, os pulmões se
esvaziam e o rosto recupera a palidez inicial.
____Por que este esforço? Porque Jesus quer falar: " Pai,
perdoa-lhes porque não sabem o que fazem".
____Logo em seguida o corpo começa afrouxar-se de novo, e a asfixia recomeça.
____Foram
transmitidas sete frases pronunciadas por Ele na cruz: cada vez que
falou, elevou-se, tendo como apoio o prego dos pés. Inimaginável!
____Atraídas pelo sangue que ainda escorre e pelo coagulado, enxames de
moscas zunem ao redor do seu corpo, mas Ele não pode enxotá-las.
____Pouco depois o céu escurece, o sol se esconde: de repente a
temperatura diminui. Logo serão três da tarde, depois de uma
tortura que dura três horas. Todas as suas dores, a sede, as cãibras, a
asfixia, o latejar dos nervos medianos, lhe arrancam um lamento:" Meu Deus, Meu Deus, porque me abandonastes?". Jesus
grita: " Tudo está consumado !". Em seguida num
grande brado diz: " Pai, nas tuas mãos entrego o meu espírito".
E morre.
____E
morre, no meu lugar e no seu. Não façamos dessa morte, que trouxe nova vida a todos nós, uma morte sem nexo. Está em você, dentro de você o
espírito de Jesus. Ame-o e glorifique-o todos os
dias da sua vida. Colaboração de: Renato Ruy renatoruy@globo.com
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