GUIA.HEU
20 Anos
Telemnesia
página acima: Metapsíquica
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Crianças e Adolescentes
DESAPARECIDOS
Termo criado por Hyslop para designar a percepção Supranormal, quando o percipiente vai buscar os elementos ao subconsciente de pessoas afastadas. Difere da telestesia porque nesta a percepção a distância parece ser direta, isto é, não se socorre do subconsciente de nenhuma outra, pessoa.

http://www.scribd.com/doc/7213157/Vocabulario-Metapsiquico
(Link desativado)

Os poderes supranormais da subconsciência podem circuncrever-se dentro de limites definidos

Cumpre observar que, ainda quando, por ora, não fosse possível traçar os limites em que se exercitam as faculdades_supranormais_subconscientes e que, por conseguinte, houvesse quem se arrogasse o direito de lhes conceder teoricamente a onisciência divina, as conclusões promanantes da análise aprofundada dos fenômenos_anímicos se conservariam sempre invulneráveis, pela boa razão de que, quanto mais se divinize a personalidade_integral_subconsciente, tanto mais se reforçará a tese aqui propugnada, segundo a qual o Animismo prova o Espiritismo.
____De todo modo, porém, como se conferir a onisciência divina à subconsciência_humana constitui uma pretensão fantástica e filosoficamente absurda, importa demonstrar, baseado nos fatos, que os opositores caem em erro quando afirmam que não se podem estabelecer limites à potencialidade investigadora das faculdades supranormais e, portanto, que é teoricamente legítimo atribuir-se cada vez maior latitude a essas faculdades, à medida que ocorram casos de elucidação cada vez mais complexa. Argumento é este supremamente cômodo, por meio do qual os opositores engendram outro, o de que, como quer que seja, a simples existência de semelhante possibilidade teórica basta, por si só, para neutralizar a interpretação espiritualista dos fenômenos_mediúnicos. Repito que, ao contrário, assim argumentando, incidem eles em grave erro, pois tudo concorre a demonstrar que possível já é circunscrever, dentro de limites definidos, a potencialidade das faculdades supranormais.
____Esta possibilidade se deduz, antes de tudo, de uma grande lei cósmica, que governa o universo físico e o psíquico, a lei de afinidade que,...

  • no Universo, se manifesta pelas forças de atração e repulsão, das quais derivam a organização dos sóis e dos mundos e todas as combinações químicas da matéria_cósmica, ao passo que,
  • em ambiente psíquico, se expressa sob a forma da relação psíquica que, do ponto de vista que nos diz respeito, circunscreve em limites relativamente estreitos os poderes investigadores das faculdades supranormais, o que se pode demonstrar com apoio nas provas por analogia, coligíveis das modalidades sob as quais se apresentam algumas variedades de vibrações físicas.

____Haja visto, por exemplo, as modalidades sob as quais se exerce a energia cósmica na telegrafia sem fio e no rádio. Esta última aplicação da Ciência demonstra, de modo exato, que existimos imersos num turbilhão inextricável de vibrações de toda espécie, as quais, à nossa revelia, atravessam fulminantemente o ambiente em que vivemos e os nossos próprios organismos. Pois bem: que é o que se observa na aplicação do rádio? Isto, principalmente: que, se se quiser colher alguma das infinitas séries de vibrações que de todas as partes nos assaltam, temos que estar em harmonia com a lei de afinidade universal, segundo a qual se vem a saber que todo semelhante atrai o seu semelhante e repele o seu dessemelhante. Ora, no nosso caso, em que se trataria de um universo de vibrações, a aplicação da lei de afinidade consiste em regular o mecanismo do rádio com o comprimento de onda que se pretenda captar. Fazendo assim, chegamos a apanhar a precisa graduação de onda correspondente à desejada manifestação auditiva e nada mais.
____Estes os fatos. Agora, aplicando-se à correspondente seção das “vibrações psíquicas” aqui consideradas os ensinos extraídos de tão eloqüente analogia, dever-se-á inferir que, se é certo que as subconsciências humanas recebem e registram as vibrações psíquicas de pessoas distantes, esse recebimento deverá considerar-se circunscrito às pessoas vinculadas, ou afetivamente, ou de outras maneiras, à subconsciência receptora. Equivale isto a dizer que esta última – como se dá com o rádio – precisa estar regulada pelo “comprimento de onda” correspondente à tonalidade vibratória que diferencia de outra qualquer a pessoa ausente que se procura. Isto que, em termos metapsíquicos, se denomina relação psíquica, ensina que os médiuns só chegam a colher informações das subconsciências de pessoas distantes sob a condição de que ocorram as seguintes modalidades experimentais:

