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respeito dos vestuários e pertences dos Espíritos, nas aparições, foi
o Espírito São Luís quem nos deu essa
solução, mediante as respostas seguintes:
- Citamos
um caso de aparição do Espírito de uma pessoa viva. Esse_Espírito_tinha_uma_caixa_de_rapé, do qual tomava pitadas. Experimentava ele a
sensação que experimenta um indivíduo que faz o mesmo?
R -"Não."
- Aquela
caixa de rapé tinha a forma da de que ele se servia habitualmente e
que se achava guardada em sua casa. Que era a dita caixa nas mãos da
aparição?
R -"Uma aparência. Era para que a circunstância fosse
notada, como realmente foi, e não tomassem a aparição por uma
alucinação devida ao estado de saúde da vidente. O Espírito queria
que a senhora em questão acreditasse na realidade da sua presença e,
para isso, tomou todas as aparências da
realidade."
- Dizes
que era uma aparência; mas, uma aparência nada tem de real, é como
uma ilusão de ótica. Desejáramos saber se aquela caixa de rapé era
apenas uma imagem sem realidade, ou se nela havia alguma coisa de
material?
R -"Certamente. E com o auxílio deste princípio
material que o perispírito toma a aparência de vestuários
semelhantes aos que o Espírito usava quando vivo."
- NOTA. É evidente que a palavra aparência deve ser aqui
tomada no sentido de aspecto, imitação. A caixa de rapé
real não estava lá; a que o Espírito deixava ver era
apenas a representação daquela: era, pois, com relação
ao original, uma simples aparência, embora formada de um
princípio material, a experiência ensina que nem sempre se
deve dar significação literal a certas expressões de que
usam os Espíritos. Interpretando-as de acordo com as nossas
ideias, expomo-nos a grandes equívocos. Daí a necessidade
de aprofundar-se o sentido de suas palavras, todas as vezes
que apresentem a menor ambigüidade. É esta uma
recomendação que os próprios Espíritos constantemente
fazem. Sem a explicação que provocamos, o termo aparência, que de contínuo se reproduz nos casos
análogos, poderia prestar-se a uma interpretação falsa.
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- Dar-se-á
que a matéria inerte se desdobre? Ou que haja no mundo invisível
uma matéria essencial, capaz de tomar a forma dos objetos que vemos?
Terão estes um duplo etéreo no mundo invisível como
os homens são nele representados pelos Espíritos?
R -"Não é assim que as coisas se passam. Sobre os elementos_materiais disseminados por todos os pontos do espaço, na
vossa atmosfera, têm os Espíritos um poder que estais longe de
suspeitar. Podem, pois, eles concentrar à sua vontade esses elementos
e dar-lhes a forma aparente que corresponda à dos objetos
materiais."
- NOTA. Esta pergunta, como se pode ver, era a tradução do
nosso pensamento, isto é, da ideia que formávamos da
natureza de tais objetos. Se as respostas, conforme alguns o
pretendem, fossem o reflexo do
pensamento, houvéramos
obtido a confirmação da nossa teoria e não uma teoria
contrária.
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- Formulo
novamente a questão, de modo categórico, a fim de evitar todo e
qualquer equívoco: São alguma coisa as vestes de que os Espíritos
se cobrem?
R -"Parece-me que a minha resposta precedente resolve a
questão. Não sabes que o próprio perispírito é alguma coisa?"
- Resulta,
desta explicação, que os Espíritos fazem passar a matéria etérea
pelas transformações que queiram e que, portanto, com relação à
caixa de rapé, o Espírito não a encontrou completamente feita,
fê-la ele próprio, no momento em que teve necessidade dela, por ato
de sua vontade. E, do mesmo modo que a fez, pôde desfazê-la. Outro
tanto naturalmente se dá com todos os demais objetos, como
vestuários, jóias, etc. Será assim?
R -"Mas, evidentemente."
- A
caixa de rapé se tornou tão visível para a senhora de que se trata,
que lhe produziu a ilusão de uma tabaqueira material. Teria o
Espírito podido torná-la tangível para a mesma senhora?
R -"Teria."
- Tê-la-ia
a senhora podido tomar nas mãos, crente de estar segurando uma caixa
de rapé verdadeira?
R -"Sim."
- Se
a abrisse, teria achado nela rapé? E, se aspirasse esse rapé, ele a
faria espirrar?
