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Vimos
que uma única lei, primordial e geral, foi
outorgada ao Universo,
para lhe assegurar eternamente a estabilidade, e que essa lei geral nos é perceptível aos sentidos por muitas
ações particulares que nomeamos forças
diretrizes da Natureza.
Vamos agora mostrar que a harmonia do mundo inteiro, considerada sob o duplo aspecto da eternidade e do espaço, é garantida por essa lei suprema ... [38 cap. VI página131 Item48 ]
Com efeito, se remontarmos à origem
primária das primitivas aglomerações
da substância cósmica,
notaremos que já então, sob o império dessa lei, a matéria sofre as transformações necessárias, que levam do gérmen ao
fruto maduro, e que, sob a impulsão das diversas forças nascidas dessa lei,
ela percorre a escala
das revoluções periódicas.
Já sabemos que essas leis presidem à história do Cosmo; o que agora importa saber é que elas presidem igualmente à destruição dos astros, porquanto a morte não é apenas uma metamorfose do ser vivo, mas também uma transformação da matéria inanimada. Se é exato dizer-se, em sentido literal, que a vida só é acessível à foice da morte, não menos exato é dizer-se que para a substância é de toda necessidade sofrer as transformações inerentes à sua constituição.
Temos aqui um mundo que, desde o primitivo berço, percorreu toda
a
extensão dos anos que a sua organização especial lhe permitia percorrer.
Extinguiu-se-lhe o foco interior da existência, seus elementos perderam a virtude inicial; os fenômenos da Natureza, que reclamavam, para se produzirem, a presença e a ação das forças outorgadas a esse mundo, já não mais podem produzir-se, porque a alavanca da atividade delas já não dispõe do ponto de apoio que lhe era indispensável. Ora, dar-se-á que essa terra extinta e sem vida vai continuar a gravitar nos espaços celestes, sem uma finalidade, e passar como cinza inútil pelo turbilhão dos céus? Dar-se-á permaneça inscrita no livro da vida universal, quando já se tornou letra morta e vazia de sentido? Não. As mesmas leis que a elevaram acima do caos tenebroso e que a galardoaram com os esplendores da vida, as mesmas forças que a governaram durante os séculos da sua adolescência, que lhe firmaram os primeiros passos na existência e que a conduziram à idade madura e à velhice, vão também presidir à desagregação de seus elementos constitutivos, a fim de os restituir ao laboratório onde a potência criadora haure incessantemente as condições da estabilidade geral. Esses elementos vão retornar à massa comum do éter, para se assimilarem a outros corpos, ou para regenerarem outros sóis. E a morte não será um acontecimento inútil, nem para a Terra que consideramos, nem para suas irnãs. Noutras regiões, ela renovará outras criações de natureza diferente e, lá onde os sistemas de mundos se desvaneceram, em breve renascerá outro jardim de flores mais brilhantes e mais perfumadas.
Eis a ideia central do Universo,
o sopro divino que o anima, governa e movimenta, tal como vossa alma, pequena centelha dessa grande luz, governa vosso corpo.
O universo de matéria estelar que vedes, é como a casca, a manifestação externa, o corpo daquele princípio que reside no âmago, no centro. Vossa ciência, que observa e experimenta, permanece na superfície e procura encontrar esse princípio através de suas manifestações. As poucas verdades particulares que aprendeu, são apenas farrapos mal remendados da grande Lei. A ciência observa, supõe um princípio secundário, deduz uma hipótese, trabalha sobre ela, esperando uma confirmação da experiência, e daí conclui uma teoria. Mas vislumbrou somente pequena ramificação derradeira do conceito central, porque este defenderá com o mistério até que o homem seja menos malvado, menos propenso a fazer mau uso do saber e mais digno de olhar na face as coisas santas. Falo-vos de coisas eternas e não vos choque esta linguagem, para vós anticientífica; ela se mantém fora da psicologia que vosso atual momento histórico vos proporciona. Minha ciência não é como a vossa, ciência agnóstica, impotente para concluir; nem é ciência de um dia. Lembrai-vos de que a verdadeira ciência toca e mergulha nos braços do mistério: sagrado, santo e divino. A verdadeira ciência é religião e prece, só pode ser verdadeira se também for fé de apóstolo e heroísmo de mártir. A Lei é Deus. Ele é a grande alma que está no centro do universo. Não centro espacial, mas centro de irradiação e de atração. Desse centro, Ele irradia e atrai, pois Ele é tudo: o princípio e suas manifestações. Eis como Ele pode — coisa inconcebível para vós — ser realmente onipresente. É necessário esclarecer este conceito. Chegou o momento de retomar a ideia de que partimos, dos três aspectos do universo, para aprofundá-la. A esses três aspectos correspondem três modos de ser do universo.
Podem também denominar-se:
Esses três modos de ser estão coligados por relações de derivação recíproca. Para tornar mais simples a exposição, reduziremos esses conceitos a símbolos.
O universo resulta constituído por uma grande onda que,
Dando ao sinal O espírito, Mas compreendereis, qualquer movimento, se ampliado constantemente numa só direção, deslocaria todo o universo (em sentido lato, não apenas espacial), com acúmulos de um lado e vazios, de outro, proporcionais e definitivos. Então é necessário, para manter o equilíbrio, que a grande onda de ida seja compensada por outra onda equivalente de volta. Isso é também lógico e se realiza em virtude de uma lei de complementaridade, pela qual cada unidade é metade de outra unidade mais completa. O movimento que existe no universo não é jamais um deslocamento unilateral, efetivo e definitivo, mas é a metade de um ciclo que retorna ao ponto de partida, após haver cumprido determinado devenir, uma vibração de ida e volta, completa em sua contraparte inversa e complementar. A esse movimento descêntrico que vimos, a expansão e a exteriorização, Há , pois, o movimento inverso, pelo qual a matéria se desmaterializa, desagrega-se e expande-se em forma de energia, vontade, movimento; é um tornar-se, que por meio das experiências de infinitas vidas, reconstrói a consciência ou espírito. Aqui, o ponto de partida é Assim, a espiral, que antes era aberta, agora se fecha; a pulsação de regresso completa o ciclo iniciado pelo de ida. Vimos que a respiração de A letra
sem princípio Este é o conceito central do funcionamento orgânico do universo.
Estas simples indicações já esboçam a solução de muitos problemas científicos, como o da constituição da matéria, ou como o da possibilidade de, por desagregação, extrair dela, como de imenso reservatório, a energia, que não seria senão a passagem de A energia atômica que procurais, existe, e a encontrareis. (Estas páginas foram escritas em 1932) Estes apontamentos projetam a solução de muitos complexos problemas morais. Diante da grande caminhada que seguis está escrita a palavra evolução e a ciência não pôde deixar de vê-la, mas apenas a vislumbrou nas formas orgânicas e não em toda sua imensa vastidão. Vosso ciclo poderia definir-se como um físio-dínamo-psiquismo. A fórmula é [63 - A GRANDE SÍNTESE - A Lei ] |
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