  • quando o sensitivo ou o médium conhece a pessoa ausente, ou, se tal não se dá,
  • quando o experimentador a conheça e, ainda, em falta desta circunstância,
  • quando seja entregue ao sensitivo ou ao médium um objeto que a pessoa buscada tenha usado por muito tempo (psicometria).

____Tudo isto significa que a subconsciência humana, singularmente considerada, não poderá nunca apanhar os pensamentos de pessoas desconhecidas (nos três sentidos indicados) das próprias personalidades conscientes, porque, não as conhecendo, ignoram a tonalidade vibratória que as caracteriza e não podem, portanto, descobri-las. Tenha-se, pois, em mente que, na falta das três modalidades experimentais acima enumeradas, ...

  • não é possível que um sensitivo ou um médium consiga pôr-se em relação com a subconsciência de pessoas distantes, como
  • não é possível que o rádio entre em relação com uma estação receptora que não esteja regulada pelo mesmo comprimento_de_onda.

____Ora, todas estas coisas significam que os casos de identificação pessoal de defuntos desconhecidos de todos os presentes, quando se dão sem o concurso de objetos_psicometrizáveis, levam racionalmente a admitir-se a presença, “na outra extremidade do fio”, do defunto que se comunica. Torna-se, então, evidente, que a lei_de_relação_psíquica serve para circunscrever, em limites bem definidos, as faculdades supranormais investigadoras da subconsciência humana.
____Chegamos assim a uma conclusão teórica, rigorosamente fundada nos fatos, e tão importante que confere a invulnerabilidade a esta. Com efeito, se fenômenos_de_comunicações_telepáticas não podem produzir-se à distância, sem prévio estabelecimento da relação psíquica e se esta só se pode obter dentro das três modalidades experimentais indicadas, feita está, desde já, a prova científica da sobrevivência, tendo por base a categoria dos casos de identificação pessoal de defuntos conhecidos de todos e que se manifestam de modo independente de qualquer forma de relação psíquica terrena.
____A tal propósito é, ainda uma vez, de assinalar-se que as conclusões de que se trata permanecem invulneráveis, mesmo quando fosse exato que a telepatia confina amiúde com a “ telemnesia onisciente”, segundo a qual as faculdades perquiridoras dos médiuns teriam o poder de insinuar-se nas subconsciências de pessoas distantes, a fim de aí selecionar os informes de que necessitam para mistificar o próximo, informes esses – note-se bem – que...

  • quase nunca dizem respeito à pessoa selecionada , mas
  • a terceiras pessoas que ela conheceu em épocas freqüentemente muito remotas, o que torna sobremaneira fantástica e insustentável semelhante hipótese.