R -"Sem dúvida."
- Pode
então o Espírito dar a um objeto, não só a forma, mas também
propriedades especiais?
R -"Se o quiser. Baseado neste princípio foi que
respondi afirmativamente às perguntas anteriores. Tereis provas da
poderosa ação que os Espíritos exercem sobre a matéria, ação que
estais longe de suspeitar, como eu disse há pouco.
- Suponhamos,
então, que quisesse fazer uma substância venenosa. Se uma pessoa a
ingerisse, ficaria envenenada?
R -"Teria podido, mas não faria, por não lhe ser isso
permitido."
- Poderá
fazer uma substância salutar e própria para curar uma enfermidade?
E já se terá apresentado algum caso destes?
R -"Já, muitas vezes."
- Então,
poderia também fazer uma substância alimentar? Suponhamos que tenha
feito uma fruta, uma iguaria qualquer: se alguém pudesse comer a
fruta ou a iguaria, ficaria saciado?
R -"Ficaria, sim; mas, não procures tanto para achar o
que é tão fácil de compreender. Um raio de sol basta para tornar
perceptíveis aos vossos órgãos grosseiros essas partículas
materiais que enchem o espaço onde viveis. Não sabes que o ar
contém vapores dágua? Condensa-os e os farás voltar ao estado
normal. Priva-as de calor e eis que essas moléculas impalpáveis e
invisíveis se tornarão um corpo sólido e bem sólido, e, assim,
muitas outras substâncias de que os químicos tirarão maravilhas
ainda mais espantosas. Simplesmente, o Espírito dispõe de
instrumentos mais perfeitos do que os vossos: a vontade e a permissão
de Deus."
- NOTA. A questão da saciedade é aqui muito importante.
Como pode produzir a saciedade uma substância cuja
existência e propriedades são meramente temporárias e, de
certo modo, convencionais? O que se dá é que essa
substância, pelo seu contacto com o estômago, produz a
sensação da saciedade, mas não a saciedade que resulta da
plenitude. Desde que uma substância dessa natureza pode
atuar sobre a economia e modificar um estado mórbido,
também pode, perfeitamente. atuar sobre o estômago e
produzir a' a impressão da saciedade. Esses casos são raros,
excepcionais e nunca dependem da vontade.
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- Têm
todos os Espíritos, no mesmo grau, o poder de produzir objetos
tangíveis?
R -"É fora de dúvida que quanto_mais_elevado_é_o_Espírito, tanto mais facilmente o consegue. Porém, ainda aqui, tudo
depende das circunstâncias. Desse poder também podem dispor os
Espíritos inferiores."
- O
Espírito tem sempre o conhecimento exato do modo por que compõe suas
vestes, ou os objetos cuja aparência ele faz visível?
R -"Não; muitas vezes concorre para a formação de
todas essas coisas, praticando um ato instintivo, que ele próprio
não compreende, se já não estiver bastante esclarecido para
isso."
- Uma
vez que o Espírito pode extrair do elemento_universal os materiais
que lhe são necessários à produção de todas essas coisas e
dar-lhes uma realidade temporária, com as propriedades que lhes são
peculiares, também poderá tirar dali o que for preciso para
escrever, possibilidade que nos daria a explicação do fenômeno da escrita direta?
R -"Até que, afinal, chegaste ao ponto."
- NOTA. Era, com efeito, aí que queríamos chegar com todas
as nossas questões preliminares. A resposta prova que o
Espírito lera o nosso pensamento.
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- Pois
que a matéria de que se serve o Espírito carece de persistência,
como é que não desaparecem os traços da escrita direta?
R -"Não faças jogo de palavras. Primeiramente, não
empreguei o termo - nunca. Tratava-se de um objeto material volumoso,
ao passo que aqui se trata de sinais que, por ser útil conservá-los,
são conservados. O que quis dizer foi que os objetos assim compostos
pelos Espíritos não poderiam tornar-se objetos de uso comum por não
haver neles, realmente, agregação de matéria, como nos vossos
corpos sólidos."
- Os
objetos que, pela vontade do Espírito, se tornam tangíveis, poderiam
permanecer com esse caráter e tornarem-se de uso?
R -"Isso poderia dar-se, mas não se faz. Está fora das
leis."
[17b - página 166 item 128] |