____Por
nós evocado e interrogado, Santo Afonso respondeu do seguinte modo:
- Poderias
explicar-nos esse fenômeno?
R - "Perfeitamente. Quando o homem, por suas virtudes,
chegou a desmaterializar-se completamente; quando conseguiu elevar sua alma
para Deus, pode aparecer em dois lugares ao mesmo tempo. Eis como: o
Espírito encarnado, ao sentir que lhe vem o sono,
pode pedir a Deus lhe seja permitido transportar-se a um lugar qualquer. Seu
Espírito, ou sua alma, como quiseres, abandona então o corpo, acompanhado
de uma parte do seu perispírito,
e deixa a matéria imunda num estado próximo do da morte. Digo próximo do
da morte, porque no corpo ficou um laço que liga o perispírito e a alma à matéria, laço este que não pode
ser definido. O corpo aparece, então, no lugar desejado. Creio ser isto
o que queres saber."
- Isso
não nos dá a explicação da visibilidade e da tangibilidade do
perispírito.
R - "Achando-se desprendido da matéria, conformemente ao
grau de sua elevação, pode o Espírito tornar-se tangível à
matéria."
- Será
indispensável o sono do corpo, para que o Espírito apareça noutros
lugares?
R - " Aalma pode dividir-se, quando se sinta
atraída para lugar diferente daquele onde se acha seu corpo. Pode acontecer
que o corpo não se ache adormecido, se bem seja isto muito raro; mas, em
todo caso, não se encontrará num estado perfeitamente normal; será sempre
um estado mais ou menos extático."
- NOTA. Aalma não se divide, no sentido literal do
termo: irradia-se para diversos lados e pode assim manifestar-se
em muitos pontos, sem se haver fracionado. Dá-se o que se dá com
a luz, que pode refletir-se simultaneamente em muitos espelhos.
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- Que
sucederia se, estando o homem a dormir, enquanto seu Espírito se mostra
noutra parte, alguém de súbito o despertasse?
R - "Isso não se verificaria, porque, se alguém tivesse
a intenção de o despertar, o Espírito retornaria ao corpo, prevendo a
intenção, porquanto o Espírito lê os pensamentos."
- NOTA. Explicação inteiramente idêntica nos deram,
muitas vezes, Espíritos de pessoas mortas, ou vivas. Santo
Afonso explica o fato da dupla presença, mas não a
teoria da visibilidade e da tangibilidade.
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[17b - página 157 item 119]
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