____Pois bem: mal grado a essa absurda extensão conferida pelos opositores a uma faculdade que existe, é certo, mas em limites muitíssimo mais restritos e que se manifesta sob modalidades perceptivas diversas das que eles supõem, modalidades que tiram todo valor à objeção em apreço; mal grado a isso, ela não infirmaria as conclusões a que chegamos, visto que o médium não poderia alcançar o seu objetivo, toda vez que se não verificassem as_três_modalidades experimentais exigidas para estabelecer-se a relação psíquica com uma pessoa ausente ou distante.
____Daí decorre que estaríamos habilitados desde já a proclamar a grande nova de que a demonstração científica da sobrevivência_humana se acha conseguida pela Ciência. E, naturalmente, se assim é, pelo que respeita à especial categoria dos casos de identificação pessoal de defuntos que todos desconhecem, dever-se-á deduzir que não mais vem a pêlo acumular sofismas para negar valor probante aos casos de defuntos que ministram informações pessoais que todos os presentes ignoram, mas sabidas de pessoas ausentes que um dos experimentadores conhece.
____Ao demais, a última modalidade de manifestação atribuída à “telemnesia” não existe e é fácil demonstrá-lo, mediante a análise comparada dos casos dessa natureza. Entretanto, para tal efeito, ser-nos-ia preciso desenvolver convenientemente o tema relativo aos poderes da telemnesia, evidenciando que ela, em realidade, se exterioriza sob modalidades bem diversas das imaginadas e que a tornam praticamente inaplicável ao nosso caso. Mas, para fazê-lo, não poderei deixar de citar e comentar uma série apropriada de casos desse gênero, o que seria fora de propósito num trabalho de síntese, qual o presente. Advirto, no entanto, que já fiz tal demonstração numa extensa monografia intitulada: Telepatia, Telemnesia e a lei da relação psíquica . Aqui, deverei limitar-me a mencionar as conclusões a que cheguei nesse meu laborioso esforço de análise comparada, da qual resulta que a hipótese da “ telemnesia” só se patenteia suficientemente provada nos limites de um recebimento de informações “estritamente pessoais” com relação a um indivíduo ausente, que se ache em relação psíquica com o médium. E isto ocorre – note-se bem – unicamente quando se trate de informações ou dados que se conservem ainda vivazes no liminar da consciência do médium, pois que, de fato, não existem provas a favor do recebimento de informações referentes a terceiras pessoas que aquele indivíduo conheça. É também de notar-se que, querendo igualmente propugnar a existência desta última forma de telemnesia, se teria de admitir que as faculdades perquirentes da subconsciência possuem a potencialidade prodigiosa de “selecionar” os mais insignificantes dados_mnemônicos referentes a terceiras pessoas, colhendo-os infalivelmente no meio do emaranhado inextricável de análogos registros mnemônicos latentes nos recessos da subconsciência do indivíduo “selecionado”.
____Fica, pois, evidente que, antes de conferir às faculdades subconscientes uma virtude selecionadora tão portentosa, seriam necessárias boas provas de fato nesse sentido, provas essas que, entretanto, não existem, como não existem incidentes experimentais afins, que sugiram vagamente semelhante possibilidade. Em contraposição, conhecem-se, repito, boas provas a favor de uma “ telemnesia” unicamente receptora de dados estritamente pessoais , acerca do indivíduo ausente que entra em relação subconsciente com o médium, mas isso mesmo sob a condição de que os referidos dados ainda existam vivazes no limiar da sua consciência. Postas as coisas nestes termos, segue-se que as deduções teóricas que se formulem com fundamento em tal modalidade de telemnesia terão alcance teórico muito diverso do que presumem os opositores, visto que, em semelhantes contingências, a telemnesia não se exercitaria ativamente, selecionando, mas passivamente, recebendo impressões, o que restringe em limites muito apertados a potencialidade da mesma telemnesia. Este último reparo assume grandíssima importância teórica, conforme adiante demonstraremos.
____Neste ponto, sinto-me no dever de informar que com a célebre médium Sra. Osborne Leonard se verificam às vezes aparentes “exceções” à regra implícita na assertiva de que, nos casos de telemnesia, a análise comparada demonstra que os dados pessoais que o médium obtém...

  • nunca dizem respeito a terceiras pessoas conhecidas do indivíduo ausente que é “selecionado”,
  • mas apenas informes estritamente pessoais , concernentes ao referido indivíduo.

____Ora, ao contrário, nos casos de identificação espirítica conseguidas com aquela médium, verifica-se que os defuntos que se comunicam ministram, por vezes, pormenores concernentes a terceiras pessoas conhecidas do mencionado indivíduo ausente, pormenores que não podem ser tomados à consciência do experimentador, pela razão de que este os não conhecia. É verdade que, na hipótese da presença espiritual do defunto que se comunica no lugar da experiência, não haveria a perplexidade teórica que apreciamos, uma vez que os pormenores de que se trata concernem sempre aos familiares e aos amigos do defunto; mas, do ponto de vista da discussão em curso, cumpre não se leve em conta essa lógica interpretação dos fatos. Cinjo-me, portanto, a reproduzir os instrutivos diálogos que travaram o Rev. Drayton Thomas e a personalidade_mediúnica de seu pai e de sua irmã Etta, por ocasião de alguns incidentes do gênero. Observa este último o que se segue, a propósito de uma bolsa recamada com que uma pessoa amiga pensara presentear a mãe, viva, do Rev. Thomas, pensamento que a entidade espiritual do pai defunto interceptara e confiara ao filho:

