____Nunca
será excessiva a importância que se dê à maneira de formular as perguntas e,
ainda mais, à natureza das perguntas. Devem considerar nas que se dirigem aos
Espíritos:
- Forma:
Pelo que toca à forma, devem ser redigidas com clareza e precisão,
evitando as questões complexas.
- Ordem:
A ordem que deve presidir à disposição das perguntas. Quando um assunto
reclama uma série delas, é essencial que se encadeiem com método, de modo
a decorrerem naturalmente umas das outras. Os Espíritos, nesse caso,
respondem muito mais facilmente e mais claramente, do que quando elas se
sucedem ao acaso, passando, sem transição, de um assunto para outro. Esta
a razão por que é sempre muito conveniente prepará-las de antemão, salvo
o direito de, durante a sessão, intercalar as que as circunstâncias tornem
necessárias. Além de que a redação será melhor, quando feita prévia e
descansadamente, esse trabalho preparatório constitui, como já o dissemos,
uma espécie de evocação antecipada, a que pode o Espírito ter
assistido e que o dispõe a responder. É de notar-se que muito
freqüentemente o Espírito responde por antecipação a algumas perguntas,
o que prova que já as conhecia.
- Fundo:
O fundo da questão exige atenção ainda mais séria, porquanto é, muitas
vezes, a natureza da pergunta que provoca uma resposta exata ou falsa. Algumas há a que os Espíritos não podem ou não devem responder, por
motivos que desconhecemos. Será, pois, inútil insistir.
____Porém,
o que sobretudo se deve evitar são as perguntas feitas com o fim de lhes pôr
à prova a perspicácia. Quando uma coisa existe, dizem, eles a devem
saber. Ora, precisamente porque conheceis a coisa, ou porque tendes os
meios de verificá-la, é que eles não se dão ao trabalho de responder. Essa
suspeita os agasta e nada se obtém de satisfatório. Não temos todos os dias
exemplos disso entre nós, criaturas humanas? Homens superiores, conscientes do
seu valor, gostariam de responder a todas as perguntas tolas, que objetivassem
submetê-los a um exame, como se foram estudantes? O desejo de fazer-se
de tal ou tal pessoa um adepto não constitui, para os Espíritos, motivo de
atenderem a uma vã curiosidade. Eles sabem que a convicção virá, cedo
ou tarde, e os meios que empregam para produzi-la nem sempre são os que supomos
melhores. ____Imaginai
um homem grave, ocupado em coisas úteis e sérias, incessantemente importunado
pelas perguntas pueris e tereis ideia do que devem pensar os Espíritos_superiores de todas as futilidades que se lhes perguntam.
____Não
se segue daí que dos Espíritos não se possam obter úteis esclarecimentos e,
sobretudo, bons conselhos; eles, porém, respondem mais ou menos bem, conforme
os conhecimentos que possuem, o interesse que nos têm, a afeição que nos
dedicam e, finalmente, o fim a que nos propomos e a utilidade que vejam no que
lhes pedimos. Se, entretanto, os inquirimos unicamente porque os julgamos mais
capazes do que outros de nos esclarecerem melhor sobre as coisas deste mundo,
claro é que não nos poderão dispensar grande simpatia. Nesse caso, curtas
serão suas aparições e, muitas vezes, conforme o grau da imperfeição de que
ainda se ressintam, manifestarão mau-humor, por terem sido inutilmente
incomodados. [17b - página 377 item 286] ____Pensam
algumas pessoas ser preferível que todos se abstenham de formular perguntas e
que convém esperar o ensino dos Espíritos, sem o provocar. É um erro.
____Os
Espíritos dão, não há dúvida, instruções espontâneas de alto alcance e
que errôneo seria desprezar-se. Mas, explicações há que freqüentemente se
teriam de esperar longo tempo, se não fossem solicitadas. Sem as questões que
propusemos, O Livro dos Espíritos e O Livro dos Médiuns ainda estariam por
fazer-se, ou, pelo menos, muito incompletos e sem solução uma imensidade de
problemas de grande importância. As questões, longe de terem qualquer
inconveniente, são de grandíssima utilidade, do ponto de vista da instrução,
quando quem as propõe sabe encerrá-las nos devidos limites. ____Têm
ainda outra vantagem: a de concorrerem para o desmascaramento dos Espíritos_mistificadores que, mais pretensiosos do que sábios, raramente suportam a
prova das perguntas feitas com cerrada lógica, por meio das quais o
interrogante os leva aos seus últimos redutos. Os Espíritos superiores, como
nada têm que temer de semelhante questionário, são os primeiros a provocar
explicações, sobre os pontos obscuros. Os outros, ao contrário,
receando ter que se haver com antagonistas mais fortes, cuidadosamente as
evitam. Por isso mesmo, em geral, recomendam aos médiuns, que eles
desejam dominar, e aos quais querem impor suas utopias, se abstenham de toda
controvérsia a propósito de seus ensinos. [17b - página 379 item 287] |