    • “Suponhamos que o pensamento em questão haja chegado à tua mãe. Ele foi interceptado pela sua “ aura”, conforme nosso pai te explicou. Ora, se eu me achasse com tua mãe, teria podido colhê-lo na sua “aura” e talvez houvesse podido apanhar-vos um pensamento dessa natureza, mesmo que vos houvesse ocorrido no dia precedente, dado que há indivíduos cuja “aura” guarda os pensamentos durante certo tempo, ao passo que outros não os conservam. Daí vem que conseguimos colher informações, do gênero das de que se trata, de uma pessoa e não o conseguimos de outra.” (página 100-101).

    ____Assim falou Etta e o pai do Rev. Thomas afirma a mesma coisa, referindo-se à “aura” daquele que faz de experimentador. Informa ele:

      • “Quando me acho contigo, apanho, muito freqüentemente, os pensamentos que pessoas afastadas te dirigem no momento. Os pensamentos que te são dirigidos permanecem presos à tua “aura” e eu consigo distingui-los e interpretá-los.” (página 96).

      ____Pouco mais adiante, acrescenta:

      • “Sim, a tua “aura” é sensibilíssima aos pensamentos que te são dirigidos. Servindo-me de uma comparação fotográfica, direi que a tua “aura” se assemelha a uma chapa sensível, que recebe impressões e pensamentos. Pode dar-se não te apercebas da existência dessas impressões e desses pensamentos, porque não tens meio de “revelar a chapa”, ao passo que eu me acho em condições de revelá-la.” (página 98).

      ____Comenta assim o Rev. Drayton Thomas:

      • “Normalmente, não temos consciência de sermos atingidos pelos pensamentos que nos dirigem pessoas distantes. Entretanto, a telepatia experimental há mostrado que tais pensamentos podem efetivamente alcançar-nos. A comparação com a telegrafia sem fio e com o rádio parece muito sugestiva a esse propósito, porque demonstra que tais aparelhos, postos a funcionar, determinam uma ação formidável no meio etéreo, ação da qual nos conservamos inconscientes, enquanto não temos à nossa disposição um instrumento receptor, que intercepte e interprete para nós as vibrações etéreas que passam. Analogamente, ao que parece, meu pai é capaz de interpretar um pensamento que vibre ativamente próximo de mim.” (Life Beyond Death, págs. 95-96).

      ____Em face do exposto, faz-se notório que os episódios de tal natureza são radicalmente diversos dos aqui considerados e, portanto, não constituem, verdadeiramente, “exceções” à regra formulada antes, visto que, no caso do Rev. Drayton Thomas, não se tratava de informes mnemônicos concernentes a terceiras pessoas conhecidas do indivíduo ausente e apanhados ativamente na sua subconsciência, mas de pensamentos que terceiras pessoas lhe dirigiram e percebidos passivamente pelo médium, por permanecerem durante algum tempo presos à “aura” das pessoas a quem eram dirigidos. Noutros termos: achamo-nos em presença de um fenômeno ordinário de transmissão telepática do pensamento, com a diferença de que o impulso telepático, por fraco, não surgiria na consciência normal do paciente, enquanto que por intermédio de um Espírito comunicante o dito pensamento seria perceptível na “aura” do indivíduo que o recebera.
      ____Ora, se bem tudo isto se revele muito interessante e instrutivo sob outros aspectos teóricos, nada tem de comum com a questão aqui considerada, em que se trata de invasões selecionadoras nas subconsciências de terceiros e não de percepções passivas na “aura” de outrem.
      ____Eliminada esta primeira dúvida teórica, restam por esclarecer uma segunda, consistente no fato de haver episódios que aparentemente contradizem uma das proposições maiores, contidas na tese propugnada, proposição segundo a qual, também no caso de informes estritamente pessoais e referentes ao indivíduo com quem os sensitivos ou os médiuns se acham em relação, se notaria que os informes percebidos dizem respeito sempre ao pensamento atual do mesmo indivíduo, ou a vibrantes recordações ainda vivazes no limiar da sua consciência. Quer dizer que uma relativa vivacidade latente nas lembranças é condição indispensável para que elas sejam percebidas pelos sensitivos e pelos médiuns, de acordo com o asserto de que as suas faculdades supranormais...

      • não agem ativamente , selecionando acontecimentos nas subconsciências de outros,
      • mas passivamente recolhendo e interpretando as vibrações do pensamento.

      ____Pois bem: conquanto fundado se mostre este último asserto, não deixam de haver episódios que aparentemente o contradizem e que consistem em serem colhidos acontecimentos mais ou menos antigos do passado de outrem. Eis aqui um exemplo desse gênero, que tomo ao vol. XI, página 124 dos Proceedings of the S. P. R. .
      ____Miss Goodrich Freer, a conhecida sensitiva a quem se deve magistral estudo sobre as suas próprias experiências de “visão pelo cristal”, refere numerosos casos de “leitura do pensamento”, entre os quais o seguinte:

        • “Decidira-me a visitar, pela primeira vez, uma amiga que se casara, havia pouco. Não lhe conhecia o marido, mas, pelo que ouvira a seu respeito, esperava encontrar nele um perfeito gentil-homem, de caráter nobre e elevada posição social. Quando me foi apresentado, notei que se esforçava por ser agradável e finamente hospitaleiro para com os que iam à sua casa. Contudo, passado o primeiro momento que tive para observá-lo com certa atenção, fui turbada por uma alucinação de forma curiosa, que me pôs perplexa com relação a ele. Qualquer que fosse a situação em que se encontrasse – à mesa, como no salão ou ao piano – desaparecia dos meus olhos o fundo que o circundava, substituído por uma visão em que ele se me apresentava menino, a me olhar com uma expressão do mais abjeto terror, cabeça baixa, ombros alçados e os braços estendidos, como para defender-se de uma tempestade de socos prestes a desabar-lhe em cima.

      ____Fui levada, naturalmente, a proceder a investigações acerca do caso e cheguei a saber que a cena com que eu me defrontava lhe sucedera na meninice, numa escola cívica, em conseqüência de um ato vil de fraude, pela qual fora ele ignominiosamente expulso e tivera de sofrer uma severa sanção de pugilato, por parte dos seus camaradas.
      ____Como explicar semelhante forma de visualização verídica? Penso que era simbólica e que figurava uma espécie de advertência com relação à atmosfera moral que circunvolvia o homem que eu tinha diante de mim – uma amostra das suas qualidades de gentil-homem. E essa minha impressão veio a justificar-se pelo fato de que as desconfianças que se geraram em mim por efeito daquela visão foram amplamente confirmadas pelos sucessos desastrosos que se seguiram. Tais visualizações me parecem análogas às que se produzem por meio da psicometria e não são visões telepáticas, mas “impressões psíquicas”. Afigura-se-me absurdo que a cena por mim visualizada, ocorrida dez anos antes, estivesse, naquela ocasião, presente à mentalidade do protagonista.”
      ____Este o interessante episódio narrado por Miss Goodrich Freer, que com toda a razão exclui a possibilidade de que a sua visão se originasse do pensamento consciente do protagonista, por se haver este, no momento, lembrado do fato vergonhoso que lhe sucedera na meninice. Eliminada essa hipótese, eis-nos em face de um exemplo, acorde com tudo quanto temos feito observar, em que uma sensitiva percebe, nas subconsciências de outros, informes pessoais de data muito antiga. Para as conclusões teóricas a serem formuladas, ainda uma vez importa evidenciar, em primeiro lugar, que, no episódio em questão, o incidente ocorrido concernia à existência pessoal do protagonista e não a sucessos referentes a um terceiro que ele desconhecesse. Em segundo lugar e do ponto de vista em que nos colocamos, cumpre notar que o incidente visualizado, embora afastado no tempo, era de natureza a imprimir-se indelevelmente no ânimo daquele que o sofrera, de modo a ficar vibrando permanentemente – por assim dizer – no limiar da consciência de quem fora nele protagonista e tornando-se dessa maneira perceptível, sob a forma objetivada de uma visão, pela sensitiva à qual nos referimos. Penso haver, assim, dissipado a contradição que parecia existir entre os casos do gênero desse de que falamos e a assertiva de que as faculdades supranormais dos médiuns recolhem passivamente o pensamento de outrem , caso em que se faz evidente que apenas devem eles perceber os pensamentos atuais, ou os pensamentos que ainda vibram vivazes no limiar da consciência do indivíduo com que os aludidos médiuns se acham em relação. Daí decorre que os casos da natureza desse que acabamos de apreciar provam somente que se dão na vida dos indivíduos acontecimentos mais ou menos dramáticos que, pelas tempestades emocionais que suscitam no ânimo de quem neles foi protagonista, conservam uma gradação vibratória que os mantém permanentemente vivazes no limiar da consciência do mesmo protagonista.
      ____Enfim, de outro ponto de vista, importa notar a diferença radical que há entre a natureza importante da informação em apreço, reveladora de um caráter, e as informações, literalmente insignificantes em si mesmas, mas indispensáveis à identificação pessoal, que os defuntos que se comunicam fornecem, quando solicitados; e importa notar também que a natureza insignificante destas últimas ainda mais absurdo torna o presumir-se que os médiuns chegam a descobri-las, selecioná-las, extraí-las das subconsciências de indivíduos que não cogitaram de fazer tal experiência.
      ____Eliminada também esta segunda dúvida teórica, volto ao assunto, começando por assinalar de novo a circunstância de fato que, mais do que qualquer outra, se deve ter presente: a de que a análise comparada dos casos de telemnesia demonstra que os dados pessoais que os médiuns colhem jamais dizem respeito a terceiras pessoas conhecidas do indivíduo que lhes sofre, à distância, o influxo. Insisto nesta circunstância porque, para chegar-se a explicar, por meio da telemnesia, certos casos importantes de identificação espirítica, fora preciso presumir-se constantemente o fenômeno da seleção, nas subconsciências de outrem, de indicações referentes a terceiras pessoas que o indivíduo ausente haja conhecido no passado. Este último ponto assume altíssimo valor teórico, não só porque encerra a hipótese em exame nos modestos limites que lhe competem, como porque leva a concluir-se que, se a telemnesia existe, ela se exterioriza sob modalidades perceptivas diversas das imaginadas, modalidades que lhe tiram todo o valor de objeção neutralizante da interpretação espiritualista dos fatos. Assim é porque, excluída a possibilidade de ela se manifestar em sentido ativo, selecionando , a telemnesia...

      • se apresenta redutível a um fenômeno de percepção passiva do pensamento atual , à distância,
      • Ou do pensamento que ainda vibra no limiar da consciência da pessoa que se ache em relação psíquica com o médium, caso em que ela se identifica com os fenômenos da “clarividência telepática”, o que equivale a admitir-se que a sua capacidade elucidativa, nas manifestações mediúnicas dos defuntos, se conteria em limites tão modestos, que se tornaria inaplicável aos casos importantes de identificação espirítica.

      ____Fica entendido, portanto, que os poderes das faculdades supranormais subconscientes já se podem circunscrever dentro de limites definidos, com o que cai das mãos dos opositores o único engenho ofensivo que lhes restava, engenho exuberantemente posto em ação, toda vez que lhes surgem dúvidas teóricas intransponíveis com o auxílio de hipóteses naturalísticas, tudo de perfeita boa fé.
      ____Nessa conformidade, também mais uma vez acentuo que, com o que deixo expendido, chego a uma terceira importantíssima conclusão teórica, em favor da existência_e_sobrevivência_do_espírito_humano, conclusão a que seguirão outras análogas, igualmente incontestáveis, e que se mostrarão ao mesmo tempo resolutivas.

      [111 - Capítulo II - Os poderes supranormais da subconsciência podem circunscrever-se dentro de limites definidos]
      Ernesto Bozzano

Ver também:
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